Em 2023, a Copa São Paulo de Futebol Júnior, mais conhecida como Copinha, chegou a sua 53ª edição. Organizada pela Federação Paulista de Futebol (FPF), a competição é uma das mais importantes do calendário esportivo para as equipes sub-20 do futebol masculino, além de ser responsável por revelar, logo na base, os nomes dos craques que brilharão nos gramados nacionais e internacionais nos próximos anos. Neste ano a final da Copinha foi disputada entre o Palmeiras, campeão da edição de 2022, e o América Mineiro, semifinalista também no torneio anterior.
Inicialmente, o torneio é disputado por 128 equipes de todo o território brasileiro divididas em 32 grupos. Os dois melhores times de cada grupo avançam para a fase de mata-mata, até que restem os dois finalistas. A grande decisão é jogada historicamente no dia 25 de janeiro, data que marca o aniversário da cidade de São Paulo, em um estádio da capital paulista. Nas fases anteriores, os outros 254 jogos dividem-se entre o município paulistano e as sedes no interior do Estado: Tanabi, Bálsamo, São José do Rio Preto, Jaú, Catanduva, Barretos, Franca, Tupã, Penápolis, Cravinhos, Araraquara, Guaratinguetá, Taubaté, Suzano, Guarulhos, Marília, Assis, São Carlos, Leme, Porto Feliz, Alumínio, Santana de Parnaíba, Barueri, São Bernardo do Campo, Santo André, Diadema, Mauá e Osasco.
A final de 2023, realizada no Estádio Doutor Oswaldo Teixeira Duarte — o Estádio do Canindé, casa da Portuguesa —, teve início às 15h30 no horário de Brasília e foi disputada até os minutos finais dos acréscimos do segundo tempo. O Arquibancada esteve presente no Canindé e traz todos os detalhes da decisão em mais uma edição do Arqui nas Bancadas.
A trajetória do Palmeiras rumo ao bi
O grupo de atletas campeão da Copinha pelo Palmeiras em 2023 é definitivamente menos estrelado e badalado do que aquele que venceu o campeonato pela primeira vez, no ano passado. Em relação ao elenco campeão de 2022, o alviverde mudou praticamente todos os seus nomes de destaque, incluindo o onze inicial. Alguns, como o goleiro Matheus, o zagueiro Lucas Freitas, o volante e capitão Pedro Bicalho e o meia-atacante Gabriel Silva, foram emprestados ao futebol português (Portimonense, Moreirense, Santa Clara e Santa Clara, respectivamente). Outros, como os laterais Gustavo Garcia e Vanderlan, o zagueiro Kaiky Naves, o volante Fabinho, o meia-atacante Jhon Jhon (até então Jhonathan) e os atacantes Giovani e Endrick, foram promovidos à equipe principal – com um adendo: todos esses atletas teriam idade para disputar a atual edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior. A minutagem concedida a eles por Abel Ferreira varia, mas muitos já vêm se consolidando como peças importantes do time de cima.
Abel Ferreira sempre foi tido como um treinador muito bom no desenvolvimento de jovens, embora pregue a paciência. Na imagem, sete campeões da Copinha do ano passado: Giovani, John John, Fabinho, Vanderlan, Gustavo Garcia e Naves (em pé) e Endrick (agachado, à esquerda do português). Gabriel Menino (D) completa a lista das crias da academia no atual elenco profissional. [Foto: Reprodução/Twitter @Palmeiras]
Além dos nomes citados, o Palmeiras teve, em 2023, alguns remanescentes do ano anterior. São eles: o goleiro Natan; o lateral Ian; os zagueiros Michel e Talisca; os meias Pedro Lima e Luís Guilherme e os atacantes Kauan Santos, Daniel, Kevin e Vitinho. Desses, Michel, zagueiro titular da equipe, e Luís Guilherme, camisa 10, foram convocados pela seleção sub-20 para a disputa do Sul-Americano da categoria, não podendo disputar a competição nacional por completo. Além deles, o goleiro Kaique desfalcou o Palmeiras na Copinha em virtude da mesma convocação, com a diferença de não ter sido inscrito para essa edição, apesar de ter idade para tal. Demais jogadores da conquista anterior deixaram o clube, muitos dos quais com porcentagem parcial de seus direitos ainda pertencente ao Verdão.
2022 marcou o fim da piada feita pelos rivais que questionava o fato de o Palmeiras não ter conquistado a Copinha. [Foto: Reprodução/Twitter @Copinha]
Assim, o time comandado por Paulo Victor Gomes chegou para a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2023 com um elenco rejuvenescido, com média de idade próxima dos 18 anos, e sem a pressão pelo título inédito, como no ano passado. Isso não impediu, porém, que a campanha realizada pelo Verdão fosse ainda melhor do que em 2022.
Na fase de grupos, o Palmeiras caiu no Grupo 3, com sede em São José do Rio Preto, cidade localizada a 440 quilômetros da capital paulista. Nessa fase, o time derrotou a Juazeirense, por 2 a 0, o América de Rio Preto, por 3 a 1, e o Rio Preto, por 2 a 1. Mas foi a partir do mata-mata que o alviverde começou a massacrar seus adversários: na segunda fase, vitória por 6 a 0 diante do Sampaio Corrêa; na terceira, 4 a 0 no reencontro com a Juazeirense; nas oitavas de final, 4 a 0 contra o Mirassol e, nas quartas, goleada por 5 a 0 diante do Floresta. O confronto mais difícil até a final aconteceu na semifinal contra o Goiás: em partida disputada no Allianz Parque, casa do clube, o Palmeiras abriu o placar com um golaço de Kevin, sofreu o empate ainda na primeira etapa – gol de Andrey – e venceu com um gol contra marcado na segunda etapa.
Melhor em campo pelo Palmeiras em praticamente todos os jogos eliminatórios, Kevin chegou à final já favorito ao prêmio de craque da Copinha. [Foto: Reprodução/Instagram @Palmeiras]
Quando avançou de fase pela primeira vez, o Palmeiras tinha, do seu lado da chave, equipes tradicionais, como Flamengo (também reformulado em virtude das convocações para a seleção sub-20 e das partidas do Campeonato Carioca), Cruzeiro, Grêmio, Corinthians e Fluminense – todas ficaram pelo caminho. Bom para o Verdão, que chegou a sua quarta final de Copinha na história com 28 gols marcados, três sofridos e a confiança em alta, além de candidatos a craque da competição, como Pedro Lima, Kevin e Ruan Ribeiro. Nas três finais anteriores, derrota para o Corinthians por 4 a 2 em 1970, derrota nos pênaltis para o Santo André após empate por 2 a 2, em 2003, e vitória por 4 a 0 contra o Santos, no ano passado.
Grandes pulos do Coelhãozinho
Depois de ficar no quase na Copinha do ano passado por cair na semifinal contra o Santos, o América Mineiro mais uma vez enviou seus atletas sub-20 para os estádios paulistas na tentativa de alcançar o bicampeonato do torneio em 2023. Sob o novo comando de Mairon César — o antigo técnico, William Batista, que esteve dois anos à frente do time, deixou a função em novembro passado —, a equipe trouxe este ano muitos dos jogadores da edição anterior como Adyson, um dos destaques da competição.
Neste ano, a equipe mineira apresentou sua força já na fase de grupos. No grupo 18, que tinha como sede a cidade de Assis, no interior paulista, o Coelhãozinho tinha como adversários o Vocem — time do município-sede —; o Retrô, clube pernambucano; e a Ponte Preta. Com uma campanha perfeita de três jogos e três vitórias, o América Mineiro estreou na Copinha vencendo de virada a equipe de Pernambuco — um 3 a 1 que contou com a participação de Mateus Henrique, Renato Marques e Vinícius. Nas partidas seguintes, venceu a Ponte Preta por 1 a 0 e subjugou o Vocem em uma goleada: 5 a 1. Os mineiros foram classificados incontestavelmente em primeiro do grupo.
Na segunda fase, os meninos do América enfrentaram o CSP, time paraibano que foi o segundo colocado do grupo 17, atrás apenas do São Paulo — os Crias de Cotia. A partida foi de domínio da equipe belo-horizontina, que ganhou por 3 a 0 com gols de Adyson, Paulinho e Jurandir — que entrou no meio do segundo tempo para substituir o autor do primeiro gol. Na terceira fase, mais uma virada: dessa vez, contra o São Paulo, dono de uma das bases mais tradicionais do Brasil. O primeiro gol tricolor, feito por Belém, não assustou os adversários, que marcaram duas vezes com Renato Marques e uma vez com Matheus Henrique, deixando o resultado final em 3 a 1.
Nas oitavas, o América Mineiro venceu o Red Bull Bragantino por 1 a 0, com um pênalti cobrado por Adyson no fim da partida e, nas quartas, ganhou do Ituano por 3 a 0. Na semifinal, os mineiros enfrentaram os meninos da Vila — jogadores do Santos, favoritos a levar a competição — e dominaram a equipe rival, que teve uma atuação abaixo das apresentadas nas partidas anteriores, vencendo por 3 a 0 — todos os gols feitos por Luan Campos, ex-Palmeiras.
E foi com uma campanha de 100% de aproveitamento, com 22 gols marcados e apenas 3 sofridos, que o Coelhãozinho derrubou gigantes e chegou a sua segunda final da Copa São Paulo de Futebol Júnior na história, com a intenção de repetir o feito do torneio de 1996, do qual foi campeão em um jogo contra o também mineiro Cruzeiro — um 2 a 1 inesquecível para a equipe.
Pré-Jogo
Apesar de a animação para a partida decisiva estar alta, não só por alegrias passaram os torcedores de ambos os times no pré-jogo. Os ingressos para a grande final, que chegaram a custar até 120 reais, foram disponibilizados pela FPF em uma plataforma própria. No entanto, a instabilidade do site dificultou a aquisição de entradas. A escolha dos lugares desejados muitas vezes foi impedida por quedas no sistema. Além disso, a compra dos bilhetes inicialmente exigia comprovante de vacinação contra Covid-19, mas o certificado, quando enviado, ficava por minutos carregando — e, no fim, não era efetivamente adicionado ao site. Ainda que a Federação tenha indicado a obrigatoriedade de duas doses da vacina para adquirir os ingressos, era possível fazê-lo mesmo sem apresentar comprovação — a exigência também não foi conferida antes do jogo, no momento de entrada no estádio.
E mesmo o acesso às arquibancadas foi alvo de reclamações por parte dos espectadores. Filas confusas e longas, ocasionadas pela lentidão do sistema utilizado no Canindé para ler os QR Codes dos ingressos, fizeram com que alguns torcedores conseguissem entrar no estádio apenas depois da metade do primeiro tempo. O problema levou aos brados de “que vergonha, Federação!” e a muita irritação.
Primeiro tempo: equilíbrio total!
Enquanto os torcedores tentavam acessar as arquibancadas do Canindé para acompanhar a partida, o jogo ocorria a todo vapor, com as equipes alternando momentos de ataque. Logo aos 10’, Kevin lançou Vitinho nas costas da marcação. O camisa 19 bateu na saída de Cássio e a bola passou perto. Com 12’, Adyson encontrou Luan Campos. O artilheiro da semifinal desviou em direção ao gol, mas Aranha impediu que a “lei do ex” fosse aplicada e fez a defesa. No rebote, a marcação palmeirense falhou, e Theo foi bloqueado por duas vezes ao tentar acertar o gol. Aos 18’, saiu o primeiro gol da decisão. O autor não poderia ser diferente: Ruan Ribeiro! Após bom lançamento de Gustavo Mancha, Vitinho ganhou da defesa e rolou para o camisa 9 mandar para o gol pela nona vez na Copinha. 1 a 0 para o Palmeiras e o Canindé em chamas diante do calor paulistano. Torcedores compararam a jogada do gol àquela executada por Gustavo Gómez, Mayke e Raphael Veiga no primeiro gol do time na final da Libertadores de 2021, diante do Flamengo – a semelhança é inegável.
O América não desistiu e seguiu atacando, até que aos 28’, Adyson exigiu uma defesa espectacular de Aranha após finalização da entrada da área. A bola ainda tocou no travessão antes de ser afastada pela defesa palmeirense. No lance seguinte, Adyson fez boa jogada, partiu para cima da marcação de Léo e caiu dentro da área. Apesar dos protestos da torcida e dos jogadores do Palmeiras, o árbitro Fabiano Monteiro dos Santos deu o pênalti para o Coelho e o VAR comandado por Marcio Henrique de Gois não recomendou a revisão. Renato Marques foi para a batida e Aranha fez a defesa! Seria a terceira defesa de penalidade do goleiro palmeirense em cobranças realizadas na Copa São Paulo se não fosse por um detalhe: a cobrança ainda não havia sido autorizada. Isso fez com que Renato tivesse uma segunda oportunidade. E ele não desperdiçou! 1 a 1 aos 42’ do primeiro tempo e promessa de muitas emoções para o restante da partida.
Segundo tempo: emoção até o fim!
Embora a torcida palestrina tenha só aumentado o volume após sofrer o empate, o América seguiu melhor no início da segunda etapa, digno de orgulhar a torcida que ocupava um pequeno espaço em um mar palmeirense no Canindé – o estádio recebeu 17 552 torcedores para a final. O bom momento do Coelhãozinho surtiu efeito, e aos 50’ Mateus Henrique desviou de cabeça para fora. No lance seguinte, Adyson sofreu falta de Vitinho do lado direito do campo de ataque. O próprio camisa 11 bateu e, na sobra, Paulinho jogou para as redes. No entanto, Luan Campos estava em posição de impedimento e atrapalhou a movimentação do goleiro Aranha, o que fez com que o gol fosse imediatamente anulado pela arbitragem.
A sequência de ataques da equipe mineira fez com que Paulo Victor Gomes se movimentasse no banco paulista: já no intervalo, o volante amarelado Léo tinha saído para a entrada do também volante Patrick, e após uma sequência de falhas defensivas, foi a vez de Gustavo Mancha, que substituía o titular Ian – desfalque por lesão na coxa direita -, deixar o gramado. David Kauã, que costuma jogar no meio de campo, entrou em seu lugar. Apesar da mudança, o Coelho seguiu melhor pelos minutos seguintes e aos 54’ Aranha fez boa defesa após cabeçada de Jonathan, impedindo mais uma “lei do ex” – tanto Jonathan como o volante Breno tiveram passagem pelo Verdão. Naquele momento, eram apenas quatro finalizações do Palmeiras contra 12 do América, que ganhava todos os duelos e segundas bolas, forçando, inclusive, cartões amarelos para a equipe adversária. Aos 56’, Pedro Lima foi amarelado por impedir um ataque promissor.
Conforme o tempo passava e o sentimento de apreensão tomava conta da torcida palestrina, o Verdão foi melhorando na partida graças à participação de seu camisa 11, Kevin. Aos 63’, após dividida, Ruan Ribeiro ajeitou para o craque do Palmeiras na Copinha bater de fora da área e acertar a trave direita do goleiro Cássio. Logo depois, o pouco acionado Estêvão, de 15 anos, recebeu passe de Pedro Lima, fez boa jogada com Vitinho e bateu para a defesa de Cássio. Com 67’, Estêvão tabelou com Ruan Ribeiro e cruzou para Kevin finalizar para fora. Talvez pela primeira vez no jogo, as rédeas da partida estavam totalmente nas mãos do Palmeiras. Diante dessa evolução no jogo, Paulo Victor Gomes mexeu mais uma vez na equipe, tirando Estêvão e Ruan Ribeiro, que tinha sentido um incômodo na perna momentos antes, para as entradas de Gilberto e Thalys, dois jogadores do sub-17 altamente multifuncionais. Gilberto é lateral direito e, naquele momento, jogava como ponta direita, enquanto Edney, ponta de origem, jogava na lateral, talvez até melhor do que de ponta. Thalys pode jogar como meio-campista ou como atacante centralizado, como passou a ser na final.
Foi bonito ver o show das torcidas no Canindé [Fotos: Ricardo Thomé e Sarah Campos]
Gilberto foi quem melhor aproveitou sua entrada em campo, explorando o corredor esquerdo da defesa do América e criando várias oportunidades para o Verdão, desperdiçadas por seus atacantes. Aos 79’, Vitinho perdeu grande chance, enquanto aos 84’ foi a vez de Kevin aproveitar a sobra da jogada e bater para fora. Frente a essa sequência de ataques sofridos, Mairon mexeu pela primeira vez no time: o zagueiro Jonathan e o volante Breno foram substituídos, respectivamente, por Rafa Barcelos e Heitor. Paulo Victor respondeu tirando Kevin para a entrada de Daniel, que tem bons números na base, mas conviveu com problemas físicos e pouco conseguiu se destacar na Copa São Paulo. Em sua primeira participação, porém, quase fez o gol da vitória: com 87’, o camisa 27 recebeu, partiu para cima da defesa americana e bateu cruzado. A bola passou perto, mas foi embora.
Mairon César chamou Kanté – ele mesmo – para substituir o camisa 10 Theo, que foi comparado a Gustavo Scarpa por torcedores do Palmeiras devido à faixa que usava no cabelo. O jogador, que fez boa Copinha pelo América, deixa o clube depois desse jogo. Outro fato curioso é que Kanté se chama, na verdade, Guilherme Augusto Fernandes Da Hora, mas é comparado ao atleta francês devido à posição em que jogam e às suas características de jogo. Fabiano Monteiro dos Santos deu cinco minutos de acréscimos – o resultado do momento levava a decisão para os pênaltis, algo que não ocorria desde a decisão de 2020, quando Internacional e Grêmio empataram também por 1 a 1, com vitória colorada nas penalidades.
A torcida do Palmeiras, inflada nos últimos minutos de jogo, passou a gritar mais alto, até que Thalys conseguiu um escanteio aos 90’+1. David Kauã bateu mal, mas a defesa do América não conseguiu afastar bem, Thalys finalizou, a bola desviou na marcação e sobrou para o mineiro de Juiz de Fora, Patrick, testar de cabeça para o fundo das redes! 2 a 1 para o Verdão faltando menos de três minutos para o término da decisão. Foi o primeiro gol do camisa 28 com a camisa do Palmeiras. E que gol!
Incontrolável. Todo palmeirense correu, pulou, caiu, gritou e chorou com Patrick (E) no momento do gol. [Foto: Reprodução/TV Globo]
O Estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte foi ao delírio com o gol palestrino praticamente no último lance do jogo. Dali em diante, a torcida apenas contava os segundos e minutos para desabafar – muito mais do que celebrar, da forma mais palmeirense possível – o segundo título consecutivo da Copinha. Mairon César até tentou uma última cartada com as entradas de Jurandir e de Yago nos lugares de Mateus Henrique e Paulinho. De nada adiantou. O Palmeiras era bicampeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, consolidando um trabalho excepcional realizado desde 2015 e sob a tutela do baiano João Paulo Sampaio. Adversários à parte, a campanha superou os 92,6% de aproveitamento, 29 gols feitos e cinco sofridos de 2022. Foram nove jogos, nove vitórias, 30 gols marcados e somente quatro sofridos. 100% de aproveitamento.
Para o América, o bi ainda não veio, mas fica a impressão de mais uma campanha excelente e de grandes resultados e jogadores formados na equipe. [Foto: Reprodução/Twitter @AmericaMG]
Para ficar de olho: os destaques de Palmeiras e América-MG na Copinha
De cima para baixo e da esquerda para a direita, os principais nomes de Verdão e Coelho na Copinha, destacados abaixo. [Fotos: Divulgação/S.E. Palmeiras e América F.C. e Arte: Ricardo Thomé]
Aranha
Wanderson Carlos Ferreira dos Santos, o Aranha, era goleiro do sub-17 até poucos meses atrás. Aos 17 anos, foi promovido ao sub-20 para ser reserva de Kaique, mas o arqueiro titular foi convocado para a seleção da categoria, e coube a Aranha assumir o posto na equipe, ganhando a disputa inclusive do goleiro Natan, que já integra o sub-20 há mais tempo. Na Copa São Paulo de Futebol Júnior, Aranha sofreu apenas três gols em oito jogos, uma média impressionante. Mais assustador ainda é o fato de que dois dos três gols sofridos foram por meio de penalidades máximas, isto é, com bola rolando, Aranha honrou seu apelido ao máximo. Além disso, ainda defendeu mais duas cobranças com bola rolando, contra Juazeirense, na fase de grupos, e Mirassol, nas oitavas. Na grande final, chegou a defender o pênalti de Renato Marques, mas a cobrança acabou sendo refeita. A Academia de Goleiros do Verdão vai se renovando a cada ano, mantendo a excelência e prometendo ajudar muito a equipe principal no futuro, seja para o Palmeiras, seja para a seleção brasileira.
Ian
A melhor defesa da competição tinha que ter algum representante na lista dos destaques. A dupla Henri e Talisca foi bem na zaga, o lateral direito variou, mas a surpresa positiva ficou por conta da lateral esquerda. Ian foi campeão em 2022 atuando em todas as partidas. Em oito das nove, porém, ele substituiu Vanderlan, hoje camisa seis do elenco principal. Em 2023, como titular absoluto, provou ser um lateral promissor e equilibrado, tendo, inclusive, marcado um golaço na fase de grupos da competição. O Verdão sofreu quatro gols na competição, sendo dois nas duas partidas em que Ian esteve ausente por contusão – semifinal e final. Isso foi uma das provas do quanto ele pode ser bem aproveitado pelo Palmeiras no futuro, ainda mais quando se tem em vista a carência de laterais que o futebol enfrenta atualmente.
Pedro Lima
Pedro Lima é mais um dos que eram reservas em 2022 e que ascenderam à titularidade no sub-20 em 2023. Dono de um passe apurado, excelente visão de jogo, ótima dinâmica e boa infiltração na área do adversário, Pedro exala classe ao vestir a camisa oito do time alviverde. Na Copinha, foram dois gols e uma assistência, e agora muitos pedem que, aos 19 anos, ele passe a integrar a equipe de cima. Para tanto, o jovem já tem o aval do treinador Paulo Victor Gomes.
Kevin
Kevin já chamava a atenção há alguns anos na base do Palmeiras. Na temporada 2021, por exemplo, ele chegou a atuar pelo profissional da equipe em algumas partidas, marcando, inclusive, o gol da vitória contra o Ceará por 1 a 0 fora de casa, já nas rodadas finais do Brasileirão, quando o Palmeiras deu folga aos seus principais atletas e, sem chances de título na competição nacional, escalou a base no campeonato. O camisa 11 do time sempre foi, porém, ofuscado por outros nomes mais estrelados, sendo reserva na edição 2022 da Copinha, por exemplo.
Em 2023, no entanto, ele se provou um jogador muito completo, com boas qualidades no drible, no chute de longe, na bola parada e em jogadas de velocidade, fechando a competição com cinco gols, seis assistências e o prêmio de craque do campeonato, sendo o principal destaque do Verdão em praticamente todos os jogos eliminatórios. Kevin também ficou em segundo lugar na eleição do Prêmio Dener – homenagem ao ex-jogador Dener, que faleceu precocemente em 1994, aos 23 anos -, que é dado ao gol mais bonito da competição. Arthur, da Francana, ficou com o título ao marcar belo gol de falta.
Ruan Ribeiro
Ruan Ribeiro começou a Copinha sob alguma desconfiança da torcida. Seus números na base não eram tão altos quanto os de alguns concorrentes à vaga e seu estilo de jogo não destacava nenhuma grande característica. No entanto, o camisa nove do Verdão superou as expectativas e mostrou-se um jogador muito competente ao anotar nove gols em nove partidas, ser o artilheiro do torneio e ter uma movimentação muito interessante junto aos pontas da equipe. Se antes Ruan era visto como descartável, agora há quem peça por sua presença no elenco profissional, aos 19 anos.
Estêvão
Depois de Endrick, Estêvão Willian (anteriormente conhecido como Messinho), é dado como a maior joia do Verdão ao lado de Luís Guilherme (que serve à seleção sub-20 no momento), desde que chegou ao clube, em 2021. Aos 15 anos, foi titular em alguns jogos na Copa São Paulo e mudou partidas quando saiu do banco de reservas, tendo marcado um gol em sua estreia. Estêvão é canhoto, rápido, habilidoso e tem boa finalização e visão de jogo.
Se a parte física ainda é uma questão, a base do Palmeiras ainda trabalhará para que ele se torne ainda mais competitivo e competente e sirva, talvez, ao grupo de “jogadores-bolsa” de Abel em 2023, isto é, atletas que treinam muitas vezes com o elenco profissional e que podem ajudar em algumas situações, mas que ainda não têm espaço o suficiente para serem totalmente promovidos. A diretoria do Palmeiras já recusou ofertas estratosféricas da Europa pelo garoto, e espera valorizá-lo assim como fez com Endrick, já previamente vendido ao Real Madrid. Neste momento, Estêvão está junto à seleção sub-17 do Brasil para a disputa de amistosos.
Cássio
Um dos destaques da partida contra o Santos pela semifinal da Copinha, o goleiro Cássio levou apenas cinco gols ao longo de todos os nove jogos disputados pela equipe do América Mineiro no campeonato. Atuando no sub-20 da equipe mineira desde 2021, ele também foi o goleiro principal do time na edição passada da Copa São Paulo de Futebol Júnior, acumulando um total de seis partidas e sete gols sofridos na competição de 2022. Ainda no ano passado, foi responsável por auxiliar a levar o Coelhãozinho até a final do Campeonato Mineiro, em que conquistou o vice-campeonato após uma derrota para o Cruzeiro.
Nascido em fevereiro de 2002, Cássio disputou seu último campeonato pela equipe sub-20. Recentemente, teve seu contrato com o América Mineiro renovado e passará a integrar o elenco principal na próxima temporada.
Renato Marques
Vice-artilheiro do campeonato e indiscutivelmente o maior goleador do Coelhãozinho na Copinha, Renato Marques anotou 6 gols durante essa edição. Começou a jogar pelo time sub-20 do América Mineiro em 2020, quando ainda atuava pela equipe sub-17. Em 2022, não balançou as redes na Copinha nos três jogos em que participou, mas agora, depois da boa atuação no campeonato júnior, o garoto passa a integrar o elenco principal do clube.
Luan Campos
Vice-artilheiro do América Mineiro, Luan Campos fez 4 gols na Copinha — sendo três deles feitos em um único jogo, na semifinal contra o Santos em plena Vila Belmiro. No time de Minas Gerais desde 2022, o jogador pertencia antes à base do Palmeiras, clube que enfrentou na final, em que permaneceu por duas temporadas. Prestes a fazer 21 anos, o garoto também foi promovido ao time americano principal.
Adyson
Adyson é uma peça mais nova no elenco — nascido em 2005, o garoto ainda completará sua maioridade este ano. Atuando no sub-20 desde os tempos de sub-17, ele já foi usado inclusive em partidas do Campeonato Mineiro. Considerado uma joia da base americana, o atacante marcou 3 gols na Copinha deste ano — um a mais do que na edição passada. Apesar da pouca idade, já foi confirmado como integrante da equipe principal do Coelho.
Ficha técnica:
Palmeiras (4-2-2-2): Aranha; Edney, Talisca, Henri, Gustavo Mancha (David Kauã, 50’); Léo (Patrick, 46’), Pedro Lima; Estêvão (Gilberto, 70’), Kevin (Daniel, 86’); Vitinho e Ruan Ribeiro (Thalys, 70’). T.: Paulo Victor Gomes [Arte: Ricardo Thomé]
América-MG (4-3-3): Cássio; Samuel, Jonathan (Rafa Barcelos, 83’), Júlio, Paulinho (Yago, 90’+4’); Breno (Heitor, 83’), Mateus Henrique (Jurandir, 90’+4), Theo (Kanté, 88’); Adyson, Renato Marques e Luan Campos. T.: Mairon César [Arte: Ricardo Thomé]
Gols: Ruan Ribeiro (18’) e Patrick (90’+3) – PAL / Renato Marques (42’) – AMG
Cartões Amarelos: Léo (39’) e Pedro Lima (56’) – PAL / Luan Campos (43’) e Theo (64’) – AMG
*Imagem de capa: Reprodução/Twitter @ESPNBrasil]