Por Camilla Freitas e Luís Henrique Franco
O Prêmio
Na última terça, 22 de novembro, dirigentes de vários clubes do futebol brasileiro se reuniram no Espaço de Eventos Estação São Paulo para a apresentação do projeto Gestão de Campeão. Trata-se de um prêmio de excelência para os clubes que possuírem a melhor gestão esportiva no ano de 2017. A Ambev (Companhia de Bebidas na América) é a maior responsável pelo conteúdo do projeto e junto com a EY, empresa vinculada à gestão, e a FIA (Fundação Instituto de Administração), realizará a avaliação e premiação dos clubes.
A avaliação da gestão dos clubes será feita de uma forma complexa e detalhada. O prêmio de excelência é composto de duas partes: Instrumento de Avaliação e Regras de conhecimento de Mérito. Dentro do Instrumento de Avaliação encontram-se 7 títulos: Gestão e Planejamento, Administração e Finanças, Comercial e Marketing, Futebol Profissional, Categorias de Base, Sócio-Torcedor e Resultados. Estes, ainda são divididos em tópicos que, por sua vez, possuem conceitos. Ou seja, a avaliação para premiar a melhor gestão de um clube de futebol no ano que vem será minuciosa e levará em conta não só o profissional, mas também a base.
Entre os tópicos analisados em cada um dos títulos, é frequente a análise da gerência, da infraestrutura, da formação e seleção dos jogadores (essa sendo mais vista na questão das categorias de base) e da comunicação e responsabilidade social (essa dizendo respeito não só à formação de bons jogadores, mas também de cidadãos). No título de sócio-torcedor, serão avaliados o gerenciamento e ativação dos programas e sua captação por cada clube, visando a análise dos resultados financeiros obtidos por cada clube. “A gente quer dar visibilidade para as melhores práticas dos clubes”, afirmou Rafael Schneider, diretor da plataforma de esportes e eventos da Ambev, reafirmando a importância de se investir em uma melhor gestão dentro dos principais clubes brasileiros
De acordo com os organizadores do projeto, o objetivo do Gestão de Campeão- Prêmio de Excelência do Futebol Brasileiro é “contribuir para o aprimoramento da gestão do futebol nos clubes brasileiros como forma de ajudá-los a se tornar cada vez mais sustentáveis como instituição e mais competitivos como agremiação esportiva”. Os prêmios serão entregues aos três melhores gestores do Brasil sendo que o primeiro lugar receberá um troféu e um diploma para sua sede além de receber o direito de bordar na manga direita de sua camisa o símbolo do Prêmio de Excelência do Futebol Brasileiro. O segundo colocado também receberá um troféu e um diploma, assim como o terceiro.
Durante a apresentação do projeto para os dirigentes dos clubes, os organizadores afirmaram que se trata de inserir ao mundo do futebol uma visão corporativa para gerar um “futebol eficiente e moderno”. Segundo os organizadores, o momento vivido pelo futebol brasileiro é muito interessante e proporciona essa visão, uma vez que o futebol está se tornando uma atividade empresarial e isso exige um novo estilo de gestão. Além disso, outro efeito que causaria nos clubes, além do aprimoramento gestacional, é sua maior integração. Hoje os clubes encontram-se desalinhados entre si e com o projeto que os avaliará de forma equitativa, seus projetos de gestão os tornariam mais interligados entre si. Outro ponto positivo do prêmio para os clubes será o efeito que ele proporcionará nas pessoas, nos gestores, que, sabendo que serão vistos mais de perto por avaliadores, se comprometeriam ainda mais em seu trabalho.
As Personalidades do Evento
Passaram pelo evento dirigentes do país todo que falaram desde o planejamento para a gestão de 2017, até da atual situação de seus clubes. Quem exemplificou bastante o quanto a gestão foi importante para a ascensão do clube foi o vice presidente do Botafogo, Márcio Padilha, que afirmou que o trabalho para que o clube saísse da luta pelo rebaixamento e entrasse na luta pela vaga na pré-libertadores foi intenso. “[A ascensão do Botafogo] Acho que é fruto de um trabalho de gente que estava buscando o melhor para o clube. Muita pesquisa, pesquisa de mercado, buscamos as melhores condições pro elenco, fizemos um investimento num pequeno estádio que fez a diferença. A partir do do momento que a gente passou a jogar na Arena Botafogo nosso desempenho melhorou”, afirmou.
O presidente do Bahia, Marcelo Sant’ana, foi outro dirigente que comentou sobre a gestão atual do clube. “Eu não tenho nenhuma dívida, zero processo trabalhista desde que a gente entrou na presidência, são 21 meses. Já peguei foi muito processo trabalhista [falando de contratações e problemas antigos do clube]”.
Falando sobre o que mudava na gestão do Bahia na sua ascensão à série A, o presidente frisou o dinheiro a mais que a CBF pagará ao clube, 20 milhões no ano, uma teórica dificuldade menor em contratação “porque tem muita rejeição de atleta pra jogar na série B”, e a auto-estima do torcedor que comparecerá em maior número ao estádio.
Quem também falou sobre gestão em diferentes aspectos foi Gustavo Herbetta, responsável pelo marketing do Corinthians. Ele abordou temas como a nova estratégia de marketing do clube, já que este não conta mais com um grande ídolo, como era quando o time tinha Ronaldo Fenômeno; o programa de sócio-torcedor do clube; como a ausência do time na libertadores afeta o marketing; a dívida deixada por gestões passadas; além dos problemas da Arena e as dificuldades em vender os rights.
O presidente do Fluminense, Peter Siemsen, comentou a importância de se levar o projeto apresentado para o público, como forma de se saber definitivamente quem está no comando da gestão do clube e evitar confusões sérias, e citou também a atual questão do Maracanã como um exemplo a ser evitado. “Eles operam no Maracanã em uma situação estranhíssima, porque o comitê organizador diz que entregou para um concessionário, e o concessionário diz que não recebeu porque não tá recebendo as condições combinadas contratuais, então hoje o Maracanã tá sob os cuidados de ninguém. A gente entra lá, opera o jogo e sai.”