Bruna Buzzo
Presságio é mais um daqueles inúmeros filmes de fim do mundo. Uma mistura e colagem de vários filmes do gênero. Não se pode dizer que o filme foi mal feito ou que não tem bons efeitos especiais, o filme que custou US$50 milhões e a produção foi cuidadosa.
O problema de Presságio é que seu começo lembra A Profecia, com uma menina perturbada, tal qual o menino demônio do clássico suspense de 1976, e um toque de 23, como números malignos. E seu meio e final misturam de Guerra dos Mundos e Impacto Profundo a Ensaio sobre a Cegueira, tudo isso com um toque meio bíblico, que pode ser um pouco absurdo ou inacreditável.
A aparência não saudável da menina do começo nos faz crer que os números que escreve freneticamente em um papel onde deveria estar fazendo um desenho são ‘do mal’ e ela também. A idéia era fazer desenhos que seriam enterrados em uma cápsula do tempo, a ser aberta 50 anos mais tarde pelos alunos da escola onde Lucíola escreve seus números em 1959.
Passados os 50 anos, os números caminham até as mãos de Caleb, filho de John Koestler, professor de astrofísica do MIT, o herói Nicolas Cage. Como não poderia deixar de ser, John se debruça sobre tais números, encontrando padrões e seqüências que o levam aos principais desastres dos últimos 50 anos, previstos pela menina que dizia ouvir vozes e que haviam se conservado enterrados.
O desenrolar da trama acompanha John tentando prevenir os desastres, até chegar ao último da lista, o derradeiro e inevitável. No final, a catástrofe, que fora prevista pelo professor tempos antes, é anunciada pelo governo, causando pânico na população, a la Ensaio sobre a Cegueira, com corridas por comida e multidões pelas ruas. Não é um filme de todo ruim, mas é inevitável não pensar que faltam ideias aos estúdios ou que os roteiristas quiseram salvar a terra com a religião e elementos externos a nós.