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Com grandes nomes, vêm grandes responsabilidades

por Jullyanna Salles candido.salles@gmail.com Quando se tem um ídolo, é normal que o fã não se limite apenas ao trabalho exposto e tenha interesse também em saber mais sobre sua vida. Assim, busca-se compreender por completo o legado musical deixado. Em muitos casos, conhecer mais sobre os hábitos, fatos e interesses de um cantor faz …

Com grandes nomes, vêm grandes responsabilidades Leia mais »

por Jullyanna Salles candido.salles@gmail.com

Quando se tem um ídolo, é normal que o fã não se limite apenas ao trabalho exposto e tenha interesse também em saber mais sobre sua vida. Assim, busca-se compreender por completo o legado musical deixado. Em muitos casos, conhecer mais sobre os hábitos, fatos e interesses de um cantor faz muita diferença para a interpretação de suas produções.

O Cinéfilos foi buscar alguns desses casos e selecionou a cinebiografia de três grandes ídolos da música. Suas histórias se confundem com suas composições e, juntas, se complementam.

Control (2007)

Ian Curtis foi integrante da banda de pós-punk Joy Division entre 1977 e 1980, quando se suicidou. Atuou como compositor, vocalista e eventual guitarrista ao lado de Bernard Sumner, Peter Hook e Stephen Morris.

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Em 2007, Anton Corbijn dirigiu a cinebiografia do cantor. Baseado no livro “Tocando a Distância”, da esposa Deborah Curtis, o longa mostra a trajetória de Ian na banda e muitos dos problemas que enfrentou até sua morte. A escolha pelo preto e branco dá um tom bastante sério ao filme, deixando claro desde o início que a melancolia e a angústia conferidas nas composições da Joy Division seriam também presentes na produção. É necessário destacar a atuação de Sam Riley, que reproduziu os trejeitos do vocalista e adicionou expressões faciais cheias de significado às cenas. Ian Curtis sofria de epilepsia, além de carregar consigo muitas incertezas e se perder facilmente em reflexões existencialistas. Apesar da pouca experiência cinematográfica, Riley foi capaz de passar a complexidade da personalidade de Curtis e expor muitas das suas dificuldades em lidar com o casamento precipitado e o sucesso emergente da banda. O papel lhe rendeu o prêmio BIFA (British Independent Film Award) na categoria de Melhor Novato Promissor.

O longa tem quase duas horas de duração e possui sequências de cenas excepcionais, como a história que inspira a composição da música “She’s Lost Control” e a seguinte interpretação da mesma. Assim como o suicídio do protagonista e a forma como foi colocado. Ao longo do filme, o espectador que conhece os detalhes da morte consegue perceber indícios do local e das circunstâncias do acontecimento e é tomado pela expectativa do que está por vir, apesar de já o saber.

O Garoto de Liverpool  (Nowhere Boy, 2009)

Dirigido por Sam Taylor-Wood, cineasta londrina,  o longa retrata a adolescência de John Lennon. É possível conhecer um pouco mais personalidade do ex-beatle, assim como o início de seu interesse em música e o começo de sua amizade com Paul McCartney.

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John foi criado pela tia, Mimi e pelo tio, George, de quem era muito próximo. Ainda nos primeiros minutos, a ligação dos dois é destacada e ganha uma sequência de cenas muito envolvente. Aceitar e conviver com a morte do tio foi um dos maiores desafios de John, fato também exposto na produção. A relação entre ele e sua mãe, Julia Lennon (interpretada por Anne-Marie Duff) é, no entanto, a mais delicada do filme. A busca pela aproximação, a dificuldade em lidar com o abandono e as crises típicas adolescentes são alguns dos fatores que tornam complexa a história de John e Júlia. Aos fãns, é impossível encarar as músicas Julia (do White Album, em 1968) e Mother (do álbum Plastic Ono Band, em 1970) com os mesmo olhos, depois de saber mais detalhes sobre os dois. Além disso há também o próprio relacionamento entre Júlia e sua irmã, Mimi, também problemático.

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Aaron Johnson foi o responsável pelo papel do ídolo e transmite a idéia de um John Lennon bastante extrovertido. Tomado pelo espírito rebelde e desobediente, além de um grande fã do rock ‘n roll. No longa, o garoto de Liverpool se pergunta, com certa frustração “Por que Deus não me fez Elvis?”, sem fazer ideia da grandiosidade que o futuro musical lhe guardava. O longa se encerra quando o ídolo tinha ainda vinte anos, muito antes de seu grande sucesso, inicialmente com Paul, George e Ringo e depois na carreira solo. É verdade que havia ainda muito mais para ser explorado na história de John Lennon, mas é preciso admitir, no entanto, certa saturação na literatura e no cinema sobre os Beatles e seus integrantes. Assim, O Garoto de Liverpool se mostra interessante primeiramente por tentar, de uma forma diferente das já existentes, apresentar uma biografia do astro.

Não Estou Lá (I’m Not There, 2007)

A trajetória de Bob Dylan é uma rede vasta de diversidade e genialidade. O cantor já tem 73 anos e mesmo assim continua fazendo diferença no mundo musical. Trata-se de uma figura tão distinta que ganhou uma cinebiografia ainda vivo, ao contrário do que é usual. Como não poderia deixar de ser, a cinebiografia mais conhecida de Bob Dylan não segue padrões. Não retrata uma narrativa linear de sua história, tampouco deixa explícito o próprio nome do músico. Todd Haynes, diretor do longa, dividiu o protagonismo em seis personagens, retratando a personalidade de Dylan em seis partes diferentes, de acordo com papéis dele no contexto musical e social ou momentos marcantes de sua vida. A primeira “fase” do cantor vem interpretada por Marcus Carl Franklin, com o personagem Woody Guthrie, um negro de 11 anos sem estabilidade, que vaga carregando seu violão e cantando folk. O garoto não apresenta a maturidade típica de alguém com 11 anos, já possui responsabilidades e diz ter passado por situações que só um adulto tem que enfrentar.

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Ben Wishaw é um personagem bastante sensível. Fisicamente bastante parecido com Dylan, sua atuação é feita em cenas individuais, em preto e branco. São feitas reflexões existenciais e poéticas, marcadas por closes na filmagem. Enquanto isso, Richard Gere interpreta um fazendeiro chamado Billy que valoriza, sobretudo, a solidão. Despreende-se do convívio social e só interage quando seu isolamento é ameaçado. Heath Ledger interpreta Robbie Clarke, um ator. A história desse personagem envolve um romance que resulta em um casamento infeliz. Retrata a parte mais “normal” de Dylan, que tenta constituir uma família e tem problemas conjugais. Também é inserido nesse núcleo problemas com a imprensa e com a privacidade, vividas por Robbie por conta de sua carreira artística. Paralelamente, Christian Bale vive a fase ativista do cantor. Fazendo músicas de protesto e incentivando movimentos sociais através da arte. O último e mais popular personagem é Jude Quinn, interpretado por Cate Blanchett. Nestas cenas, destaca-se a transição da produção de folk para o rock da carreira de Dylan. É retratado o descontentamento dos fãs com a mudança de gênero e as frequentes vaias e acusações de traição.

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São mais de duas horas de duração e muitas informações simultâneas. De fato, o longa interessa a quem conhece, ao menos um pouco, da carreira e influências de Bob Dylan. No geral, são registradas inúmeras posições do músico, algumas criticadas, outras enaltecidas. Trata-se de um registro excepcional e que vale a pena, digamos não do início ao fim (já que a estrutura cronológica não foi importante), mas de Marcus Carl Franklin à Cate Blanchett.

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