“(…) pena que isso não é verdade”. Qualquer adolescente apaixonado por HQs já imaginou como seria se transformar em um super-herói. O que Dave Lizewski (Aaron Johnson) não entende é como ninguém havia realmente tentado antes dele. Dave é um geek como outro qualquer, com poucos amigos e sorte nenhuma com as meninas. Em suas próprias palavras, alguém que “apenas existia”. Até que resolve tentar mudar sua situação – ou seria o mundo?
Em um dado momento alguém comentou que “Kick-ass – quebrando tudo” (Kick-ass) seria “finalmente um filme de super-heróis para quem está cansado de super-heróis”. Isso poderia ser verdadeiro em se tratando da HQ. Do filme, nem tanto. O diretor, Matthew Vaughn, optou por alguns efeitos mais cinematográficos, principalmente a partir do meio da história. É provável, e compreensível, que não quisesse desapontar totalmente aqueles que ainda não estão cansados de super-heróis.
As cenas violentíssimas envolvendo inúmeros palavrões e uma menininha encantadora de 13 anos (Chloe Moretz) podem ser vistas por alguns como de muito mau gosto. Mas é inegável que o filme possui sacadas divertidíssimas, e é uma paródia muito bem feita dos diversos super-heróis que já passaram pelas telas. E o mais interessante é que não é uma paródia pela chacota gratuita: é literalmente uma homenagem.
Ponto notável é que os atores escolhidos realmente cumpriram seus papéis. Big Daddy (Nicolas Cage) com sua paixão melancólica, Hit-Girl (Chloe Moretz) com sua raiva enérgica, Dave com sua mediocridade corajosa, e assim por diante. Foram todas boas escolhas, sem as quais o filme poderia sair muito diferente.
Kick-ass obviamente não é o primeiro super-herói sem poderes que aparece nos quadrinhos ou nas telas. Podemos citar Zorro, Watchman, até mesmo Batman, que resolvem fazer justiça com suas próprias mãos. O que há de novo? Temos um herói incapaz de pular de um prédio para o outro, de assustar seus inimigos, ou até mesmo de impedir que rastreiem seu endereço de IP e descubram sua verdadeira identidade. E é por essas e outras que esse filme vale a pena.
Por Paula Zogbi