por Ana Luísa Fernandes
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Em 1999 o primeiro filme da trilogia Matrix era lançado. Mesmo 15 anos após o seu lançamento o filme espanta por permanecer tão atual, tanto visualmente como no próprio enredo. O longa que causou uma verdadeira revolução não só nos filmes de ficção científica mas no cinema em geral, foi uma espécie de colagem de vários elementos com os quais os diretores e roteiristas Wachowski tiveram contato durante a vida. Religião, filosofia, mangá, kung fu, cyber punk e ficção científica são misturados em Matrix. A aproximação de cenas de ação com questões filosóficas e existenciais foi outra novidade pouco vista antes na indústria cinematográfica.
Essa mistura toda poderia ter dado muito errado. Mas deu tão certo que o filme antes programado para não ter continuações acabou virando uma trilogia. Matrix Reloaded e Matrix Revolutions foram lançados no ano de 2003. Mas não tiveram a mesma sorte do primeiro filme: mesmo sendo sucessos de bilheteria, os filmes seguintes não conseguiram chegar nem perto do que o primeiro fez, sendo que o terceiro (Revolutions) foi considerado até mesmo piegas por alguns críticos.
Matrix gira em torno de Neo, um programador e hacker de computadores. Ele tem sua vida transformada quando é contatado por Morpheus (Laurence Fishburne) e Trinity (Carrie-Anne Moss). Neo acaba, então, tomando a “pílula vermelha” que Morpheus oferece a ele, descobrindo assim o que era a Matrix e se desconectando dela. No mundo controlado pelas máquinas, os homens não passavam de fontes de energia, conectados a uma espécie de “usina humana”, inertes e em cápsulas. A realidade conhecida não era nada mais que uma ilusão criada pela própria Matrix para que os humanos acreditassem que tudo estava bem. Morpheus acredita que Neo é “o escolhido” para libertar a raça humana do controle das máquinas. Mas para isso eles têm que lutar contra agentes de formato humanóide que trabalham para a Matrix.
Além do enredo inovador, Matrix usou efeitos visuais que deixaram todos da época boquiabertos, chegando a levar o Oscar de Melhores Efeitos Visuais em 1999. A cena inicial com Trinity lutando com os agentes é uma das mais icônicas e também uma das mais impressionantes. O chute inspirado no kung fu já revela que Matrix não brinca quando o assunto é efeito visual. Foi justamente a parte inicial do filme, incluindo o chute e as lutas de Trinity que convenceram a Warner Bros a liberar mais dinheiro para a realização do filme. O orçamento inicial de $ 10 milhões foi utilizado somente nos primeiros 10 minutos. Mas quando a Warner viu o resultado decidiu apostar e aumentou a verba para $ 80 milhões.
O efeito utilizado para congelar o chute de Trinity se chama bullet-time. Utilizado também na cena mais famosa do filme, que é a de Neo desviando de balas com uma velocidade impressionante, o bullet-time é considerado um dos maiores legados do filme. Apesar de já ter sido utilizado anteriormente, Matrix popularizou o efeito de tal forma que atualmente ele é exaustivamente utilizado por filmes, seriados, comerciais e vídeo-clipes.
Além dos efeitos visuais, Matrix também foi pioneiro nas lutas marciais. Para isso foram necessários seis meses de treinos com o coreógrafo chinês Yuen Wo-Ping, algo bastante incomum para um filme americano. O mundo do cinema nunca tinha visto lutas tão precisas e bem coreografadas. Depois de Matrix as cenas de lutas dos filmes começaram a ser vistas com outros olhos. Além disso, o estilo dos personagens, com capas e óculos pretos também foi copiado por diversos filmes em Hollywood.
Matrix trouxe os filmes de ficção científica para o século XXI, com os seus efeitos estarrecedores, as lutas e o enredo, que se utilizando de várias referências acabou se tornando único e fonte de profundas reflexões ainda nos dias atuais. No começo do ano boatos circularam em alguns veículos dizendo que os Wachowski estariam preparando uma nova trilogia Matrix. A Warner não negou e nem confirmou. De qualquer forma, o filme de 1999 que mudou Hollywood para sempre dificilmente será superado.