Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

44ª Mostra Internacional de SP: ‘Pari’

Esse filme faz parte da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto. O amor de mãe é popularmente conhecido por sua falta de limites. Muitos dizem que só a maternidade proporciona o amor verdadeiro, e que por isso, não existem respostas quando …

44ª Mostra Internacional de SP: ‘Pari’ Leia mais »

Esse filme faz parte da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto.

O amor de mãe é popularmente conhecido por sua falta de limites. Muitos dizem que só a maternidade proporciona o amor verdadeiro, e que por isso, não existem respostas quando se pergunta até onde uma mãe iria por seu filho. O amor de Pari (2020), por exemplo, chegou à 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo no último sábado, dia 24.

Dirigido e escrito por Siamak Etemadi, o longa conta a história de Pari (Melika Foroutan), mãe de Babak e mulher de Farrokh (Shahbaz Noshir). Ela viaja com o marido para Atenas no intuito de visitar seu filho único que estava estudando fora. No entanto, ao chegar, descobre que ele está desaparecido e inicia uma jornada em busca por informações sobre o seu paradeiro, mas também por si mesma.

A escolha pela cultura iraniana em meio ao cenário grego não é aleatória. Etemadi tem delicadeza na reprodução dos detalhes justamente por ser algo familiar. Assim como Babak, o diretor também nasceu no Irã e estudou na Grécia, o que lhe proporciona uma visão privilegiada do local, que vai muito além da beleza turística conhecida mundialmente.

O filme não demora a entrar no mistério principal. Já nos minutos iniciais a dúvida é instaurada, o que contribui para que o telespectador seja cativado logo de cara pela trama e se sinta instigado em solucionar o mistério. Por outro lado, cada detalhe e pista que surgem sobre a localização de Babak são entregues de forma sutil e pontual.

A evolução lenta pode causar dois efeitos diferentes do outro lado da tela: frustração e angústia. O primeiro é resultado da velocidade do enredo que tende a tornar a experiência desinteressante; já o segundo é atribuído ao sentimento de empatia com a protagonista.  Devido à adoção de seu ponto de vista para guiar a história somado ao questionamento que dá início ao longa, cada avanço no objetivo de encontrar Babak cria expectativas não só para Pari, mas também para quem assiste. Sendo assim, a quebra dessas e outras expectativas que vão sendo criadas também é sentida duas vezes.


Pari e seu marido, Farrokh, em uma das tentativas de encontrar seu filho [Imagem: Divulgação/Heretic Outreach]
Por exemplo, em um certo momento do desenrolar da trama, ela recebe a informação de que que a aparência de Babak já não é mais a mesma da foto que ela mostrava para os atenienses. O desespero que atinge Pari é sentido não só por ela, mas também por quem assiste, uma vez que o espectador ainda sequer sabe qual é a feição do garoto.

É importante ressaltar que a proposta de solucionar o mistério sobre o que aconteceu com o filho desaparecido é o que conduz a obra, mas não se deve esquecer que a personagem principal ainda é a iraniana. Em vista disso, cabe o destaque para a sua evolução ao decorrer da película e isso se deve à boa interpretação feita por Malika. Mesmo que a nacionalidade e cultura entre ela e seu papel sejam comuns – e, portanto, não categoriza um desafio – Pari também é mãe, esposa e turista em um país desconhecido.

A atriz não deixa nada a desejar ao aglutinar e representar várias personalidades, porém, todo esse feito é resultado de um trabalho coletivo ao lado de Shahbaz Noshir e Sofia Kokkali. Na atuação de Farrokh, marido de Pari, e Zoe, estudante grega que a ajuda em sua procura, os atores realizam a movimentação da trama, impedindo que o longa se torne maçante. No entanto,  o principal papel deles é entregar a situação ideal para que Pari, a partir dessas movimentações, realize sua autodescoberta.

Apesar dessa função, Noshir e Kokkali não devem ser vistos como meros coadjuvantes, uma vez que seus papéis não se equivalem a uma assistência, mas sim, à composição de novos contextos primordiais para a história.

Quem está a procura de uma experiência cinematográfica tradicional, não encontrará em Pari. A mistura de simbologias, conflitos internos, drama familiar, conhecimento de novas culturas e territórios inibe qualquer sombra de tradicionalidade nessa obra. O caminho é totalmente aberto para a autenticidade artística e reflexões individuais, motivadas pela ousadia em ir na contramão da produção estritamente comercial que rodeia a sétima arte.

Confira o trailer:

*Capa: [Imagem: Divulgação/Heretic Outreach]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima