Após uma pausa em decorrência da pandemia da COVID-19, a 26ª Bienal Internacional do Livro retorna a São Paulo com grande expectativa do público. Sediada na Expo Center Norte, o evento reuniu editoras e palestrantes diversos, e proporcionou aos visitantes uma experiência repleta de debates sobre o universo literário. Confira a cobertura feita pela Jornalismo Júnior das palestras reunidas no dia 06 de julho de 2022.

Cleo Pires, Tati Maciel e Ana Beatriz Barbosa Silva falam sobre relacionamentos tóxicos, autoestima e internet

No quinto dia da Bienal, o palco da Arena Cultural Pólen recebeu a atriz e cantora Cleo Pires, a escritora Tatiana Maciel, e a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva para uma conversa sobre relacionamentos, autoestima e internet. Cleo e Tatiana também apresentaram o livro Todo mundo que amei já me fez chorar (Melhoramentos, 2022), parceria entre as duas. 

O bate-papo começou abordando as redes sociais e suas consequências na vida das entrevistadas, com Ana Beatriz contando, por exemplo, que se blinda de ataques virtuais, restringindo ou bloqueando quem manda. Já Tati Maciel afirma que a internet gera ansiedade no seu cotidiano pela velocidade que as coisas acontecem. Cleo Pires destaca, ainda, “como está tudo muito exposto, existem coisas que temos que nos acostumar. O tempo inteiro as coisas estão chegando em mim, e eu uso essa sensação para me deparar com os meus pensamentos e sentimentos e me tornar uma pessoa melhor”.

A conversa segue sobre relacionamentos abusivos, temática principal do livro de Tati Maciel e de Cleo Pires. Para Ana Beatriz, muitos desses relacionamentos se mantêm devido a ideia de amor romântico “vendida” para as mulheres. Ela defende que é necessário diferenciar amor de paixão, pois o amor é, na realidade, “aconchego e acolhimento”. Cleo afirma que em muitos casos “a toxicidade vem do amor”, e que os ciclos de violência, reproduzidos por relacionamentos tóxicos, não derivam do amor, e sim do domínio de outra pessoa. Ana Beatriz continua sua fala dizendo que é possível consertar relacionamentos abusivos, desde que ambas as partes reconheçam os problemas da relação e estejam dispostas a mudar seus comportamentos. 

Em seguida, a psiquiatra afirma  que perdoar é importante para ficar em paz com algumas situações, mas que não devemos nos submeter a violências por causa dessa mentalidade. Ela também fala sobre o “perdão a si mesmo”, que considera um ato de amor próprio. 

O bate-papo foi finalizado com uma pequena discussão sobre pressão estética e  sobre como a internet é cruel com as mulheres quando se trata deste tópico. Cleo relembra os ataques que recebeu há pouco tempo, após ter ganhado peso e questiona porque homens não recebem a mesma cobrança.

Encontro com Luiza Helena Trajano e Pedro Bial

Antes mesmo de começar a palestra, o público já estava aglomerado na Arena Cultural. A audiência era tão grande que o áudio do espaço não foi suficiente, e aqueles que estavam no fundo tiveram dificuldades para escutar o que estava sendo falado no palco. O motivo: Pedro Bial e Luiza Trajano eram os convidados.

Divulgando o livro biográfico Luiza Helena  –  Mulher do Brasil (Editora Gente, 2022), escrito por Bial, o apresentador fez perguntas para a empresária, que é presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, que comentou sobre a importância de assumir o papel de protagonismo do país e sobre a mulher no mundo dos negócios. 

Mas, a entrevista do veterano da comunicação acabou em menos de 30 minutos, e o público da Bienal se tornou peça essencial no evento ao terem a voz para fazerem perguntas.

A emoção de ver duas pessoas famosas e fonte de inspiração fez com que muitas das perguntas fossem, na verdade, comentários de admiração e de prestígio. A atitude do público, entretanto, fugiu do que os convidados esperavam: Luiza chegou a pedir para que as pessoas fizessem perguntas objetivas. 

O momento, contudo, foi de descontração, com comentários de Bial, como “Luiza só fala o que quer”, o que, segundo ele, é uma das características das grandes mulheres do Brasil. Trajano também comentou sobre temas envolvendo o empreendedorismo e políticas públicas. A veia política da empresária foi enfatizada e veio à tona em diversos momentos das falas dos convidados e do público. 

Ciência Positiva e a Inteligência do Carisma – O Que Está Por Trás Das Mentes de Sucesso? 

O neurocientista Pablo Vinicius, autor do livro Antitarja Preta (Buzz Editora, 2021), e o cientista político e professor, Heni Ozi Cukier, autor de A Inteligência do Carisma (Editora Planeta) foram entrevistados na última mesa do quinto dia da Bienal. 

Cukier, respondendo a quase todas as perguntas abordando o carisma,  desconstrói a ideia de que o carisma é um dom, e que somente pessoas extrovertidas podem ser carismáticas. Ele também tenta mostrar a importância desta característica como ferramenta para o cotidiano, e para o crescimento profissional. 

Vinícius abordou vários assuntos que são explicados em seu livro, como as interações com outros indivíduos e como inteligência não é apenas ter QI. O autor também destacou a atitude mental positiva, que aumenta o rendimento e a eficiência. 

O escritor terminou a palestra de uma forma mais dinâmica, pedindo para que as pessoas que não são ansiosas levantassem a mão; resultado: ninguém levantou. O autor já esperava por isso e logo concluiu que o seu livro era justamente para aqueles que não levantaram a mão, isto é, todos.