Felipe Maia
Quando estou Amando é mais um filme francês. Dizer “mais um filme” é reducionismo demais, ou crueldade demais, mas o filme não passa disso. Se colocada numa linha, a leva dos novos filmes franceses vem oscilando entre altos e baixos. Nessa escala “Quando estou Amando” é no máximo mediano. O porquê só Deus sabe, mas o diretor e roteirista Xavier Giannoli não quis ver os horizontes da fita — podia ser muito, mas não quis tanto.
A película apresenta um Depardieu com uma voz boa de se ouvir. Por isso vale muito o ingresso — na primeira meia hora, pois é bem chato ouvir um sem número de canções românticas cuja pretensão parece ser mais tapar buraco. As músicas salvam no começo, contudo não tiram o filme de um tom monótono. Porque depois delas tem um diálogo que dá o riso; ou uma seqüência provocadora; ou um plano muito bem pensado. São uns pulsos que dão a impressão de que a coisa vai melhorar, mas não. Giannoli pisa fundo no comum e prefere não se jogar no abismo do existencial — aquele que ele mesmo propôs ao apresentar personagens aparentemente cheios de crises e problemas emocionais. Até quando a fotografia dá pinta de jogo de sombras e dualidade, ou quando a montagem dá o tal ritmo desajustado, tudo volta para as luzes do baile ou para a enfadonha linearidade.
Quando estou amando podia ser um forte imperativo, mas não vai além do rotineiro gerúndio. Desse mal de podia, mas não é também sofre Cécile de France: insossa a maior parte do tempo. No resto da história tem gente até sem nome, sem lenço e sem documento: personagens que parecem figurantes. Aí pronto: está feita uma história pra lá de bagunçada sobre uma relação que pode ser bagunçada e não passa de água com pouco açúcar.