Na manhã de sábado (29), a Jamaica venceu seu primeiro jogo da Copa do Mundo Feminina por 1 a 0 contra o Panamá. Apesar do equilíbrio nas estatísticas, o elevado volume de jogo das jamaicanas foi fundamental para romper a retranca da seleção panamenha. No primeiro tempo, a pressão das Reggae Girlz não teve resultado no placar, mas o gol de Swaby no início do segundo tempo garantiu a vitória pelo placar mínimo.
Em partida válida pela segunda rodada da fase de grupos, as jamaicanas saíram com os três pontos, embolaram o grupo F e dificultaram a classificação brasileira para a próxima fase. A Jamaica permanece invicta e ainda não sofreu gols na competição. O confronto contra o Brasil será um duelo direto pela vaga nas oitavas. Já o Panamá não tem mais chances de avançar na Copa do Mundo.
O apito final representou mais do que os três pontos para a seleção – foi uma vitória das mulheres jamaicanas [Imagem: Reprodução/Instagram/JFF Football]
Como chegaram as seleções para a partida?
Na primeira rodada, o Panamá sofreu uma goleada de 4 a 0 para o Brasil, jogo que marcou a estreia da seleção feminina do país em Copas do Mundo. Com apenas duas finalizações a gol, 27% de posse de bola e 55% de precisão de passe, a seleção panamenha tentou segurar o poderoso ataque brasileiro, mas não evitou a derrota. A equipe entrou em campo contra a Jamaica precisando de uma vitória para sonhar com a próxima fase.
Por sua vez, a Jamaica obteve um resultado impressionante contra a França. Contra uma das favoritas ao título do torneio, o empate por 0 a 0 representou a chance de lutar pela classificação para as oitavas de final. A defesa conteve as investidas francesas e, mesmo sem oferecer perigo às adversárias, garantiu o empate. Essa foi a primeira vez que a seleção jamaicana não saiu derrotada em um jogo da Copa do Mundo – foram três partidas e três reveses até então.
Nos acréscimos do segundo tempo do embate contra a França, a Jamaica teve uma perda para o próximo jogo: a atacante Khadija Shaw recebeu o segundo cartão amarelo por entrada perigosa e foi expulsa da partida. Assim, ela desfalcou as Reggae Girlz para o confronto contra o Panamá. Shaw, camisa 11, é a maior artilheira da história da seleção feminina, com 55 gols. Pelo clube, ela acumulou 31 gols e 10 assistências em 31 jogos disputados.
Primeiro tempo: Jamaica pressiona, mas sem sucesso
Desde o início, a Jamaica entrou em campo pressionando a marcação quando perdia a bola, tentando furar a linha de cinco do Panamá com jogadas pelo meio. A meio-campista jamaicana Spence articulou a construção das ações ofensivas durante o primeiro tempo. Aos 7′, a camisa 8 lançou para Primus, que tentou chute de cobertura, ficou com o rebote e finalizou para fora. Três minutos depois, Spence lançou McKenna em profundidade, que cruzou para Carter, mas a lateral esquerda Salazar fez o corte.
Além de Spence, quem teve participação efetiva no ataque foi Primus. Aos 11′, Carter cobrou escanteio preciso para um voleio da camisa 20 na área, mas o chute foi desviado para nova cobrança. Aos 27′, Primus bateu de fora da área, com perigo, mas a bola passou por cima do travessão da goleira panamenha Bailey.
O Panamá passou a ter dificuldades na transição de jogo e apostou no contra-ataque e nas jogadas pelo lado direito, com as meias Emily e Lilith Cedeño forçando erros da jamaicana Blackwood. Las Canaleras não conseguiram encaixar passes consecutivos para chegar ao campo de ataque e aplicaram a retranca. Emily Cadeño e Salazar levaram cartões amarelos na contenção das jogadas adversárias.
Sem conseguir trabalhar a posse de bola, Panamá passou a utilizar jogadas aéreas [Imagem: Reprodução/Twitter/FEPAFUT]
A Jamaica subiu o posicionamento de sua linha de marcação alta e obrigou a seleção panamenha a fazer lançamentos para o ataque. Com bola roubada no campo adversário, aos 33′, Spence fez boa jogada individual na ponta direita, driblou a defensora e finalizou com perigo na rede pelo lado de fora. Dois minutos depois, Sampson bateu colocado no ângulo esquerdo, de fora da área, para defesa de Bailey.
A primeira grande chance do Panamá surgiu aos 40′. A zagueira Sampson falhou no domínio do lateral e Cox chutou de dentro da área para fácil defesa da goleira. A camisa 10 protagonizou as ações ofensivas da equipe, com boa visão de jogo, mas quase não teve oportunidades. A seleção não conseguiu colocar a bola nos pés da centroavante Tanner – o Panamá teve 56% de acerto nos passes no primeiro tempo, estatística que exibe a dificuldade em permanecer com a posse de bola.
Aos 45 + 1′, Spence acertou o travessão em cobrança de falta na entrada da área e a goleira desviou a bola, mas a árbitra Kateryna Monsul não percebeu. Em seguida, com o relógio marcando 45 + 3′, a zagueira panamenha Natis cabeceou para defesa fácil da goleira, após cobrança de escanteio que marcou o fim do primeiro tempo. A Jamaica teve maior volume de jogo, construiu as melhores oportunidades de gol, mas não conseguiu concluí-las – foram zero finalizações no gol.
Mesmo na fria noite de Perth, a torcida jamaicana marcou presença no apoio às Reggae Girlz [Imagem: Reprodução/Instagram/JFF Football]
Segundo tempo: Cinco minutos de pressão fizeram efeito
No intervalo, o treinador do Panamá, Ignacio Quintana, fez uma substituição no time titular: saiu Salazar e entrou Quintero na lateral direita – Salazar mudou de lado durante o primeiro tempo. O objetivo do técnico se mostrou logo de início: a seleção seguiu atacando o lado direito devido à fragilidade de Blackwood. Aos 47′, Cedeño cruzou para Quintero, mas a bola foi desviada para escanteio. O Panamá conseguiu manter mais a bola no pé e tomou melhores decisões no passe.
Porém, o domínio ofensivo da Jamaica voltou a aparecer, com potência avassaladora. Aos 51′, a seleção chegou duas vezes pela ponta esquerda com Brown, mas sem finalizações. McKenna pediu pênalti por contato sofrido dentro da área dois minutos depois e a arbitragem mandou seguir o jogo. Aos 55′, a Jamaica atacou novamente pelo lado esquerdo, em velocidade com Brown, e a bola sobrou dentro da área nos pés de Carter, que chutou em cima de Natis.
Na jogada seguinte, aos 56′, Carter cobrou o escanteio no primeiro pau para cabeceio fatal da capitã Swaby, sem chance de defesa para Bailey. Esse foi o segundo gol das jamaicanas na história da competição e o primeiro na atual edição. A pressão surtiu efeito e a Jamaica abriu o placar: 1 a 0.
Swaby comemora o gol decisivo da primeira vitória jamaicana na história da Copa do Mundo Feminina [Imagem: Reprodução/Twitter/JFF Football]
Mesmo com o gol, o time comandado por Lorne Donaldson apostou na subida do bloco médio para acelerar a transição ofensiva, mas sem efetividade no passe final. Enquanto isso, o Panamá buscou lançamentos verticais e aumentou o volume de jogo, pressionando a marcação. Aos 76′, Cox cruzou da direita, mas Cameron conseguiu o corte preventivo e mandou a bola para escanteio, evitando que Tanner ficasse cara a cara com a goleira Spencer.
Nos minutos finais, a Jamaica finalizou duas vezes com McNamara e Matthews e, aos 90 + 2′, ficou próxima de ampliar o placar: Spence chutou de fora da área, a bola tocou no braço de Natis dentro da área e a árbitra Kateryna Monsul marcou o pênalti. O VAR a chamou para conferir a marcação da penalidade e ela voltou atrás – a zagueira panamenha colocou o braço à frente do rosto em reação natural de proteção, conforme veredito da arbitragem.
O Panamá ainda conseguiu mais três escanteios. Aos 90 + 8′, a seleção teve a última oportunidade de empate: Cox tentou um voleio de fora da área, mas a goleira segurou a bola com tranquilidade. Kateryna Monsul apitou o final do jogo e a Jamaica venceu o Panamá por 1 a 0 com gol de Swaby.
FICOU DIFÍCIL PRO BRASIL! | PANAMÁ 0 X 1 JAMAICA | COPA DO MUNDO FEMININA FIFA™️ 2023
Ficha técnica
A partida foi disputada às 09h30 (horário de Brasília) no HBF Park, na cidade de Perth, na Austrália. O público presente foi de 15.987 pessoas. Confira as escalações iniciais:
Panamá (5-4-1): Bailey, Natis, Pinzon, Baltrip-Reyes, Castillo, Salazar, Gonzalez, Emily Cedeño, Lilith Cedenõ, Cox e Tanner. Técnico: Ignacio Quintana.
Jamaica (4-1-2-3): Spencer, Chantelle Swaby, Allyson Swaby, Blackwood, Cameron, Sampson, Spence, Primus, Carter, Brown e McKenna. Técnico: Lorne Donaldson.
*Imagem de capa: Reprodução/Instagram/JFF Football