Entre moda, música e artes plásticas, a 2ª Semana da Jornalismo Júnior começou a todo vapor. Com o tema “Grandes coberturas culturais”, o evento recebeu os convidados Lílian Pacce, Guilherme Guedes e Adriana Couto, apresentadores culturais dos canais GNT, Multishow e TV Cultura, respectivamente. Os jornalistas contaram suas experiências na televisão e suas visões sobre a profissão jornalística em um bate-papo descontraído mediado por Helder Ferreira, repórter da Revista Cult.
A noite começou com apresentações da Jornalismo Júnior, responsável pela organização da série de palestras. Diretores do Sala 33 explicaram como funciona o núcleo dentro da empresa: tratando desde culinária à literatura, a abordagem do grupo é bem abrangente e livre para direcionamentos críticos quando o assunto é cultura. Em seguida, a diretoria do núcleo de Eventos deram as boas vindas e apresentaram as minibiografias profissionais dos palestrantes.
Frente a frente com o auditório da Biblioteca Mindlin, todos os convidados se acomodaram e compartilharam um pouco de como foi o início de carreira. Depois de ter acompanhado eventos como Lollapalooza e prestes a cobrir o Rock in Rio 2015, não dá para imaginar que Guilherme, por exemplo, já cursou sociologia e publicidade até firmar-se no jornalismo. O assunto levantou a questão de como a profissão jornalística nem sempre é um sonho de criança — como muitos imaginam —, mas uma oportunidade que se abre entre muitas outras.
Helder indagou os palestrantes sobre algo que incita qualquer profissional da área: o que é necessário para uma boa cobertura? “Apuração de qualidade”, afirmou Adriana. Segundo ela, é pesquisando, estudando sobre o assunto, que boas ideias surgem na elaboração de pautas e captações. Relatando experiências profissionais em meio a ocasiões inesperadas de um programa ao vivo, Lilian Pacce foi de acordo, explicando o quanto “planejamento” é essencial. Ir além do comum, diferenciar a abordagem, perguntar a si próprio se pagaria para ler ou assistir àquilo que está cobrindo são importantes; afinal, é do espectador que a profissão vive.
Depois do mercado jornalístico vivenciar diferentes passaralhos (dispensa relativamente numerosa de empregados), a opinião dos convidados quanto à crise que atinge a área foi muito importante para elucidar quem está iniciando carreira. A Internet foi colocada como grande influenciadora, em um consenso geral, por ser um local onde todos podem fazer o papel de distribuir informação. Entretanto, é nessa ideia que ressalta a importância do jornalista: segundo Guilherme, é profissional da informação que filtra ao público o que é relevante, principalmente sobre artistas (como músicos, por exemplo).
Em seguida, o espaço foi aberto à perguntas. Entre as diversas mãos levantadas, algumas foram selecionadas para tirar dúvidas e trocar interessantes experiências com os palestrantes. Jornalistas graduandas da Cásper Líbero, da Metodista e uma ex funcionária do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) foram algumas das pessoas que contribuíram com a construção de um debate marcado pela pessoalidade.
Mudar algo que não lhe agrada na empresa em que trabalha, no início da carreira, foi assunto no auditório. Para Pacce, no jornalismo é importante procurar emprego em algo em que acredita; caso não haja empatia, talvez seja melhor mudar. Considera importante o senso crítico e aconselha dar as sugestões que possui para o chefe. Contudo, Guilherme ressalta: é possível aprender muito onde os afazeres não agradam. Em tom descontraído, a afirmação foi assentida por Adriana e Helder, que contaram suas experiências próprias no início da carreira.
Que a cultura é elitizada, é um fato. Aliada a isso, uma pergunta da plateia disparou se tal circunstância acaba afastando leitores de jornalismo cultural. Com a experiência no programa Metrópolis, único canal da TV aberta brasileira que aborda várias vertentes da cultura em si, Adriana afirmou que o problema, na verdade, é a educação. Segundo ela, o interesse pela cultura vem com uma educação de qualidade. Pacce ressaltou o fato de que, apesar da cultura ser cara, a leitura é de fácil acesso, portanto mais aproxima o leitor do que afasta.
Publicidade também foi um dos temas chaves entre as dúvidas. Há cada vez mais páginas de revistas que estão cobertas por anúncios e programas jornalísticos precisam do seu “break” com patrocinadores. “Como distanciar a publicidade do jornalismo?”, perguntou uma das espectadoras. Pacce respondeu que elaborar programas que atraiam publicidade é importante — como é o caso de reality shows e sessões de culinária. “Afinal, é negócio”, concluiu. Esse sistema explica o fato da TV não arriscar modelos novos, sempre utilizar do mesmo para fazer sucesso. “O jornalismo é regido por números”, explicou Guilherme. Embora acredite não ser o correto, o apresentador afirmou que por trás das notícias há “homens de negócios” que não estão dispostos a arriscar seu dinheiro por novos modelos.
Depois de duas horas de mútua troca de experiências, o evento encerrou com o sorteio do livro de Gabriel Garcia Marquez e diversas pausas dos palestrantes para conversar pessoalmente com interessados, entre selfies e abraços. O sucesso do primeiro dia 2ª Semana da Jornalismo Júnior alavancou a animação com o restante dos temas, marcados para ocorrer entre os dias 25 e 28 de agosto.
Por Leonardo Mastelini
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