Como você reagiria se descobrisse que a lendária Excalibur lhe pertence? E mais: que você precisa usá-la para deter uma bruxa, adormecida há séculos, que está retornando? É exatamente nessa situação que Alex (Louis Ashbourne Serkis) se encontra em O Menino Que Queria Ser Rei (The Kid Who Would Be King, 2019). No longa, o garoto se depara com a famosa espada em um canteiro de obras, e a retira de uma pedra com grande facilidade. A partir daí, descobre que precisa deter Morgana (Rebecca Ferguson), meia-irmã do rei Arthur, que está ficando cada vez mais forte e pretende dominar o mundo escravizando todos.
O protagonista é típico de histórias clichês de evolução, caracterizado por ser o loser do colégio que sofre bullying, mas sempre defende o melhor amigo, Bedders (Dean Chaumoo), a todo custo. Mesmo dotados dessas características, é muito fácil simpatizar com ambos, pois possuem grande carisma e conquistam o público. Ao decorrer da jornada, eles passam por diversas mudanças e terminam a história com pensamentos diferentes daqueles do início.
Não é apenas essa dupla que passa por mudanças. Os valentões da escola, Lance (Tom Taylor) e Kaye (Rhianna Dorris), traçam um percurso muito interesse ao lado de Alex e Bedders. Mesmo com essa narrativa manjada dos filmes de aventura, acompanhar a transformação do caráter dos personagens, principalmente daqueles tidos como malvados no início, é divertido 一 mesmo com o espectador sabendo exatamente para onde o filme caminha.
No que diz respeito aos efeitos especiais, diversas cenas são capazes de impressionar quem assiste, principalmente o público infanto juvenil. A animação que inicia o filme é muito bonita e bem feita, sendo eficaz para explicar, de forma resumida e prática, a história clássica do rei Arthur.
O roteiro tem uma base muito grande na Jornada do Herói, já que os personagens passam por trajetos que culminam em mudança. O longa faz referência ao conhecido artifício ao citar Star Wars e Harry Potter. Isso acontece quando Alex e Bedders percebem que estão revivendo a famosa história da Excalibur, fazendo um paralelo com os filmes da cultura pop atual. Aliás, referências são citadas em muitos momentos, desde comparações da dupla de protagonistas com Shrek e Burro, até Game of Thrones e os nomes dos personagens.
Grande parte dos momentos cômicos se devem ao personagem de Merlin em sua versão jovem, interpretado por Angus Imrie. A maneira como um mago da Idade Média se porta no século XXI gera situações muito engraçadas, a começar pela sua procura por Alex e a espada lendária no colégio ou mesmo através de sua transformação em coruja quando espirra. Ele também aparece, poucas vezes, em sua versão adulta, interpretado por Patrick Stewart.
A grande vilã, Morgana, só aparece efetivamente no final. Sua construção é rasa, apesar da motivação fazer uma pequena menção ao caos da atual geopolítica mundial. Essa situação fortalece a bruxa cada vez mais.
Mesmo recheado de clichês e fórmulas prontas, O Menino Que Queria Ser Rei consegue entreter e divertir bastante, já que faz um bom uso desses artifícios. O filme estreia dia 31 de janeiro nos cinemas. Confira aqui o trailer:
por Marcelo Canquerino
marcelocanquerino@gmail.com