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23 a 0: o fim do jejum corintiano

Por Breno Deolindo 23. Era uma quinta-feira comum, mas que seria lembrada por toda a história. Saindo na rua, vê-se uma movimentação anormal e que, apenas com as duas cores mais básicas, formava uma única massa. 22. Preto e branco tomavam São Paulo, rumando ao estádio Cícero Pompeu de Toledo, o popular Morumbi. Apesar da palidez …

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Por Breno Deolindo

(Imagem: corinthians.com.br)
(Imagem: corinthians.com.br)

23. Era uma quinta-feira comum, mas que seria lembrada por toda a história. Saindo na rua, vê-se uma movimentação anormal e que, apenas com as duas cores mais básicas, formava uma única massa. 22. Preto e branco tomavam São Paulo, rumando ao estádio Cícero Pompeu de Toledo, o popular Morumbi.

Apesar da palidez das cores, a vivacidade daquela massa era impossível de ser ignorada; esperança misturada com receio e, acima de tudo, ansiedade, tomava conta de todos ali. 21. O terceiro jogo da final do Campeonato Paulista de 1977 entre Corinthians e Ponte Preta estava inevitavelmente próximo. O grito entalado por tanto tempo poderia ser finalmente exclamado, mas havia a possibilidade de ficar, mais uma vez, sufocado em milhares de gargantas.

Os elencos eram formidáveis. 20. No time paulistano, o eterno lateral-esquerdo Vladimir e o craque Ruço eram apenas duas das estrelas. 19. Do outro lado do gramado, Oscar, Dicá e Rui Rei esbanjavam talento e intimidade com a bola.

18. Começa o jogo, e a alvinegrice não poderia ser mais colorida. 17. Era comum que grandes jogos fossem disputados com as duas torcidas lado a lado – verde, vermelho, preto e branco conviviam em paz e aplaudiam igualmente a um espetáculo – mas, naquele treze de outubro, apenas uma voz regia o show. 16. Logo no começo da partida, Rui Rei é expulso, animando ainda mais o torcedor da capital, mas a vantagem numérica não facilitou o caminho do Corinthians: o embate era tenso, como uma boa final de campeonato deve ser. 15.

O placar zerado ao fim da primeira etapa aumentava o nervosismo da nação corintiana. 14. A frustração da derrota no segundo jogo da série se repetiria? Jamais se escutou um silêncio tão mortal como o que se deu após o 2×1 aplicado pela Ponte Preta em frente a 146 mil torcedores corintianos, no domingo anterior, no jogo que ficou marcado pelo maior público da história do Morumbi. 13. A ideia de que aquilo poderia acontecer de novo, como no vice-campeonato de 1974 frente ao Palmeiras, de que a fila continuaria estagnada, era inconcebível naquele ponto.

Veio o segundo tempo, os últimos 45 minutos de espera haviam chegado. Quando o relógio marcava 36, um cruzamento pela direita em falta cobrada por Zé Maria. 12. Basílio desvia no ar. Vaguinho chuta na trave. 11. Wladimir cabeceia e a bola escora na defesa. 10. A sobra é de Basílio, que estufa as redes do Morumbi. 9.

Naquele momento, o jogo se tornou apenas uma pincelada na obra de arte em que o estádio se tornou. 8. Incontáveis abraços e lágrimas foram vistos, e o grito sufocado por 23 anos finalmente foi solto. 7. O som não se limitou àqueles que viam da arquibancada o desenhar da história, um país inteiro escutava em uníssono uma comemoração que ecoa até os dias de hoje.

6. Apita o árbitro Dulcídio Wanderley Boschilia! O Corinthians é Campeão Paulista de 1977! Os corintianos tomavam seu lugar de direito no campo: pedaços do gramado e das redes eram arrancados; alguns caminhavam ajoelhados de uma área até a outra, vivenciando e colecionando pequenos fragmentos daquele dia que nunca seria esquecido. 5.

4. Em derrotas, a torcida adversária costumava contar em voz alta o número de anos de jejum do clube do Parque São Jorge, e ao finalizar a contagem, cantavam “Parabéns pra você”. 3. Isso jamais aconteceria novamente. 2. O orgulho de ser corintiano havia voltado com todas as forças. 1. Em 13 de outubro de 1977, a conta finalmente havia voltado ao zero.

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