“Atores são agentes da mudança. Um filme, uma peça de teatro, uma música ou um livro podem fazer a diferença. Isso pode mudar o mundo”, Alan Rickman.
Nascido em Londres, em 21 de fevereiro de 1946, o ator Alan Rickman, famoso por seus papéis em Duro de Matar (Die Hard, 1988), Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões (Robin Hood: Prince of Thieves, 1991) e Harry Potter (2001 – 2011), nem sempre pensou em ser ator. Sua família nunca foi muito abastada e, aos oito anos seu pai faleceu, dificultando a situação, já que sua mãe teve o papel de criar três filhos sozinha.
Na escola, mostrou grande aptidão para caligrafia e pintura de aquarela, mas é ao ganhar uma bolsa de estudos na Latymer Upper School que ele começa a se destacar no teatro. Entretanto, Alan decide focar sua carreira do design e vira designer gráfico do jornal Notting Hill Herald, já que, de acordo com ele, “Não se considerava muito sensato entrar numa escola de representação aos 18 anos”. Chegou até a abrir uma empresa de design chamada Graphiti.
Todavia, aos 25 anos, Rickman decide seguir seu sonho de ser ator em tempo integral. Ele estudou na famosa Royal Academy of Dramatic Art e começa sua longa carreira nos palcos, que lhe renderam nomeações ao Tony Awards e ao Drama Desk Awards. Além de atuar em peças como Romeu e Julieta, Alan dirigiu My Name Is Rachel Corrie e, por isso, ganhou o prêmio de Melhor Diretor no Theatregoers’ Choice Awards.
Apesar dessa vida nos palcos, a fama internacional de Rickman veio do cinema com seu primeiro papel em Duro de Matar, como o vilão Hans Gruber. Depois disso, o ator foi convidado para interpretar vários outros antagonistas, dando origem a sua reputação por tais personagens. Porém, ele não gosta de ser conhecido por trazer apenas vilões à vida, mas sim “personagens interessantes”.
Rickman foi um dos atores mais versáteis do cinema. Atuou em dramas, aventuras, comédias, animações, curtas, suspenses e todos os gêneros imagináveis. Sua participação no musical Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street, 2007) rendeu elogios da crítica e sua dublagem da Lagarta Azul em Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, 2010) e Alice Através do Espelho (Alice Through the Looking Glass, 2016) conquistou muito fãs. Além disso, ganhou um Globo de Ouro, um Emmy, um Screen Actors Guild Awards e Satellite Award por Rasputin (1996), um BAFTA por Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões e uma indicação ao Emmy por Quase Deuses (Something the Lord Made, 2004).
Alan Rickman sempre acreditou no poder transformador da arte, por isso chegou a ser diretor da escola de atuação em que estudou e ajudou algumas instituições de caridade, como a Saving Faces e a International Performers’ Aid Trust.
Na vida pessoal, Alan foi casado Rima Horton, sua primeira namorada, com quem viveu desde 1977. Ela foi vereadora durante 20 anos e professora de economia na Universidade de Kingston.
Análise de Filmes
Alan Rickman, como citado anteriormente, fez filmes dos mais diversos gêneros. Aqui, foram escolhidos alguns entre os mais famosos e menos famosos a fim de mostrar um panorama da atuação de Rickman. São eles: Três Amores, Uma Paixão (Close My Eyes, 1991), Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, os curtas Dust (Dust, 2013) e The Boy In The Bubble (The Boy In The Bubble, 2011), Harry Potter e A Pedra Filosofal (Harry Potter and The Philosopher’s Stone, 2001), entre outros filmes da saga inspirada nos livros de J.K.Rowling.
Em Sweeney Todd, o personagem de Rickman é realmente um antagonista. O protagonista Sweeney Todd (Johnny Depp) volta a Londres após ser exilado e ter sua esposa assediada por um juiz corrupto, interpretado por Rickman. Todd, então, passa todo longa à procura de vingança após descobrir que o juiz Turpin estuprou sua esposa e sequestrou sua filha recém-nascida. Aqui, Alan mostra seu talento para o terror com um atributo a mais: a música. De maneira brilhante, ele interpreta um dos piores vilões da carreira enquanto canta sem sair do personagem.
Já em Três Amores, Uma Paixão, Alan interpreta Sinclair, marido de Natalie (Saskia Reeves) que acaba por ter um caso com o próprio irmão (Clive Owen). O filme é vanguardista em diversos sentidos: a abordagem de temas como incesto e AIDS, criticando o preconceito contra a doença, não era algo muito visto nos anos 90. A interpretação de Rickman se mostra mais contida, como é pedido no tipo de personagem. Sinclair se mostra o famoso sabe-tudo tagarela, que não se cala por nem cinco segundos, algo que, à primeira vista, parece irritante e ruim. Porém, o personagem, no decorrer no longa, é percebido não como marido vilão, mas como tão vítima das circunstâncias quanto os dois irmãos.
Outro gênero muito bem aproveitado em sua carreira foi o de curtas. Em Dust, vemos Alan perseguindo uma criança e sua mãe até mostrar como uma fada do dente bem sombria, que usa o dente da criança como entorpecente e, com isso, cria asas. Sua atuação revela uma grande dramaticidade, algo característico do ator. Já em The Boy In The Bubble, Rickman é o narrador de uma história poética de primeiro amor. Rupert se apaixona por Jill, mas tem seu coração partido e tenta consertá-lo com uma magia. Mas o feitiço dá errado e ele acaba preso em uma bolha. A narração de Alan traz a poeticidade que o roteiro pede, com rimas e entonação precisas da sua voz profunda, como era conhecida.
Apesar de tudo isso, Alan Rickman ganhou grande fama em seu papel de Severo Snape em Harry Potter. O professor que faz jus ao nome é odiado por personagens e fãs durante quase toda a saga, mas, quando sua história é revelada em Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2 (Harry Potter and the Deathly Hallows, 2011), ele passa a ser um dos personagens mais queridos pelos fãs. A atuação de Rickman foi tão boa que, nos sets dos primeiros filmes, quando Emma Watson (Hermione), Rupert Grint (Rony) e Daniel Radcliffe (Harry) ainda eram crianças, eles tinham medo de se aproximar de Alan.
Rickman faleceu em 12 de janeiro de 2016 com 69 anos, após uma longa batalha contra o câncer no pâncreas. Deixando a esposa, muitos fãs e um legado inigualável, Rickman foi uma das maiores lendas do cinema e nunca será esquecido.
“Eu levo meu trabalho muito a sério e o jeito de fazer isso é não me levar tão a sério”, Alan Rickman.
Por Maria Carolina Soares
mcarolinasoares@uol.com.br