Com uma importante vitória contra a Tunísia, os australianos chegam à terceira rodada da fase de grupos da Copa do Mundo em busca de, ao menos, um empate para repetir o feito de 2006 e garantir a classificação às oitavas de final do torneio. Na segunda posição do Grupo C, a Austrália se prepara para enfrentar a Dinamarca nesta quarta-feira (30).
Que Austrália é essa?
Comandados pelo, também australiano, Graham Arnold, os Socceroos chegam ao Catar com um elenco envelhecido, de poucas renovações e sem a presença de sua grande estrela – Tim Cahill –, aposentado após a Copa da Rússia, em 2018. Hoje, o esquadrão é liderado por Mathew Leckie, ponta esquerda de 31 anos, com passagens pelo futebol alemão e responsável pela única assistência da equipe até o momento no torneio.
Além do ex-ponteiro do Hertha Berlim, os australianos contam, entre os seus principais destaques, com o goleiro do Copenhagen e capitão do elenco, Mathew Ryan, o jovem zagueiro do Stoke City, Harry Souttar e o vetereno, Aaron Mooy, meio campista do Celtic. No entanto, os únicos gols do plantel ficaram na conta de Craig Goodwin, ponta esquerda que jogou improvisado, na direita, contra os franceses e do centroavante, Mitchell Duke, destaque do triunfo contra a Tunísia.
Caminho até o Catar
Com a eliminação precoce na Copa de 2018, a seleção australiana se despediu do holandês Bert van Marwijk – contratado, somente, para disputar o campeonato – e foi atrás do ex-técnico do Sydney FC, Graham Arnold. Neste novo ciclo, Arnold acompanhou os Socceroos por 32 partidas. Apesar da dificuldade para se classificar ao mundial, o elenco chega às portas do mundo árabe com 21 vitórias, sete derrotas e apenas quatro empates.
A média de 2,19 gols por jogo, contra 0,91 sofridos, é outro índice positivo, o qual não condiz com o nível do futebol apresentado pelos australianos. Nos últimos quatro anos, os cangurus auri-verdes colecionaram maus resultados nas principais competições disputadas. Ainda no início do trabalho de Arnold, em 2019, o elenco se despediu mais cedo da Copa das Nações da Ásia, com uma derrota por 1 a 0, nas quartas de finais, para os Emirados Árabes Unidos.
A saída antecipada foi um banho de água fria para a torcida, que após comemorar a conquista do título, em 2015, sonhava com um bicampeonato continental. No entanto, se viu obrigada a assistir uma má exibição australiana e testemunhar a vitória dos anfitriões – e já eliminados – da Copa, o Catar.
Eliminatórias para a Copa
O caminho traçado nas Eliminatórias Asiáticas para a Copa do Mundo também não foi nada fácil. Apesar de uma classificação invicta para a segunda fase de grupos do pré-torneio, ao chegar lá, os Socceroos não conseguiram manter o mesmo desempenho. Dos dez jogos disputados, foram quatro vitórias, três empates e três derrotas – sendo elas, duas para o Japão e uma para a Arábia Saudita.
A atuação mediana conferiu aos australianos uma classificação apertada – por um único ponto – para a repescagem. Nela, enfrentaram o seu carrasco da Copa das Nações Asiáticas, os Emirados Árabes Unidos. Em uma partida truncada, definida no segundo tempo, os auri-verdes vingaram a eliminação de 2019 com uma vitória por 2 a 1, contra os emiradenses. Naquela ocasião, o camisa dez, Ajdin Hrustic, e o meia defensivo, Jackson Irvine, fizeram os gols que mantiveram a Austrália viva no caminho para o Catar.
Duelo contra o Peru
A última etapa da classificatória ocorreu por meio de uma disputa intercontinental, contra a seleção do Peru – quinta colocada da eliminatória sul-americana. O jogo, que terminou empatado no tempo regulamentar, persistiu sem gols na prorrogação até ser levado para a disputa de pênaltis. Próximo ao apito final, Arnold aponta para dentro de campo e decide – assim como fez Van Gaal, pela Holanda, na Copa de 2014 – sacar o seu goleiro titular, Mathew Ryan e surpreender o adversário.
O técnico direciona-se, então, ao banco de reservas e escolhe Andrew Redmayne, experiente guarda-redes do Sydney FC, clube o qual havia dirigido antes de assumir a seleção. Com um visual chamativo e postura peculiar, Redmayne liderou os Socceroos até a vitória na disputa, com duas cobranças defendidas – uma delas, a derradeira. Seu ritual, composto por pulos e acenos, chamou a atenção do mundo para um confronto que, usualmente, passaria despercebido.
E agora, Austrália?
Repleto de dança, carisma e inúmeros memes, a Austrália chega a sua quinta edição seguida de Copa do Mundo com objetivo de, ao menos, igualar o desempenho obtido em 2006, na Alemanha – quando atingiu as oitavas de final. Apesar da ausência de um grande craque, trata-se de uma seleção encaixada, forte defensivamente e capaz de complicar a vida de quem menosprezar o seu perigo.
Com uma vitória e uma derrota no torneio, os australianos somam três pontos e chegam com vida para a última rodada da fase de grupos. O desafio será na próxima quarta-feira (30), em um embate contra a Dinamarca, que perdeu por 2 a 1 para a França na rodada passada. No histórico do confronto, os Socceroos nunca venceram os dinamarqueses em partidas oficiais. No entanto, bastará repetir o placar feito na Rússia, em 2018, quando a Austrália arrancou um empate, por 1 a 1, contra a Dinamáquina.
Se, porventura, questionarem a queda de qualidade no elenco australiano, somado a uma boa fase do time dinamarquês, aconselho uma única resposta: beleza, mas isso não muda o fato que na Austrália há 50 milhões de cangurus e na Dinamarca há 5.475.791 de habitantes, então se os cangurus decidirem invadir a Dinamarca, cada dinamarquês terá que lutar com nove cangurus.