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As ‘campeãs da Europa’: Arsenal conquista seu segundo título da Champions League feminina 

Equipe inglesa não cedeu à pressão das melhores do mundo e derrotou a atual bicampeã em jogo intenso

Por Eduardo Granado (eduardo.prompto.granado@usp.br) e Hellen Perez (hellenindrigoperez@usp.br)

Dezoito anos após conquistar o seu primeiro título da UEFA Women’s Champions League, em 2007, o Arsenal repetiu o feito ao derrotar o Barcelona por 1 a 0. O confronto aconteceu no último sábado (24) e contou com a presença de 38.356 espectadores nas arquibancadas do Estádio José Alvalade, em Lisboa.

Ao competir a sua quinta final consecutiva, o Barcelona perdeu a chance de conquistar o quarto título e o tricampeonato seguido. Por outro lado, o Arsenal garantiu a sua segunda taça na história da competição.

Barcelona: o grande goleador

Vencedora das duas últimas edições do torneio, em 2023 e 2024, a equipe catalã enfrentou o Manchester City, o St. Pölten e o Hammarby na fase de grupos deste ano. Com cinco vitórias e uma derrota, o Barcelona manteve a reputação de campeão e se classificou em primeiro lugar no grupo D. Apesar de ter empatado com o Manchester City – ambos obtiveram 15 pontos -, o saldo de gols determinou o time bicampeão como líder.

Nas quartas de final, o Barcelona enfrentou o Wolfsburg, da Alemanha. Mesmo jogando fora de casa, a equipe conquistou um placar de 4 a 1 no jogo de ida. Já no segundo confronto, o Estádio Johan Cruyff foi palco para uma goleada: o time da casa marcou seis gols e sofreu apenas um. Com um placar agregado de 10 a 2, o Barcelona se classificou para a semifinal.

O adversário seguinte foi o Chelsea, nas semifinais. Após vencer os jogos de ida e volta pelo mesmo placar e conquistar um agregado de 8 a 2, a equipe da Espanha seguiu para a grande final.

Além da disputa pela Champions, o Barcelona conquistou a Supercopa da Espanha e a Liga F. O time também se classificou para a final da Copa de La Reina, que acontecerá no dia sete de junho. Entre as 48 partidas que disputou na temporada, a equipe venceu 44 e alcançou a marca de 202 gols. 

Elenco do Barcelona feminino posando para uma foto

Alexia Putellas e Aitana Bonmatí, jogadoras do Barcelona, venceram as quatro últimas premiações da bola de ouro, duas para cada [Imagem: Reprodução/X: FCBfemini]

Arsenal: as gunners em busca do bicampeonato 

Após começo de temporada conturbado, a equipe londrina terminou o campeonato nacional na segunda posição, atrás do rival Chelsea. Nas copas o time foi eliminado para o Liverpool na FA Cup e Manchester City na Copa da Liga, nas quartas de final e semifinal, respectivamente. Assim, a Champions League era a última esperança de título na temporada.

O Arsenal iniciou a competição no grupo C, ao lado de Bayern Munique, Juventus e Valerenga. Após a derrota fora de casa na estreia contra a equipe alemã, foram 5 vitórias seguidas, garantindo a primeira colocação do grupo.

O primeiro desafio na fase eliminatória foi contra a equipe do Real Madrid nas quartas de finais. Depois de perder a primeira partida por 2 a 0 na Espanha, a equipe reverteu o placar,  vencendo por 3 a 0 na Inglaterra.

Nas semifinais a equipe londrina enfrentou o maior vencedor da competição e o até então vice-campeão: o Lyon, de estrelas como a lendária zagueira Renard e a já vencedora da bola de ouro Ada Hegerberg. No primeiro jogo em casa, o Arsenal foi derrotado por 2 a 1. Porém, em território francês, a equipe emplacou um 4 a 1 de maneira avassaladora e se classificou para a final do campeonato.

Elenco do Arsenal feminino posando para uma foto

É a primeira vez que o Arsenal chega à final da competição após o título de 2007 [Imagem: Reprodução/X: ArsenalWFC]

Escalações para o jogo

As duas equipes possuíam força total para a grande final, com escalações idênticas às usadas nos jogos de volta das semifinais.A atual campeã chegava à final escalada no tradicional 4-3-3 utilizado pela equipe durante toda a competição. As craques Aitana Bonmati e Alexia Putellas jogavam por dentro, buscando as pontas Graham Hansen e Claudia Pina e os avanços das laterais Fridolina Rolfö e Ona Batlle, protegidas por Patri Guijarro,volante de proteção. A equipe catalã manteve a formação durante todas as fases do jogo.

Já o Arsenal vinha para a decisão em um 4-2-3-1, com bastante variação durante o decorrer da partida. Ao se defender, as inglesas alternavam entre um 4-4-1-1 ou 4-4-2, com Maanum avançando com Alessia Russo e Foord e Kelly fechando o meio campo. Atacando, o time se comportava como a formação prevista, com Foord vindo para o meio muitas vezes, liberando o corredor para McCabe.

O Jogo

Primeiro tempo ー O duelo das campeãs

Já nos primeiros minutos da grande final, as duas equipes mostraram que haviam entrado em campo com sede de vitória. Apesar de atacar mais e manter a posse de bola, o Barcelona sofreu com a pressão do Arsenal e teve dificuldades para finalizar as jogadas.

Aos 10’, após uma excelente roubada de bola do time inglês, Foord recebeu um cruzamento de Little, mas cabeceou para fora. A chance perdida do Arsenal incendiou o Barcelona, que no minuto seguinte empurrou o rival para o campo de defesa e abriu caminho para um chute de Aitana em direção ao gol. Porém, um excelente bloqueio da zaga levou a bola sem perigo para as mãos de Van Domselaar.

O jogo seguiu truncado e sem chances claras para nenhuma das equipes até os 21’, quando Paredes interceptou um cruzamento de Chloe Kelly e marcou um gol contra. Para a sorte da zagueira, o VAR marcou o impedimento de Kelly na jogada e anulou o gol. O Arsenal cresceu depois de quase abrir o placar: aos 26’, Maanum chutou com perigo de fora da grande área e forçou uma ótima defesa de Cata Coll.

A consistência de ambos os times se manteve, embora o Arsenal tenha se destacado pelo bom ritmo defensivo. Aos 30’, Aitana encontrou uma brecha na zaga e tentou finalizar, mas o chute foi direto para as mãos da goleira adversária. A partir desse momento o Barcelona passou a dominar mais o campo e manter a posse de bola, mas sem levar perigo ao gol de Domselaar.

Com algumas chances desperdiçadas e apenas um minuto de acréscimo, o primeiro tempo terminou como começou: com um placar de 0 a 0 e muita intensidade por parte dos dois times.O saldo foi positivo para o Arsenal, que conseguiu barrar o ataque da equipe que se consolidou como a grande goleadora da temporada.

Segundo Tempo

Para o segundo tempo não houve mudanças nas duas partes, porém as atuais campeãs se impuseram e dominaram os primeiros minutos. Logo aos 48’, Clàudia Pina finalizou e, com desvio, a bola bateu no travessão.

Com o decorrer do tempo, o Barcelona se manteve no campo de ataque, com muitas finalizações. O ajuste e pressão na saída de bola realizada pela equipe catalã incomodou o Arsenal, que não conseguia avançar. As mudanças começaram a ocorrer aos 62’,com a entrada de Paralluello no lugar de Pina, o que deu sangue novo ao lado esquerdo do Barcelona. Aos 67’, Renée Slegers, técnica das inglesas, substituiu Kelly e Maanum para a entrada de Mead e Blackstenius, a última para jogar de centroavante e recuar Russo para armar o jogo, mudanças que mudariam o rumo da final.

O Barcelona parecia estar mais próximo do gol. Contudo, aos 71’, Blackstenius teve sua primeira chance de abrir o placar em um contra ataque, mas parou em Cata Coll. Logo em seguida, no desenrolar da jogada, Pajor cabeceou por cima do gol.

Apenas três minutos depois, saiu o primeiro, e único, gol da partida. Em  escanteio para as inglesas, cobrado por Mariona Caldentey, ex-jogadora catalã, a defesa espanhola afastou mal e a bola sobrou para Little. A escocesa devolveu  a bola para Caldentey, que encontrou Mead na entrada da área. A ponta passou para Blackstenius balançar as redes, em chute cruzado.

O resto do jogo foi um ataque contra defesa. Entretanto as espanholas não levaram perigo real ao gol inglês, defendido por um sistema que frustrou a máquina de gols catalã. Aos 97’ a croata Ivana Martinčić, árbitra da partida, apitou pela última vez em Lisboa, sagrando assim o Arsenal, pela segunda vez, campeão da Champions League feminina, após 18 anos.

Destaques da partida

Aitana Bonmati: apesar da derrota na partida, a espanhola mostrou porque é a atual vencedora da Bola de Ouro, do The Best e eleita a melhor jogadora da competição. Aitana foi a principal construtora da equipe catalã durante todo o jogo, tanto ao pegar a bola sob pressão no campo defensivo, quanto ao finalizar as jogadas, com jogadas em que parecia imparável.

Renée Slegers: impossível não destacar a participação da treinadora holandesa na final e durante toda temporada. Slegers assumiu o cargo de técnica após a demissão de Jonas Eidevall no início da temporada, como interina. Porém, ganhou a confiança das jogadoras e da torcida e seguiu até o título do campeonato europeu. Na final, a equipe londrina montou um sistema defensivo que frustrou a atual bicampeã, que parecia imparável, além do gol ter a participação direta de duas jogadoras que saíram do banco – Blackstenius e Mead.

Treinadora do Arsenal segurando a taça da Champions League feminina

A treinadora tem 25 vitórias e um empate em 33 jogos, aproximadamente 76% de  aproveitamento [Imagem/X: ArsenalWFC]

Williamson: a zagueira inglesa foi fundamental para o título e a principal peça na última linha defensiva do Arsenal. Williamson não perdeu nenhum duelo defensivo na partida e mostrou segurança quando teve a bola nos pés.

Little: a escocesa não é a capitã e camisa 10 da equipe à toa. Little foi o equilíbrio da equipe no jogo. Fantástica com a bola no pé e defensivamente sólida, foi ela que recuperou a bola para a jogada do gol das inglesas.

Foord: até ser substituída, Foord foi uma leoa em campo. Defensivamente ajudou na dura missão de marcar Aitana e as investidas do lado direito catalão. Ofensivamente foi uma ameaça na partida para a lateral Batlle, ao partir para o confronto um contra um ou causar confusão ao liberar o corredor para McCabe.

Blackstenius/Mead: Duas substituições que entraram para história da competição. As atletas entraram juntas em campo e participaram diretamente do único gol da final. Mead entrou no lugar de Kelly pela direita e ficou responsável pela marcação nas subidas de Rolfö e pelas escapadas do Arsenal no segundo tempo. Já Blackstenius entrou para fazer a função de camisa 9, teve uma chance em um contra ataque – parada pela goleira catalã –,mas após passe de Mead, balançou as redes e foi eleita a melhor em campo na final.

Ficha técnica

Arsenal 1×0 Barcelona

Data: 24 de maio de 2025

Horário: 13 horas (horário de Brasília)

Arsenal (4-2-3-1): Van Domselaar, Fox, Williamson, Catley, McCabe, Little, Maanum (Blackstenius 67’), Caldentey, Kelly (Mead 67’), Russo (Wubben-Moy 91’), Foord (Hurtig 86’)

Barcelona (4-3-3): Cata Coll, O. Battle, Paredes, Maria León (Engen 78’), Rolfö (Brugts 78’), Aitana, Patri, Alexia, Graham, Pajor, Pina (Paralluelo 62’)

Gol: Stina Blackstenius (74’)

Cartões amarelos: Arsenal 一 Kelly (65’) e Barton (89’); Barcelona 一 Paredes (50’), Pina (87’) e Paralluelo (88’)

Cartão vermelho: Navarro Serres (98’)

Árbitra: Ivana Martinčić (Croácia)

*Foto de capa: [Reprodução/X: @ArsenalWFC]

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