Um plano bem fechado num rosto com olhar sombrio, atrás do reflexo de uma janela. Terno, gravata, chapéu. Escuros. Preto e branco, mesmo após o lançamento dos primeiros filmes coloridos. Esse é o tipo de cena mais visto no movimento cinematográfico conhecido como Film Noir.
Com início na década de 1940, o Film Noir, mais que um estilo, é uma mistura de estilos. Muito influenciada pelo Expressionismo Alemão, de filmes com estética “deformada”, como O Gabinete de Dr. Calligari (Das Cabinet des Dr. Caligari. 1920. 71 min.), e derivado dos suspenses da época da grande depressão, a estética do Film Noir é marcada pela escuridão, como o nome já diz (Filme Preto, em francês).
Para criar esse efeito “dark”, existem algumas técnicas de filmagem que normalmente são usadas. Uma delas é a própria luz.
Nas filmagens, geralmente é usada apenas uma fonte de luz ou, se muito necessário, duas. Também é costume usar objetos entre as câmeras e os atores, como persianas, para dar um efeito diferente de sombras. Se não filmados em preto e branco, esses filmes são feitos com baixa saturação, durante a noite, e usam alto contraste.
Para efeitos de deformação, muitas vezes são utilizadas lentes com baixa distância focal, que distorcem linhas retas próximas às extremidades, exagerando a distancia entre planos, daí a semelhança com o expressionismo. Mantendo o mistério, conta-se também com a profundidade de campo, técnica que permite que tanto o primeiro plano quanto o segundo estejam igualmente focados. Dessa forma, o expectador não sabe em qual parte da tela é mais relevante prestar atenção.
Outra técnica comum nesse estilo de filme é a da mudança de ângulo de filmagem. Um exemplo é começar a filmar uma sequência com um ângulo de câmera “comum” e trocar bruscamente para um extremamente alto ou baixo (sendo o segundo mais usado), ou de um objeto para o outro, muitas vezes com o personagem em segundo plano. Por exemplo: a cena se inicia com o protagonista entrando em uma sala e, de repente, a câmera “cai” e passa a filmar o teto, pegando todo o corpo da pessoa, dando a impressão de que algo vai aparecer de cima. Logo depois, vai para uma faca em cima de uma mesa, para a qual o personagem está de costas.
A “câmera na mão”, com suas tremidas ocasionais, também não é dispensada, bem como o uso exagerado do zoom, até se perder de vista o que aparentemente era o mais importante da cena. Ainda visualmente falando, para a mudança de cenas ou finalização do filme, o fade out, técnica de escurecer a cena até o preto completo, é uma opção muito encontrada no Noir.
Por Paula Zogbi Possari
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