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As muitas referências e as várias Taylors de Look What You Made Me Do

Durante a cerimônia de premiação do Video Music Awards (VMA), Taylor Swift fez a estreia mundial do primeiro clipe de seu novo álbum Reputation, Look What You Made Me Do. A ideia geral do vídeo é mostrar que, como ela diz na música, a “Taylor antiga está morta” e, para mostrar isso, mistura referências de …

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Durante a cerimônia de premiação do Video Music Awards (VMA), Taylor Swift fez a estreia mundial do primeiro clipe de seu novo álbum Reputation, Look What You Made Me Do. A ideia geral do vídeo é mostrar que, como ela diz na música, a “Taylor antiga está morta” e, para mostrar isso, mistura referências de cantoras pop e da própria carreira de Taylor, fazendo alusão a desentendimentos que ela teve com outras pessoas ao longo dos anos.

A letra da música, por si só, já está lotada de indiretas, como o fato de a batida principal ser a mesma de uma faixa da trilha sonora do filme Meninas Malvadas, mas o clipe consolida isso de uma maneira muito interessante e cheia de uma estética diferente dos vídeos anteriores da cantora. Aqui, destrinchamos as referências para quem está por fora de todo esse desentendimento da música pop.

Ícones do Pop

O vídeo começa com Taylor saindo de uma cova no cemitério, literalmente “voltando dos mortos” (“honey, I rose up from the dead”). A cena em si e a forma como ela se movimenta fazem lembrar um dos álbuns de maior sucesso de todos os tempos: Thriller, de Michael Jackson. Recentemente, foi divulgada uma lista mostrando que Michael, mesmo depois de anos de sua morte, vende mais do que todos os cantores de sucesso de hoje, inclusive a própria Taylor, o que pode ter motivado a cena. Além disso, vemos em uma das lápides o nome “Nils Sjoberg”, o pseudônimo usado por ela para compor This Is What You Came For, com Calvin Harris. Tal música foi a causa de uma enorme discórdia entre os dois, já que ele não queria admitir o fato e pagar os direitos autorais para a ex-namorada.

Logo depois, vemos Swift em uma banheira cheia de joias, em referência clara ao clipe de This Is How We Do de sua maior rival, Katy Perry. A briga vem das duas vem de longe. Em 2013, durante a turnê Red de Taylor, Katy convidou três de seus dançarinos para fazer sua Prismatic Tour e foi aí que tudo começou. Alguns ainda acharam que a causa poderia ser o fato de ambas terem namorado John Mayer, mas Taylor logo desmentiu dizendo: “Isso é sobre negócios”. Desde então, tivemos um show de hostilidades entre as duas. Fora as entrevistas e comentários nas redes sociais, Taylor lançou a música Bad Blood sobre a briga e Katy respondeu com Swish Swish.

Essa cena de Taylor na banheira pode ainda significar uma resposta a todos que a chamam de “mercenária” e dizem que a cantora “chora as mágoas em uma banheira de diamantes”, algo que ela mesma contou que já ouviu em uma entrevista. Também em meio às joias, é possível enxergar uma única nota de 1 dólar, que faz alusão ao processo ganho por Taylor contra o radialista que a assediou em um Meet & Greet. De indenização, ele pedia milhões, já ela só pediu 1 dólar.

A cena seguinte mostra Swift em um trono dourado, cercada de cobras. O que não falta são vídeos de divas pop em tronos. Isso já é um clichê na música. Temos Beyoncé, Rihanna e muitas mais. Entretanto, Katy Perry também senta em um no clipe de Dark Horse, com Juicy J. E é essa a alusão mais provável. Além disso, as cobras que rastejam pela sala lembram o vídeo Slave 4 You, de Britney Spears, famoso pela cantora dançar com uma enorme nos braços. Além disso, outra referência ao animal se manifesta no fato de que, quando aconteceu todo o desentendimento entre Taylor, Kanye e Kim Kardashian no ano passado, as redes sociais da cantora foram abarrotadas de emojis de cobra, como retaliação dos haters. Mas, mais uma vez, ela se apropriou de uma narrativa construída contra ela e a transformou em música, como em Blank Space. No trono de Taylor, vemos escrito “Et Tu Brute”, frase que teria sido dita por Júlio César após ser traído pelo amigo Brutus, na Roma Antiga.

Já a próxima referência não podia estar mais clara. Taylor, na cena em que bate um carro em um poste, tem o cabelo penteado da mesma forma que o de Katy Perry, mostrando uma semelhança enorme com a cantora de Swish Swish. Além disso, Swift carrega uma estatueta do Grammy nas mãos, em referência ao fato de que Perry foi indicada várias vezes e não ganhou nenhum, enquanto ela possui 10. O carro quebrado também nos faz lembrar do início do clipe de Bad Blood, no qual Taylor cai em um carro de luxo.

Na cena seguinte, vemos Taylor presa em uma gaiola, fazendo referência a outra diva da música pop: Miley Cyrus. Em seu clipe de Can’t Be Tamed, Cyrus é mostrada como um animal exótico em uma jaula que é fotografado e admirado por várias pessoas. Aqui, Swift pode estar querendo mostrar como a vida pessoal dela é constantemente escrutinada pela mídia e pelo público, em que qualquer ato seu é criticado. Sua roupa também lembra os uniformes usados nos presídios americanos devido ao seu tom de laranja. Ainda nessa parte, Taylor mostra um banquete (“you locked me out and threw a feast”) com lagosta e um rato preso em uma ratoeira.

Depois, vemos Taylor como a líder de uma gangue assaltando a uma sede de um serviço de streaming, enquanto ela destrói o lugar com um taco de beisebol. Só aí já temos mais referências do que podemos contar. A gangue representa seu grupo de amigas que já foi constantemente criticado ao apoiá-la nessas brigas com outros famosos, principalmente pela aparição no clipe de Bad Blood. O assalto se trata de uma nova referência ao suposto hábito de Taylor fazer qualquer coisa por dinheiro, por conta de sua relação tumultuosa com serviços de streaming de música , como Spotify e Apple Music. Já o taco remete ao famoso clipe de Beyoncé Hold Up, em que a cantora destrói tudo ao seu redor com tal arma.

Depois, vemos Swift com algumas amigas, de roupas pretas e cada uma em sua motocicleta. Isso remete a Lady Gaga, que apareceu várias vezes em motos, tanto em performances como em vídeos. Exemplos são o clipe de Judas e a própria capa do cd Born This Way. As roupas pretas com spikes também fazem referência a Gaga.

Na cena seguinte, Taylor aparece como a chefe de uma fábrica de bonecas, com roupas pretas de couro. O modelo no figurino lembra Madonna, assim como o cabelo colocado de lado. Mas, além disso, a cena remete a quando Swift foi acusada de louvar corpos magros e brancos em seus clipes e na ideia de seu “squad”, o grupo de amigas próximas e influentes (que geralmente estavam de acordo com os padrões de beleza vigentes) que ganhou notoriedade durante a era 1989, sendo colocado como símbolo da aproximação da cantora ao feminismo — e, justamente por isso, questionado por sua falta de inclusividade e suposta ilegitimidade. Também podemos lembrar da música feita por John Mayer, intitulada Paper Doll (boneca de papel), em resposta ao single Dear John, de Taylor.

Já na cena principal do vídeo, em que Taylor está em sua mansão com diversos empregados, temos uma alusão direta a seu clipe de Blank Space, no qual a cantora utilizou o ponto de vista criado pela mídia (de que ela seria uma ‘assustadora de homens’) para escrever um de seus maiores singles. Também vemos aqui uma referência ao alegação de que Taylor seria manipuladora e má. As blusas usadas pelos seus empregados, com os escritos “I <3 TS” remetem quando a cantora namorava Tom Hiddleston, que , durante uma comemoração de Quatro de Julho, usou uma camiseta com os mesmos dizeres. Nessa locação, Swift também faz uma coreografia muito bem elaborada, o completo do oposto do que estava acostumada a fazer. Aqui, lembramos de diversas cantoras, mas principalmente Beyoncé, que sempre tem rotinas de dança complicadas em suas apresentações.

As várias Taylors

Outra coisa que se destaca no clipe de Look What You Made Me Do é a representação de várias versões da cantora, tanto na cena em que todas brigam e tentam alcançar a Taylor atual quanto no final, no qual uma conversa com a outra. Ao todo, são 15 alter egos que, segundo teorias da internet, representariam as quinze músicas do novo álbum.

Essa é uma alusão às inúmeras vezes que Taylor foi chamada de falsa e também, novamente, à música de John Mayer. Nela, o cantor diz: “É como se você fosse 22 garotas em uma e nenhuma delas sabe do que está fugindo”.

Taylor mostra sua personalidade em diversas situações, somadas às apresentadas no clipe. Temos a ingênua do vídeo de You Belong With Me, com nomes de amigos, como Ed Sheeran e Lena Dunham, escritos na camiseta; a emotiva da era Fearless com seu violão brilhante e o 13 pintado nas costas da mão; a Taylor durante o discurso do VMA que ficou famoso por ser interrompido por Kanye West e iniciar a guerra entre os dois; a do MET Gala de 2014, representando sua presença em premiações; a Taylor com figurino da Red Tour, relembrando a briga com Katy Perry novamente e representando suas turnês. Além dessas, temos a Taylor vestida de bailarina para o clipe de Shake It Off e a Taylor com a roupa do vídeo de Out Of The Woods. Na “pilha de Taylors” brigando ainda conseguimos identificar as várias roupas vestidas no vídeo de We Are Never Ever Getting Back Together, na 1989 World Tour e no VMA de 2015, quando houve a estreia do clipe de Bad Blood.

Com a era Reputation, Taylor pretende brincar com as várias imagens criadas sobre ela, respondendo a todas as críticas. Sua sonoridade amadureceu, adentrando ainda mais no terreno do pop, e isso já mostrou resultados. A cantora já quebrou recordes no YouTube e no Spotify, além de ter sua música em primeiro lugar em mais de 90 países no dia do lançamento. O álbum está programado para 10 de novembro e Swift já anunciou uma turnê norte-americana.

Maria Carolina Soares
mcarolinasoares@uol.com.br

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