Foi-se o tempo em que brechó era motivo de piada e sinônimo de roupa velha. De uns tempos para cá, essas lojas vêm se tornando as queridinhas de fashionistas mundo afora, por oferecer peças com ar mais vintage e original, que são uma saída às opções disponíveis em lojas convencionais. Afinal, em brechós é possível reviver tendências já não mais comercializadas e encontrar peças quase exclusivas. Além disso, os brechós modernos passam longe das roupas sujas e rasgadas do imaginário popular: é possível encontrar peças praticamente novas e até mesmo de grife. Tudo isso a um preço bastante acessível.
E diante da recente popularização dessas lojas, o segmento de roupas de segunda mão chegou também à internet, de modo que brechós online vêm se tornando cada vez mais frequentes.
Neste tipo de e-commerce, há peças para os mais diversos gostos e bolsos. Assim como nos brechós físicos, os produtos comercializados vêm de pessoas comuns, que os vendem por uma série de motivos: alguns porque enjoaram do produto, outros porque compraram de um tamanho errado, e há ainda aqueles que compraram algo por impulso e depois acabaram não usando – quem nunca?
Mas, não pense que só de pechinchas vivem os brechós, alguns se especializam justamente em roupas de grife, com preços que podem chegar a várias centenas de reais e, ainda assim, as peças acabam vendidas por um valor imensamente menor do que quando novas. Lojas como a Peguei Bode, Trashchic, Etiqueta Única e Madame Recicla são referências nesse segmento de “brechós de luxo”.
Além do bom preço, a variedade é uma das maiores vantagens dos brechós online. “Já comprei em brechós físicos e onlines, mas hoje prefiro os onlines pela variedade opções. Afinal, é possivel olhar em vários sites em um só dia, e não seria tão fácil assim se fosse em uma loja física”, afirma a estudante Lívia Moraes Santos. Para Lucas Rodrigues, funcionário do brechó online Enjoei, a compra via internet também traz muito mais comodidade. “No caso de quem gosta de garimpar, é muito mais confortável navegar por páginas e páginas e escolher a peça mais desejada. Tem menos pó, tem menos ácaro”.
Outro ponto positivo em relação aos brechós é que estes também têm uma pegada ambiental. Afinal, muitas roupas que iriam para o lixo por falta de uso acabam sendo reutilizadas. Jack Ruiz, dona da loja “Jack Ruiz store”, chama essa prática de “sustentabilidade da moda”. “Podemos aliviar nossos guarda-roupas de peças maravilhosas que não queremos repetir e/ou que compramos e nunca usamos. E em contrapartida, achar peças lindas para renovar nossos guarda-roupas”, argumenta ela.
A venda de roupas de segunda mão, contudo, não significa que os produtos tenham baixa qualidade ou estejam estragados. Jack conta que seleciona todos os produtos vendidos: “só coloco a venda peças em excelente estado”, diz ela. No caso de artigos de grife, por exemplo, as lojas afirmam exigir dos vendedores comprovantes como nota fiscal, além de analisarem pessoalmente o produto, de modo a se certificarem de que este é realmente original e que está em bom estado.
Porém, apesar das inúmeras vantagens das lojas virtuais, estas acabam privando o comprador daquele gostinho prazeroso de experimentar a peça e ver se ela fica bem no corpo. É o que afirma a estudante Gabriela Carvejani, pois, apesar de comprar sempre em bazares online, ela não nega as vantagens de uma loja física. “Sempre é melhor um bazar físico, porque você pode tocar, ver, provar o produto, e o principal de um brechó: pechinchar!”
Assim, para escapar de inconvenientes ao comprar em lojas virtuais, é indispensável olhar com atenção os detalhes sobre a roupa e as fotos disponíveis. Se elas não forem suficientes para que você tome uma decisão, não hesite em mandar um e-mail pedindo mais imagens e informações. Uma boa dica é checar as redes sociais antes da compra. A página do Facebook da loja, por exemplo, pode conter comentários valiosos de clientes que já compraram lá. Também é bom ficar atento à política de troca e devolução. Leia com calma todas as informações para evitar dor de cabeça no futuro.
Portais como o Enjoei e o Roupa SOS trabalham como intermediários dos vendedores, funcionando como uma plataforma em que as pessoas podem colocar suas roupas à venda e ficar com parte do lucro (uma espécie de “Mercado Livre” da moda). Neste caso, não ocorre uma seleção prévia dos produtos vendidos, e portanto, cabe ao próprio comprador analisar tudo com cuidado. Porém, como o contato com o vendedor é direto, é mais fácil pedir maiores informações e até mesmo um desconto.
Quanto ao pagamento, fique atento à reputação da loja e dê preferência àquelas que possuam certificados de segurança e que utilizem ferramentas como o PagSeguro e Moip. Com estes serviços, o comprador pode requisitar reembolso se o produto não chegar, o que diminui os riscos da compra dar errado.
Depois de tomar todos esses cuidados, é só barganhar bastante para encontrar as peças perfeitas. Boas compras!
por Carolina Oliveira
carollfts@gmail.com