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A Piracicaba do XV

O XV de Piracicaba é um time do interior que surpreende por sua história. Em 1995, a cidade do caipiracicabano, sotaque patrimonial, conquistou o título do Brasileirão Série C. Ao longo dos seus anos, o XV também cinco títulos do Campeonato Paulista A2 e um título na Copa Paulista de 2016. Salvo todos os troféus, …

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O XV de Piracicaba é um time do interior que surpreende por sua história. Em 1995, a cidade do caipiracicabano, sotaque patrimonial, conquistou o título do Brasileirão Série C. Ao longo dos seus anos, o XV também cinco títulos do Campeonato Paulista A2 e um título na Copa Paulista de 2016. Salvo todos os troféus, o time ainda consegue destacar-se histórica e culturalmente. 

Escudos do XV de Piracicaba ao longo dos anos
Escudos do XV de Piracicaba ao longo dos anos [Imagem: Reprodução/McNish]


Uma breve história 

Oficialmente fundado em 1913, o quinzão nasceu nas ruas de Piracicaba. Na época, dois grupos pertencentes a famílias tradicionais da cidade costumavam jogar entre si. Eram o Esporte Clube Vergueirense e o 12 de Outubro, pertencentes à família Pousa e Guerrini, respectivamente. Em certo momento, as famílias resolveram se unir para formar um time que representasse a cidade. 

Para ocupar a vaga de presidente, as famílias convidaram Carlos Wingeter, um cirurgião-dentista e capitão da Guarda Nacional. Wingeter impôs como única condição que o time se chamasse XV de Novembro, em homenagem ao Dia da Proclamação da República brasileira. 

Como outros times do interior, o XV sempre participou dos Campeonatos Paulistas na série A2, tendo cinco vitórias nos anos de 1947, 1948, 1967, 1983 e 2011, e dois vices, em 1966 e 1981.

Em 1948, o cartunista Edson Rontani criou o mascote do time, o Nhô Quim. O personagem é baseado no torcedor tradicional do time, descendentes de italianos – como Cecílio Elias Netto descreve em sua obra Piracicaba, a Florença Brasileira, os florentinos caipiras da cidade e a presença da arte na cidade do interior paulista.

Jogador Mika, à esquerda
Jogador Mika, à esquerda [Imagem: Acervo pessoal]


Quem faz o XV 

Logo no começo, o XV sofreu derrotas. Mas, ao invés de se desestimular, o time continuou jogando o futebol, representando a cidade e ganhando fama. O ex-jogador Mika – para alguns Ademir ou José Ademir Carloni – conta que quando chegou ao time, em 1972, a equipe já era conhecida por todo o Brasil. “Joguei na época do Romeu Ítalo Ripoli. Ele era um presidente vencedor, que brigava pelo time. Era muito bom [jogar no XV], fomos campeões, vice-campeões”. 

O jogador iniciou sua carreira no Corinthians em 1970 e também teve passagem por outros times do interior paulista. Destacou-se no XV, em 1976, quando foram vice-campeões do Paulista. Em 1986, quando parou de jogar, abriu seu próprio estabelecimento comercial em Piracicaba, a loja Mika Presentes, até hoje conhecida pela cidade. “Antes eu e minha família torcíamos pelo XV de Jaú, agora todo mundo torce pelo XV de Piracicaba”, completa. 

O mencionado Romeu Ítalo Ripoli foi, em sua época, considerado um visionário. Político, engenheiro agrônomo e empresário, a sua melhor atuação se deu como Presidente do XV, entre 1959 e 1966, e, posteriormente, entre 1973 e 1983. Sua presença por trás dos campos foi marcada pelas discussões com a Federação Paulista de Futebol (FPF), defendendo os direitos de times do interior. 

Outro jogador que também foi marcante para o XV foi o Biluca, ou Reginaldo Amstalden. Piracicabano nascido e criado na cidade, Biluca desde pequeno frequentava os jogos com sua família, sempre com a tradição de comer pipoca. Quando começou a jogar, ele conta que foi a realização de um sonho. “Lembro do meu primeiro jogo, a torcida lá e agora eu que estava do lado de cá.” Desde sua primeira partida, Biluca fez história. “Se eu te contar… foi em Sorocaba contra o São Bento. Cruzaram, a bola bateu em mim e eu fiz gol contra.”

Reencontro do glorioso esquadrão 20 anos após vitória do Brasileirão de 95.
Reencontro do glorioso esquadrão 20 anos após vitória do Brasileirão de 95. Biluca é o segundo em pé da esquerda para direita [Imagem: Dayanne Arthur/XV de Piracicaba]
Quem assistiu esse primeiro jogo não esperava que, dez anos mais tarde, o mesmo Biluca, àquela altura capitão do time, faria o gol que garantiria ao XV o título do Campeonato Brasileiro da Série C. O ex-zagueiro é agora lembrado com orgulho assim como seu time – à época comandado por Oswaldo Alvarez, Vadão, conquistaram a taça nacional. Biluca atualmente tem uma escolinha de futebol e seu filho, que participou da base do XV, trabalha como treinador físico da equipe.


A Piracicaba do XV

 

“Salve o XV de Novembro, glorioso esquadrão, na vitória ou na derrota, está em nosso coração”

Estrofe do hino escrito por Anuar Kraide e Jorge Chaddad

 

Além do hino oficial, o quinzão costuma ser muito mais conhecido pelo seu hino popular, em que o sotaque caipiracicabano é marcante e prova o motivo de ser patrimônio histórico, cultural e imaterial do município.

 

“Cárxara de forfe,

Cúspere de grilo,

Bícaro de pato”

–Trecho do hino popular adaptado por alunos da ESALQ

 

Apesar das aparências, o XV de Piracicaba deixa em todos um sentimento especial. Mais do que um time do interior, a conexão entre os jogos no Barão da Serra Negra com toda a cidade emociona. 

Os torcedores João Guilherme, 18, e João Pedro, 12, contam que, desde as primeiras vezes no estádio, sentiram a emoção de ir no Barão torcer. “Vamos em todos os jogos do XV, em cada um o amor só cresce e nós queremos estar lá pelo que ele representa, a união de Piracicaba em torno de um time”, conta João Guilherme. Ele explica que algumas cidades próximas, como Rio Claro e Limeira, têm dois times, o que acaba dividindo a população em duas torcidas rivais. 

O último jogo do time antes de declarado o período de quarentena foi contra a Portuguesa Santista, no dia 7 de março. “O XV ganhou de 1 a 0 no final, foi sensacional como última lembrança até agora”, relembra João Pedro.

Para o álbum de recordações do time, não faltam registros. Em 2013, ano do centenário, o livro “Xv De Piracicaba 100 Anos: Destemido E Valente” e o documentário “Identidade Quinzista” marcaram a data. O futebol do Nhô Quim ganhou até picolé especial com sabores Pamonha e Cana com Limão, típicos da cidade. 

Além da resposta genérica do time ser especial pelo amor dos jogadores e torcida, a singularidade do XV está em sua essência: o caipiracicabano, seu hino popular e as figuras que brilharam com o time.

1 comentário em “A Piracicaba do XV”

  1. Nasci em 1955 em 62 com o barão de Serra negra em construção entrei pela primeira vez , sou primo de primeiro grau de Celinho e Warner, me levavam nós treinos na época, e daí em diante nunca mais deixei de ir aos jogo do meu amado XV no barão, voltando um pouco na história estádio Roberto Gomes pedrosa ,nosso alçapão, lá joguei muita bola local que jamais esquecerei , muitas escolinhas de futebol como a de ,Paulinho jegue jogava muito e por aí vai , a história é muito longa e muito feliz ,.Amo meu XV do fundo coração, hoje moro em bauru com o coração na nossa amada Piracicaba.

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