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O desafio da cobertura política hoje, de acordo com Anna Virginia Balloussier

Por Maria Paula Andrade (mariaandrade111@hotmail.com)   Anna Virginia Balloussier é atualmente repórter da seção de Poder na Folha de S. Paulo, tendo em 2016 cobrido as eleições americanas como correspondente política em Nova York. Também na Folha, passou por Ilustrada, TV Folha e Revista sãopaulo. Além disso, trabalhou no Jornal do Brasil, na Rolling Stone …

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Por Maria Paula Andrade (mariaandrade111@hotmail.com)

 

Anna Virginia Balloussier é atualmente repórter da seção de Poder na Folha de S. Paulo, tendo em 2016 cobrido as eleições americanas como correspondente política em Nova York. Também na Folha, passou por Ilustrada, TV Folha e Revista sãopaulo. Além disso, trabalhou no Jornal do Brasil, na Rolling Stone e na revista Trip.

Diante do trabalho que é cobrir política nos dias atuais, Anna Virginia conta um pouco de sua experiência, cotidiano e dificuldades que enfrenta na profissão — uma prévia do que ela irá discutir no evento Jornalismo Para Quê?, no próximo sábado, 26. Confira abaixo.

 

J.Press: Como é o dia a dia de um jornalista que lida com cobertura política? É tão caótico quanto se imagina?

Anna Virginia Balloussier: Depende. Se você é setorista (e eu não sou), pode bater ponto em uma das Casas (Congresso, assembleias, câmaras municipais, ministérios etc), fazer um tour telefônico com suas fontes. Eu fico mais solta para pescar assuntos que me interessam (um dia a bancada evangélica, outro, como o distritão extinguiria a fidelidade partidária, aí posso viajar acompanhar a direita jovem e nordestina pró-Bolsonaro em Natal — e por aí vai). A intensidade varia. Há dias que começam calminhos. 17 de maio foi um deles. Sabemos como essa história termina.
Na sua opinião, qual é a maior dificuldade de um jornalista que trabalha nessa área?

O jornalista político pode ficar refém do que, no meio, apelidamos de Abradisse — Associação Brasileira de Jornalismo Declaratório. Ou seja, reproduzir falas de fontes que sempre têm um interesse por trás da declaração, sem investigações independentes e uma boa análise daquele momento político. Sobretudo para jornalistas menos experientes, é importante tomar cuidado para não ser “manipulado” por sua fonte, interessada em plantar histórias que nem sempre têm validade.

 

Uma vez que esse cenário contribua tanto para a propagação das chamadas “fake news”, como você lida com elas?

Cobri a eleição americana de 2016, como correspondente em NY, então fui espectadora de primeira fila da ascensão deste fenômeno. Ponto positivo: em parte, fortaleceu as instituições jornalísticas, um farol num oceano de notícias falsas. Um possível reflexo é o aumento de audiência da chamada mídia tradicional, vide os números de emissoras como a progressista MSNBC e a conservadora Fox News, fora a CNN, nos EUA. Por outro lado, a fake news virou a areia movediça do jornalismo: é fácil se atolar nela. Notícias falsas são muitas vezes mais compartilhadas do que suas eventuais correções por meios mais sérios. E o leitor, muitas vezes mais guiado pela emoção do que pela leitura racional, criou uma carcaça para o jornalismo que apura e investiga. Perdemos a credibilidade com parte do leitorado, desconfiado de nossas intenções.

 

O que prevalece nesse meio: a imparcialidade ou a opinião do jornalista ou do veículo para qual ele trabalha?

Todos temos nossa bagagem, seria tolo aplicar a teoria da tabula rasa no jornalista recém-chegado à redação. Não se trata de imparcialidade total, mas é importante dosar seu posicionamento pessoal sobre o assunto (por exemplo: tenho outra religião, mas escrevo muito sobre evangélicos sem a carga pejorativa de “crente bitolado” tão disseminada em círculos próximos a mim, do acadêmico ao LGBTQ). Quanto à opinião do veículo, para isso servem os editoriais. É lá que a Folha vai dizer, por exemplo, se defende ou não a reforma da Previdência, o aborto etc. Se o editorial se confunde com o conteúdo jornalístico, Houston, we’ve a problem.

 

 

 

 

 

 

 

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