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Eleições 2022 | Debate presidencial ocorreu no dia 29 de setembro

No dia 29 de setembro, aconteceu o último debate dos presidenciáveis antes da votação do primeiro turno, que acontece no domingo, dia 02 de outubro

O terceiro debate dos presidenciáveis aconteceu no dia 29 de setembro, na Rede Globo. O debate iniciou às 22h30 e se estendeu até a 01h40.

Estiveram presentes os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Messias Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil), Felipe d’Avila (Novo) e Padre Kelmon (PTB). 

A ordem do nome dos participantes segue a intenção dos votos registrada na última pesquisa Datafolha. No momento do debate, os candidatos foram posicionados em ordem alfabética, da esquerda para a direita.

 

Regras do debate 

Quanto à sua estrutura, o debate foi dividido em quatro blocos. O primeiro e o terceiro com temas livres; o segundo e o quarto com temas determinados. Já no quarto bloco, cada candidato fez suas considerações finais. 

A divisão de tempo de resposta e tréplica teve um total de três minutos, a serem usados da forma que os candidatos preferissem. Então caso o candidato usasse 1 minuto para a resposta, teria mais 2 minutos para a tréplica. 

Sobre as perguntas, elas foram feitas no tempo máximo de 30 segundos e a réplica em até 1 minuto. A ordem havia sido sorteada previamente. As perguntas foram feitas de candidato para candidato, de livre escolha, entre os que não responderam no bloco. No bloco de temas determinados, o mediador, William Bonner, sorteou a temática antes das perguntas.

 

Perguntas de cada bloco

1º bloco

Ciro perguntou a Lula sobre desigualdade econômica; Padre Kelmon perguntou a Bolsonaro sobre Auxílio Brasil; d’Avila questionou Ciro sobre governo PT; Bolsonaro perguntou à Tebet sobre morte de Celso Daniel; Lula indagou à Soraya sobre a fome; Soraya questionou Padre Kelmon sobre mortes na pandemia; e Tebet encerrou o bloco perguntando à d’Avila sobre saúde pública.

Este momento inicial do debate foi marcado pela menção à Lula, inclusive nos momentos em que o candidato petista não estava realizando nem respondendo às perguntas. A temática da corrupção, ainda que não tenha sido o tema central de nenhuma das perguntas, foi uma constante neste primeiro bloco, mas também no debate de maneira mais geral.

Além disso, foram recorrentes os pedidos dos direitos de resposta, que podiam ser solicitados pelos próprios candidatos, caso a fala de algum dos presentes ofendesse a figura do candidato solicitante. Havia uma parte da equipe organizadora do debate responsável por analisar esses pedidos, concedendo ou não a possibilidade de resposta aos candidatos.

Um momento de tensão deste bloco se deu entre Padre Kelmon e Soraya, sobretudo após a candidata se dirigir ao Padre como “cabo eleitoral de Bolsonaro”. Kelmon passou a interromper a partir daí repetidamente Soraya e Bonner precisou intervir para dar prosseguimento ao debate. 

 

 

2º bloco 

D’Avila perguntou à Lula sobre cotas raciais; Tebet questionou Lula sobre mudanças climáticas; Padre Kelmon questionou Ciro sobre educação; Soraya indagou Padre Kelmon quanto o combate ao racismo; Bolsonaro perguntou d’Avila sobre relação com o Congresso; Lula questionou Tebet sobre meio ambiente; e Ciro finaliza questionando Soraya sobre empregos. 

A temática das perguntas do bloco foram sorteadas previamente. 

Neste bloco, destaca-se que o candidato d’Avila em sua pergunta sobre cotas raciais, pouco abordou a temática e respondeu esse questionamento, apenas após o debate, quando Renata Lo Prete fez dois questionamentos a cada candidato em, no máximo, 2 minutos. Já o candidato Lula, ao responder, fez uma defesa contundente da política de cotas enquanto política pública que visa reparar uma dívida histórica.

3º bloco

Inicialmente, Bolsonaro questionou d’Avila sobre governos de esquerda; Padre Kelmon perguntou a Lula sobre corrupção; d’Avila perguntou a Tebet sobre privatizações; Ciro indagou Bolsonaro sobre corrupção; Lula perguntou a Ciro sobre cultura; Soraya questionou a Padre Kelmon sobre educação; e, por fim, Tebet também perguntou a Soraya sobre educação.

Destacam-se alguns momentos deste bloco: um certo embate entre Kelmon e Lula, o posicionamento do Padre Kelmon a respeito da educação e a fala de d’Avila à Tebet após a segunda pergunta do bloco. 

Ao responder o Padre a respeito da corrupção, Lula foi recorrentemente interrompido por Kelmon, o que levou Bonner a intervir reafirmando as regras do debate que haviam sido acordadas e assinadas pelos candidatos. O tempo de Lula foi restabelecido e o petista trouxe todas as suas absolvições e se dirigiu à Kelmon como candidato laranja. 

Os momentos seguintes foram marcados por respostas mais diretas e uma segunda interrupção do mediador. Ao final do bloco, o candidato Bolsonaro pediu direito a resposta à fala de Lula mesmo sem ser citado.

 

Após essa pergunta, vieram ao púlpito Tebet e d’Avila afirmando que eles buscariam restabelecer a civilidade do debate e colocar em pauta o Brasil.

Por fim, a fala do candidato Kelmon, quando questionado a respeito da educação no país, trouxe elementos como a questão da “ideologia de gênero” e a necessidade de respeitar a figura dos padres. O candidato chegou a afirmar que “[todos] estão precisando de catequese. Vocês todos aqui, inclusive alguns jornalistas, precisam de catequese”.

 

4º bloco

Soraya perguntou a Bolsonaro sobre eleições e respeito ao resultado; Tebet questionou Lula sobre gastos públicos; Bolsonaro indagou Padre Kelmon sobre Lei Rouanet; Ciro perguntou a Soraya sobre privatizações; d’Avila questionou Tebet sobre saúde; Lula perguntou a Ciro Gomes sobre agricultura.

Os temas deste bloco também haviam sido sorteados.

No último bloco, a candidata Soraya teve uma fala incisiva para Bolsonaro, quando este foi questionado se respeitaria o resultado das eleições, se haveria possibilidade de um golpe e se o atual presidente havia se vacinado contra a Covid. Bolsonaro não respondeu diretamente aos dois primeiros questionamentos, já, quanto à vacina, Bolsonaro afirmou que essa era uma escolha meramente individual. Além disso, durante a sua tréplica, o atual presidente trouxe cargos que havia supostamente concedido à Soraya, enquanto ex-aliada de Bolsonaro.

Em outro momento do bloco, Bolsonaro e Padre Kelmon falaram sobre a Lei Rouanet e a cultura no país. Ambos os candidatos afirmaram que a cultura brasileira foi banalizada e que é necessário investir numa suposta “cultura correta”, que não “corrompa ideias da família brasileira”.

 

Análise do debate

O debate do dia 29 de setembro teve um tom mais incisivo do que os anteriores. Ainda assim, o atual presidente Jair Bolsonaro optou por não fazer perguntas diretamente ao ex-presidente Lula, mesmo que esse lidere as últimas pesquisas de intenção de voto. Nesse sentido, o embate entre esses dois candidatos que lideram a pesquisa se deu principalmente nos momentos de direito à resposta, que foram significativos quanto ao seu número. Ao final do debate, 19 pedidos foram feitos, dentre eles, 10 foram concedidos.

Ainda a respeito do atual presidente, Bolsonaro utilizou a figura de Padre Kelmon para reafirmar seu projeto político de governo e conferir uma legitimidade ao seu discurso com poucos questionamentos. Isso pode ser observado quando ambos estavam no púlpito e falaram a respeito da cultura ou ainda sobre o Auxílio Brasil.

Lula mudou um pouco de postura, em comparação aos primeiros debates, tendo falas mais duras e que denunciaram os episódios do governo Bolsonaro seja na esfera das denúncias de corrupção seja na condução da pandemia. Destaca-se a fala com o Padre Kelmon, em que o ex-presidente chamou o Padre de “candidato laranja” ou “falso padre”, o que não necessariamente prejudicou Lula, visto que Kelmon ao longo do debate interrompeu inúmeras vezes o ordenamento previsto e o tom de suas afirmações.

Ciro Gomes adotou um tom mais crítico com o ex-presidente Lula, reafirmando o posicionamento de que o Brasil está polarizado. Enquanto candidato, Ciro Gomes reiterou o seu compromisso de ser um candidato que seja uma alternativa nesse cenário político e com seu projeto político desenvolvimentista.

Simone Tebet, mais uma vez, teve um bom desempenho e conseguiu em suas respostas e perguntas deixar clara a sua crítica a Bolsonaro e Lula, principalmente. Tebet reafirmou seu compromisso com o agronegócio e usou o espaço do debate para abordar algumas de suas propostas.

Soraya Thronicke manteve o discurso dos demais debates, tendo uma postura mais incisiva com Bolsonaro e reafirmando propostas de seu governo como o Imposto Único. Nas respostas a Kelmon e Bolsonaro, Soraya teve suas maiores dificuldades e momentos de maior tensão do debate.

Felipe d’Avila teve uma postura semelhante aos demais debates. O candidato trouxe, mais uma vez, a defesa das privatizações, de uma agenda liberal e de um projeto político de direita.

Considerando o espaço que figuras controversas como Padre Kelmon tiveram no debate de 29 de setembro, algumas reflexões se mostram pertinentes no cenário político atual. Para que um espaço de debate democrático verdadeiramente se institua, uma normativa alternativa à que se tem hoje para a participação nos debates pode se mostrar como relevante para que propostas, que sejam de interesse da população negra, periférica e trabalhadora, tenham gradativamente mais visibilidade. 

Em um cenário em que o negacionismo e fake news tem uma força significativa, também é relevante pensar em mecanismos de checagem e apuração durante os debates e não somente à posteriori. Quando determinadas falas são enunciadas pelos candidatos, elas ganham um tipo de legitimidade, que é problemática quando se afirma algo que destoa da realidade e uma parcela dos espectadores podem adotar como a verdade de fato.

 

E os outros presidenciáveis?

Mais uma vez, candidatos excluídos do debate se mobilizaram nas redes sociais oficiais em prol da sua participação nos debates. Leonardo Péricles (UP), Sofia Manzano (PCB) e Vera Lúcia (PSTU), única mulher negra candidata à presidência em 2022, são alguns desses nomes que não estiveram nos debates. Durante o debate, o candidato Léo Péricles esteve ao lado de fora dos estúdios da Rede Globo com um grupo de apoiadores em um ato.

 

A regra para participação dos debates como o da Globo seguem as atuais normas de uma determinação federal. Os sete candidatos convidados ao debate pertencem a partidos que têm pelo menos cinco deputados federais e devem ser obrigatoriamente chamados conforme as regras vigentes fixadas pela Lei Federal 13.488/2021, conhecida como minirreforma eleitoral. O convite aos demais é facultativo.

 

*Imagem de Capa: Reprodução / Youtube Folha de S. Paulo

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