Se você gosta de ler poesia, pode ficar feliz. Se você gosta de ler crônicas, pode ficar feliz também. Se você gosta de tudo isso e ainda adora uma pitada de bom humor, pode ficar muito feliz. Na última semana, os escritores Antonio Prata e Gregorio Duvivier – ambos colunistas da Folha de S.Paulo – lançaram dois livros que tem tudo para satisfazer os fãs de uma literatura agradável e espirituosa.
O também ator e comediante, Gregorio Duvivier lança seu segundo livro de poesias, Ligue os pontos – Poemas de Amor e Big Bang, que conta com poemas sobre sua cidade natal, o Rio de Janeiro, e poemas líricos, sobre o amor e a vida. Seu primeiro livro, intitulado A Partir de Amanhã Eu Juro Que a Vida Vai Ser Agora (2008) foi bem recebido, obtendo boas críticas de grandes nomes como Millôr Fernandes e Ferreira Goulart. Já o veterano Antonio Prata lança, por sua vez, o livro de memórias Nu, de botas. Nele, são contadas mais de 20 histórias de sua infância, cheias de lirismo e de boas doses de humor.
![Foto Rúvila Magalhães](http://jornalismojunior.com.br/sala33_old/wp-content/uploads/2013/11/unnamed.jpg)
O lançamento ocorreu na casa de shows paulistana Cine Jóia e contou com um bate papo divertidíssimo entre os dois autores. Logo nos primeiros minutos, os escritores fizeram piada sobre sua altura – ambos possuem menos que 1,70m. ”Isso não é uma ação entre amigos. É uma ação entre baixinhos”, brincaram os dois. Cada um leu então um pequeno texto sobre o outro, comentando suas impressões sobre as obras do colega.
”O que o Gregorio faz, o tempo todo, é misturar humor e poesia. Superficialidade e profundidade. Peso e leveza. Você acha que ele está falando dos Cavaleiros do Zodíaco, mas ele está falando de amor”, disse Antonio, elogiando a poesia simples e contrastante de Gregorio. O humorista, famoso pelo canal de humor da web Porta dos Fundos, contou sobre a amizade platônica que desenvolveu com Antonio Prata ao ler seus livros: ” Não parecia que eu tinha lido o livro (Douglas e Outras Histórias), parecia que eu tinha sentado num bar com o Prata e ele tinha me contado o livro inteiro”. Sobre o lançamento do autor, Gregorio ainda comentou ”Li as memórias dele com a impressão estranhíssima de que eram as minhas memórias. E eu garanto que isso vai acontecer com você também”, ilustrando a compatibilidade e a identificação que a obra de Antonio Prata provoca nas pessoas.
Em um segundo momento, os autores fizeram uma série de perguntas um para o outro. Diante da versatilidade profissional de Gregorio Duvivier, Antonio perguntou: ”Se um cara pusesse uma arma na sua cabeça: poeta, cronista, ator ou roteirista? Vai Gregorio, escolhe, não dá pra ser tudo! O que você responderia?”. Sincero, o ator e escritor respondeu que sofre do mal da indecisão: ”Eu não sei o que quero ser quando crescer”. Disse porém que no atual momento, de grande felicidade com seu livro recém-lançado, poderia se dizer poeta.
Retomando uma recente polêmica que envolveu a coluna de Antonio Prata na Folha, na qual o autor acabou sendo mal interpretado, Gregorio levantou a questão sobre a ironia que por vezes não é compreendida e sobre como o leitor brasileiro encara esse sarcasmo.
Antonia Prata foi franco e disse que não sabia como responder. ”Achei muito esquisita toda aquela reação”, disse o autor, explicando que não esperava a incompreensão da ironia de sua coluna como também o comportamento do público tanto de direita como de esquerda. Simpáticos, os dois realizaram ainda uma sessão de autógrafo, mostrando que bom humor e carisma não faltam, seja em seus livros, seja no seu contato com o público.
Por Victória Pimentel
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