[Bravura Indômita]
Há casos clássicos de filmes cujos títulos em português são produtos genuínos de ócio criativo. É assim que Slumdog Millionaire, por exemplo, acabou virando “Quem Quer Ser Um Milionário?”. Felizmente, isto não acontece em “Bravura Indômita” (True Grit), que estreia nesta sexta-feira. O filme é exatamente o que o título em português induz a pensar: uma história sobre coragem e persistência.
Ambas estão em Mattie Ross (Hailee Steinfield), a órfã de 14 anos que decide vingar a morte do pai encontrando seu assassino, Chaney (Josh Brolin). Mas como não conseguirá fazê-la com as próprias mãos, pede a ajuda de Rooster Cogburn (Jeff Bridges) e LaBoeuf (Matt Damon).
Apesar de serem oficiais, a diferença entre estes dois homens é grande. Cogburn é um justiceiro beberrão, desleixado e que atua à margem da lei, cambaleante entre o “fazer do jeito certo” e o “fazer justiça com as próprias mãos”. No entanto, Cogburn é temido e goza de sua fama de matador neste velho oeste do século XIX. LaBoeuf também é respeitado, mas por ser um exímio oficial federal vindo do Texas. É bem composto, eficiente e dispõe de bons equipamentos. Para ele, a lei está acima de tudo e deve ser seguida à risca.
Mas e quanto a Chaney? Bom, é aí que os irmãos Coen erram a mão. Neste remake, o vilão é alguém de quem se fala muito mas que pouco aparece. E quando aparece, é para cumprir seu papel de desencadeador do clímax. O peso mesmo fica na relação Cogburn-LaBoeuf, atingindo uma polaridade tão grande a ponto de Cogburn assumir um papel próximo ao de vilão.
Já em relação a prêmios, Bravura Indômita surge como um cavalo azarão nas indicações ao Oscar deste ano. Ele obteve dez indicações, entre elas as de Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Direção e Melhor Roteiro Adaptado, os mais importantes da premiação. Fica atrás apenas de O Discurso do Rei (12 indicações). Enquanto isso, o premiado e ótimo Cisne Negro recebeu apenas cinco.
Provavelmente, Bravura Indômita não conseguirá tanto êxito na coleção de estatuetas. Outros títulos são melhores, mesmo na filmografia dos Cohen. No entanto, é um bom filme, que merece ser visto no cinema.
Por Paulo Fávari