A Pequena Travessa (Liliane Susewind – Ein tierisches Abenteuer, 2019) de Joachim Masanneck, é um filme infantil que conta a história da pequena Lili (Malu Leicher), uma garota que possui o dom de conversar com animais.
Apesar desse dom ser algo aparentemente incrível, acaba colocando Lili em situações realmente desastrosas. Por conta dele, sua mãe perdeu o emprego muitas vezes e sua família se mudava constantemente. Até que certo dia, após uma dessas tragédias, Lili promete aos pais que nunca mais iria falar com animais — com exceção apenas do seu cachorro Bonsai — e que a partir daquele dia tentaria fazer amigos humanos
Lili, então, vai para escola e, numa tentativa de cumprir a promessa, tenta fazer amizade com um trio de garotas que são uma miniatura do famoso trio liderado por Regina George em Mean Girls.
Logo no ínicio da aula, Lili tem uma surpresa: ela e sua turma passariam 3 dias num lar de animais ajudando a montá-lo para sua reabertura. A protagonista se desespera e tenta de toda forma convencer o professor a liberá-la da atividade, mas não tem sucesso. Imagina só: ela, que havia prometido a seus pais que não falaria com animais, passaria 3 dias cercada deles.
A aventura começa quando Lili, que não consegue deixar de ouvir a conversa dos animais, descobre que alguns deles estão sendo furtados durante a noite. Junto com seu novo amigo Jess (Aaron Kissiov), resolve desvendar esse mistério e proteger os animais.
A história possui olhar lúdico, no qual até mesmo a composição das cenas levam o espectador para um mundo mágico. As cenas são vivas, alegres e a narrativa leve, o que desde o início já cria a sensação de que, no final, tudo vai acabar bem.
Embora, a história tenha potencial para agradar crianças, o público mais velho pode não gostar tanto assim. A narrativa possui muitas incoerências, a começar pelo figurino dos personagens. Além de ser nada convencional (a maioria parece ser fantasia), os personagens não mudam de roupa ao longo da história. Uma narrativa que se desenvolve ao longo de dias, necessita que as roupas acompanhem essas mudanças para parecer, ao menos um pouco, real e nesse aspecto o longa falha bastante.
Outro ponto que pode desagradar o público mais velho é a falta de veracidade das cenas. Embora seja um filme infantil que realmente possui a intenção de projetar um cenário lúdico, cenas que poderiam fazer com que o espectador se identificasse e comparasse com o seu cotidiano, são completamente desperdiçadas, em uma tentativa de fazer comédia. Os pais de Lili, por exemplo, fogem de qualquer representação de pais normais, são completamente desatentos. Em uma das cenas, o pai de Lili tenta distrair sua esposa para que Lili consiga sair de casa, distração essa bem mal feita, mas que no filme, magicamente funciona. Os personagens, em geral, são construídos de forma extremamente exagerada e derrubam qualquer tentativa do espectador de se imaginar dentro daquele cenário.
O filme traz uma mensagem muito bonita. Com os personagens principais sendo rotulados como “estranhos” durante boa parte da história, ao final todas as crianças se dão conta de que tal tipo de julgamento não vale a pena. Todos são normais e devem ser respeitados. Assim, surge a cena final, onde as crianças cantam sobre esse assunto e reforçam seus laços de amizade.
A história deve agradar às crianças, mas aos seus acompanhantes, nem tanto. No cenário atual do cinema infantil, com várias estréias muito esperadas (como Aladdin, Toy story 4, Turma da Mônica- Laços), que levam pessoas de todas as idades ao cinema, A Pequena Travessa, que até tinha potencial, vai encontrar dificuldades para se destacar.
O longa chega aos cinemas brasileiros no dia 11 de julho. Confira o trailer: