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A arte da expectativa: 10 ótimos trailers do cinema

Épico, frenético, assustador. Um trailer pode assumir diversas facetas. Mas nem sempre esse importante recurso publicitário foi dessa maneira. No começo, por volta da década de 1910, eram muito mais simples do que se mostram hoje: apenas algumas cenas do filme por trás de algum texto, geralmente o nome do elenco. Porém, os estúdios, ao …

A arte da expectativa: 10 ótimos trailers do cinema Leia mais »

Épico, frenético, assustador. Um trailer pode assumir diversas facetas. Mas nem sempre esse importante recurso publicitário foi dessa maneira. No começo, por volta da década de 1910, eram muito mais simples do que se mostram hoje: apenas algumas cenas do filme por trás de algum texto, geralmente o nome do elenco. Porém, os estúdios, ao perceberem que essa pequena prévia geraria impacto no público e nas vendas, foram investindo cada vez mais na ferramenta promocional. Atualmente, com o advento de novas tecnologias e o sucesso dos blockbusters, os trailers são uma peça fundamental na divulgação de um filme, adquirindo linguagem e características próprias e transformando-se em uma nova forma de arte, muito mais elaborada do que no princípio.

Mas mesmo com todo o sucesso de marketing, nem sempre os trailers conseguem ser bem sucedidos. São poucos os que conseguem revelar detalhes sem estragar o plot do filme e realmente criar a expectativa do público. Às vezes, são tão bem feitos que superam o filme em si. É uma linha tênue entre instigar e prejudicar a experiência do espectador.

A seguir, uma lista de 10 filmes que tiveram êxito ao suscitar a curiosidade e provocar sensações em quem o estava vendo, levando o público aos cinemas e sentir-se maravilhado (ou não).

 

1) Alien, o oitavo passageiro (Alien, 1979)

O trailer já começa com imagens de um objeto desconhecido ao som de uma música apreensiva ao fundo. Logo percebe-se que o objeto era na realidade um ovo, abrindo-se com um barulho totalmente estranho. A câmera acompanha freneticamente uma mulher, correndo assustada. Cortes rápidos revelam a história de astronautas, mas não é nada parecido com filmes de espaço da epóca. A velocidade dos cortes só aumenta e os sons por trás são totalmente angustiantes. Vemos muito mas não vemos nada. E essa é a beleza do trailer de Alien: o espectador ouve vários barulhos intrigantes em cenas importantes do longa, mas ele não tem a menor ideia do que está acontecendo, pois sua visão é limitada pelos ângulos e pelo ritmo da montagem. E assim, um sentimento de curiosidade e antecipação foi instalado com sucesso, dando início a umas maiores sequências de ficção científica do cinema. No final, o desfecho perfeito, uma simples frase de efeito no meio de planetas: “No espaço, ninguém ouvirá seu grito”. Pura tensão, com praticamente nenhuma fala.

 

2) Psicose (Psycho, 1960)

Este clássico do Hitchcock tem um trailer diferente de todos. Isso porque na época, o diretor fazia sucesso com um programa de TV chamado “Alfred Hitchcock Apresenta”, no qual contava histórias curtas envolvendo elementos de crimes e horror. Certa vez, diferentemente dos episódios convencionais, Hitchcock faz um tour pelas principais locações do filme e apresenta certos personagens sem, no entanto, citar nomes. Ele passeia pelos cenários, como Bates Motel e a casa de Norman, e descreve superficialmente, porém de forma instigante, os acontecimentos do longa. Com tons de humor, sarcasmo e mistério, é o bastante para suscitar a curiosidade da audiência na descoberta do que realmente aconteceu naquele lugar.

 

3) Laranja Mecânica ( A Clockwork Orange, 1971)

Um trailer nada convencional para um filme de Kubrick. Com uma atmosfera um tanto quanto psicodélica, o curto vídeo nos mostra uma série de imagens rapidamente mescladas a adjetivos que poderiam ser usados para descrever o filme, entre eles satírico, bizarro, político e musical. Este último justifica-se pelo gosto que Alex, o personagem principal, tem por música clássica, em especial Beethoven. Não é a toa que a música que aparece freneticamente junto aos cortes é uma versão da Sinfonia No. 9 do compositor alemão, “Hino à Alegria”.

 

4) Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, 2015)

Carros, armas e o deserto. O filme mais recente da série Mad Max conta com elementos impressionantes. O trailer nos apresenta a esse universo pós apocalíptico, rodeado pela escassez e a loucura, com muita ação. O design impecável de produção, com personagens muito bem produzidos e um cenário de tirar o fôlego, foi um dos fatores principais de animação do público. Vemos cenas intensas de corridas, um armamento pesado e efeitos técnicos admiráveis em meio a um deserto no mínimo curioso. Não à toa o longa foi o grande vencedor do Oscar de 2016, levando seis estatuetas, a maioria nas categorias técnicas. Quem é fã de filmes de ação, com certeza foi provocado por esse trailer.

https://www.youtube.com/watch?v=_kVupD4_Jj4

 

5) Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (Star Wars: Episode I – The phantom menace, 1999)

Após uma espera de 22 anos, os fãs da mais famosa saga espacial do cinema estavam completamente pirados com o novo filme. A expectativa apenas aumentou com a divulgação do trailer oficial, recheado de personagens novos, cenários desconhecidos e, o mais importante, o passado de Anakin Skywalker. Além disso, George Lucas deslumbrou os fãs com efeitos especiais muito mais modernos, cenas repletas de ação (até com um sabre de luz duplo) e a presença ilustre de Yoda e Obi-Wan. Contudo, a alta expectativa com o lançamento apenas se  transformaria em decepção para os amantes da série. Muitos consideraram o longa chato, tedioso e com pouca ação. O trailer pecou (ou simplesmente enganou, como uma estratégia de marketing) ao vender o filme como de ação, com diversas montagens vibrantes e tensas, quando na realidade a obra contava com tramas políticas e elementos burocráticos em excesso. Essa é uma dessas infelizes situações em que o trailer é melhor que o próprio filme.

 

6) Pulp Fiction: tempo de violência (Pulp Fiction, 1994)

O segundo filme do diretor Quentin Tarantino tem um trailer que consegue expressar sua essência: é cômico e violento. Ele começa sério, com uma narração explicando que esse foi um dos filmes mais celebrados do ano e ganhou a Palma de Ouro em Cannes. De repente, três tiros são disparados e fazem um buraco na tela preta do fundo e uma icônica música de filmes de ação começa. Cenas aleatórias e desconexas do longa aparecem, nos apresentando os personagens, principalmente o de John Travolta e o de Samuel L. Jackson. Algumas palavras importantes para a trama são destacadas, como lealdade, traição e crime. Vemos várias partes do filme e sabemos das várias histórias conectadas, mas mesmo assim elas aparecem superficialmente e não atrapalham a experiência de ver a obra por inteiro. Além disso, o vídeo interage com o espectador, como quando o personagem de Jackson, Jules, simplesmente aparece e diz “me desculpe, eu tirei sua concentração?” como se estivesse direcionando-se para quem está vendo externamente. Com uma trilha sonora que só o Tarantino sabe escolher, o trailer, assim como seu diretor, não se leva a sério. E é por isso que é, no mínimo, tão divertido. Como a própria prévia diz, “você não saberá os fatos até ver a história”.

 

7) Cidade de Deus (2002)

Considerado um dos melhores filmes brasileiros, o trailer de Cidade de Deus não fica para trás de produções estrangeiras. Com uma ótima montagem, estabelecendo relações de tempo ao longa da história, somos introduzidos aos personagens principais do longa e entendemos brevemente a narrativa proposta. O ritmo, a narração e a divisão da tela deixam o trailer mais dinâmico e até mesmo divertido, apesar do que aborda. Destaque para quando três pessoas perguntam o nome do personagem principal e vemos ele respondendo em três momentos diferentes de sua vida, mas ao mesmo tempo, e em sincronia na tela. Novamente um exemplo que mostra suficientemente do filme para captar nossa atenção.

 

8) O Iluminado (The Shining, 1980)

Mais uma vez Kubrick nessa lista. E nos mostra que não é preciso uma superprodução para fazer um trailer provocante. Com uma simples cena e uma música inquietante, a tensão é construída aos poucos, ao ponto que o espectador se sente incomodado. O clímax é atingido quando uma enxurrada de sangue perpassa o corredor e já não se entende mais nada. Apenas que alguma coisa muito estranha está acontecendo naquele lugar. O suficiente para levar qualquer cinéfilo e fã do terror aos cinemas. Um trailer frio e calculista de um diretor perfeccionista.

Kubrick foi um gênio de sua área e um profissional além de sua época. A vontade é colocar os trailers de praticamente todos os seus filmes nessa lista, mas me contento com uma menção honrosa ao de Dr. Fantástico, genialmente produzido mesclando narração, texto e falas dos personagens.

 

9)  Se7en – Os Sete Crimes Capitais (Se7en, 1995)

O trailer consegue transmitir a atmosfera sombria e melancólica do thriller policial de David Fincher. Com o clima escuro e chuvoso, vemos imagens dos crimes e das vítimas. Aos poucos, acompanhamos os detetives na descoberta de quem é o sádico responsável pelos assassinatos brutais e somos apresentados a alguns aspectos de sua personalidade. Como um bom thriller, o trailer não nos revela nenhum detalhe importante para a resolução da trama (se é que isso irá acontecer). O clima de tensão e violência só é amplificado com os sete pecados repetidamente aparecendo na tela. A dificuldade da investigação só nos faz querer assistir para saber como termina. Além disso, esse trailer também conta com um dos mais famosos e populares recursos da indústria cinematográfica americana, o seu dublador. A voz grossa e imponente de Don LaFontaine já apareceu em praticamente 5 mil filmes, realmente criando uma identificação instantânea e deixando sua marca na história dos trailers.

https://www.youtube.com/watch?v=omk-3z1a5xc&t=4s

 

10) O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street, 2013)

“Meu nome é Jordan Belfort. No ano do meu 26º aniversário, ganhei $49 milhões. Fiquei furioso, era menos de um milhão por semana”. Esse é o nosso primeiro contato com a ambição de um dos personagens mais icônicos já feitos por Leonardo Dicaprio, um corretor da bolsa de valores de Nova York. Imergimos no seu universo surreal, rodeado por muito dinheiro, drogas, mulheres e atividades ilegais. Com momentos frenéticos e outros de alívio cômico, percebemos o quão exorbitante e descomedido é o mundo de Belfort, fazendo e tendo tudo o que quer. O ritmo das cenas é proposital, mostrando o quão difícil é acompanhar sua vida e suas loucuras. Aquele velho desejo: realmente queremos ver como é a sua vida, nem que seja para presenciar sua queda. Faz jus ao tão merecido sucesso de Martin Scorsese.

por Giovanna Simonetti
g_simonetti@usp.br

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