A última noite de terça-feira trouxe ao auditório István Jancsó uma nova leva quentinha de conversas e discussões para a 2ª Semana da Jornalismo Júnior, dessa vez com a temática “Grandes coberturas de festivais cinematográficos”. Os convidados Elaine Bast, Matheus Pichonelli e Sérgio Rizzo encantaram a plateia com histórias sobre a cobertura de eventos nacionais e internacionais – dentre os quais figuraram a cerimônia do Oscar, o Festival de Cannes, o Festival do Rio e a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
O evento começou com a exibição de um vídeo da AIESEC, associação responsável por sortear descontos para pacotes de intercâmbios durante toda a Semana. Em seguida, o núcleo da Jornalismo Júnior, Cinéfilos, foi apresentado rapidamente por seus diretores. Entre o website e o twitter do grupo, a produção dos integrantes vai desde resenhas sobre lançamentos das telonas até análises bem-humoradas de filmes “trash”, além da elaboração de enquetes para divertir e interagir com os leitores do site.
A primeira a falar foi Elaine Bast, repórter da Rede Globo, comentando sobre sua experiência na cerimônia do Oscar de 2014, evento o qual, segundo ela, teve “sorte” de cobrir no ano passado. Se você acredita que basta ir ao evento, entrevistar alguns artistas e transmitir os resultados, engana-se. Para Elaine, a cobertura começou no momento em que as indicações foram anunciadas: é preciso chamar a atenção do público e, para isso, a reportagem deve trazer ganchos interessantes e aspectos diferenciais sobre os filmes em questão. O exemplo da palestrante, levado em formato de vídeo ao auditório, é uma reportagem em que ela relaciona os longas quanto a uma coincidência peculiar: muitos foram baseados em histórias reais.
Matheus Pichonelli, colaborador da Carta Capital, tomou então a palavra. Humilde, lembrou-se de quando era garoto e dificilmente ia ao cinema, levando à tona a inacessibilidade das pessoas às produções cinematográficas, seja pelos altos preços, seja pela falta de reconhecimento dos filmes no âmbito escolar. Uma coisa levou à outra, e logo Pichonelli discorria sobre os problemas atuais das telonas, levando em consideração a perda de importância das salas físicas frente à facilidade de acesso à informação que temos hoje na era digital, informação essa tão abundante em quantidade que precisamos filtrá-la para usufruir dela. “É aí que entra o jornalista”, diz Matheus, e completa: “É você conseguir mostrar, com textos, como aquele filme dialoga com determinado contexto”.
Finalmente, é a vez de Sérgio Rizzo compartilhar suas histórias – e brincadeiras! – com a plateia. O jornalista, que é também professor da FAAP e PUC-SP, além de membro do comitê de seleção do É Tudo Verdade, festival internacional de documentários que acontece no Brasil, contou sobre o início de sua carreira, aos 16 anos, e sobre alguns dos primeiros festivais de cinema nos quais trabalhou, sempre com muito bom humor. Ele ainda deu orientações de como cobrir os grandes eventos de cinema, frisando particularmente a afirmação “não há cobertura de 1 pessoa”, visto que o número de filmes e personalidades na mostra é demais para a atenção de apenas um jornalista. Fica a dica!
As dúvidas da plateia, recolhidas em forma de perguntas escritas pelos membros da Jornalismo Júnior, preencheram a segunda hora da palestra. A primeira questão abordada, a colocação de pontos de vistas pessoais na produção profissional de texto, foi colocada por Matheus como um aspecto de aproximação ao público, mesmo que de forma um tanto “irresponsável”, segundo ele. A suscetibilidade a influências do leitor através da crítica de cinema e o cinema nacional também foram assuntos tocados pela plateia e debatidos entre os convidados. Quanto ao primeiro, os três jornalistas assumiram posturas diferentes, mas concordaram que a crítica não deve ditar o que alguém assiste ou não assiste – cada um deve levar em conta a própria opinião.
Já no segundo, e último, assunto, o consenso geral parecia ser o de que não podemos tomar a palavra “nacional” como um gênero de cinema, pois assim estaríamos cometendo o grande erro de acreditar que nossos filmes são iguais entre si. Para Sérgio Rizzo, cabe também aí a discussão sobre o aparente “medo” brasileiro de retratar os problemas sociais da classe média, o que resulta em um sentimento de irrelevância do cinema para a vida do brasileiro.
Com essa derradeira discussão, a segunda noite da 2ª Semana da Jornalismo Júnior chegou ao fim com os sorteios, de ingressos para o Reserva Cultural, além dos já mencionados pacotes de desconto para intercâmbios. Fotos e uma calorosa interação final entre os convidados e o público seguiram-se após o convite geral para o restante do evento, que segue reunindo grandes personalidades do jornalismo nos dias 26, 27 e 28 de agosto.
Por Laís Ribeiro
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