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La Décima Quinta e “Vini Jr Ballon d’Or”: Real Madrid conquista novamente a Europa

Além da marca histórica, a equipe merengue vence, pela primeira vez, a competição sem nenhuma derrota

Real Madrid e Borussia Dortmund se enfrentaram pela final da UEFA Champions League, em Wembley, na Inglaterra, no dia 1º de junho. A equipe merengue chegou à marca de 18 finais disputadas, sendo seis nos últimos dez anos. Para o clube alemão, com um título do torneio, essa foi a terceira decisão de sua história na competição.

Por Andrey Furmankiewicz (andreyffurman@usp.br), Bernardo Carabolante (bernardonm0411@usp.br), Guilherme Bianchi (guifavaro240306@usp.br), Matheus Ribeiro (matheus2004sa@usp.br)

Borussia Dortmund: Os Guerreiros Auri-Negros

As abelhas de Dortmund retornaram à decisão da taça europeia depois de 11 anos, quando, na temporada 2012/13, no mesmo local da atual disputa, amargaram a segunda posição contra seu maior rival: o Bayern de Munique. O BVB (tradução do alemão para: Clube Borussia para jogos de Bola) já conquistou a “orelhuda” na temporada 1996/97, quando derrotou a Juventus. Neste retorno ao Wembley, os alemães buscavam o bicampeonato.

Em trajetória complicada, o Borussia garante a passagem à final [Reprodução/X: @BVB]

Carregando o rótulo de underdogs durante toda a competição, o Borussia iniciou sua campanha na Champions ao ser posicionado no grupo F — considerado o “grupo da morte” — acompanhado de PSG (França), Milan (Itália) e Newcastle (Inglaterra). Para a surpresa daqueles que duvidavam da equipe a princípio, as abelhas tiveram bom desempenho, se classificando em primeiro e conquistando 13 pontos, com três vitórias, dois empates e uma derrota.

A liderança não foi suficiente para desvencilhar a imagem de “azarão” do clube auri-negro, que o acompanhou durante toda a fase eliminatória. Nas oitavas de final, enfrentaram o PSV, da Holanda, que fazia uma ótima temporada e apresentava um futebol ofensivo, o que os ajudou a conquistar o campeonato nacional com apenas uma única derrota. A classificação alemã por 3 a 1 no agregado veio após dois confrontos disputados, com a vitória sendo sacramentada na partida de volta em Dortmund.

Nas quartas de final, houve o encontro com o Atlético de Madrid, que era favorito por, além de possuir atuações mais consistentes no torneio, ter eliminado o vice-campeão da edição 2022/23, Inter de Milão, na última fase. A ida, disputada na Espanha, foi vencida pelo Atleti por 2 a 1, resultado revertido pelo time alemão logo no início do segundo jogo. Os Colchoneros chegaram a retomar a dianteira no placar agregado no segundo tempo, porém os aurinegros buscaram a vitória ao marcar dois gols no final, definindo o placar em 4 a 2.

Na semifinal, os embates foram novamente contra o Paris Saint-Germain (PSG), o oponente mais difícil enfrentado na competição. O confronto foi marcado por duas partidas tensas, nas quais o BVB contou com a sorte a seu favor: na ida e volta, seis chutes do PSG foram parados pela trave. O Borussia venceu ambas por 1 a 0, garantindo, para a surpresa daqueles que o consideravam “azarão”, sua vaga em Wembley.

A despedida de um ídolo

O ponto mais notável de toda a campanha das Abelhas na Champions desta temporada foi a saída de um de seus maiores ídolos após a final: Marco Reus. Torcedor aurinegro desde a infância, Reus chegou ao clube na temporada 2012/13 e, desde então, foi o principal nome da equipe alemã, apresentando ótimos desempenhos que o categorizaram como um dos melhores jogadores da geração.

O jogador deixa o clube com a marca de 429 jogos e 301 participações para gol (gols e assistências) [Reprodução/X: @BVB]

Seus bons desempenhos chamaram a atenção de outros clubes, como o próprio Real Madrid, que fizeram ofertas por ele. Porém, sua paixão pelo Borussia foi maior do que a possibilidade de jogar em clubes de maior escalão e com salários maiores, o que o tornou um símbolo do amor à camisa e fidelidade no futebol.

Entretanto, problemas como sua alta incidência de lesões, que levou à sua ausência na titularidade do plantel atual, além da participação em elencos fracos, o impediram de vencer títulos de grande expressão. Depois do BVB anunciar a não renovação de seu contrato, esta se tornou sua última oportunidade de se consagrar com uma grande conquista na história do clube, podendo ainda se redimir da derrota sofrida na última final europeia alcançada pelo Borussia.

Reus e Hummels (primeira fileira da segunda foto, terceiro homem, da esquerda para a direita) são os únicos jogadores do atual elenco auri-negro que jogaram a última final disputada pelo clube [Reprodução/X: @ChampionsLeague]

Real Madrid: O terror europeu

Em 6 de Março de 1902, foi eleita oficialmente a primeira Junta Directiva do Madrid Foot Ball Club, clube que, 18 anos depois, se tornaria o Real Madrid após receber o título honorífico “Real”, por “mudar de patamar” de acordo com o então Rei Afonso XIII.

Ao longo de seus 122 anos, o clube teve lendas como Santiago Bernabéu, Di Stéfano, Gento, Puskás, Raúl e Cristiano Ronaldo, e conquistou oito Mundiais de Clube, cinco Supertaças da Europa, duas Taças da UEFA, 35 Ligas, 20 Taças do Rei, 13 Supertaças de Espanha e 14 Champions League.

O Real Madrid conta com incríveis seis finais de Champions League nos últimos 11 anos. Apesar de outros 14 títulos, os merengues chegaram a esta final em busca de sua primeira conquista invicta.

Os responsáveis

Se o Real Madrid é temido, respeitado e vitorioso hoje, é por conta de Florentino Pérez, que começou sua história no clube 24 anos atrás, quando trouxe o craque Luís Figo, do Barcelona — o maior rival dos merengues —, dando início a “Era dos Galáticos”, que conquistaria apenas a Champions League de 2001/02. Florentino deixou o clube em 2006 e retornou em 2009 para entrar definitivamente na história do maior clube do mundo, com mais de 30 títulos conquistados em suas gestões. Atualmente, está em curso um projeto de rejuvenescimento do elenco após a “Era das 3 Champions seguidas”, contando com Endrick e Mbappé para a próxima temporada.

Para o cargo de técnico da equipe, não teria ninguém melhor que Carlo Ancelotti, o italiano multicampeão que voltou ao clube em 2021, após passagens esquecíveis em Everton e Napoli. O treinador da “La Décima” repetiria o sucesso na temporada de 2021/22, ao conseguir mesclar jovens talentos como Vinicius Junior, Rodrygo e Valverde com nomes experientes, como Kroos, Carvajal e Modrić, conquistando a décima quarta Champions do Real Madrid.   

Para a final de 2023/24, os jovens chegaram mais experientes, além de contarem com os reforços do fenômeno de 20 anos, Jude Bellingham, vindo do Borussia Dortmund, e do herói da semifinal, Joselu. Um Real que, mesmo com diversas lesões, sendo Tchouaméni a baixa mais recente para a final, se mostrou imparável em mais uma temporada e chegou pronto para brigar novamente pelo troféu mais cobiçado da Europa.

O capitão Nacho, o técnico Ancelotti e o presidente Florentino Pérez com o troféu da Champions League de 2023/24 na comemoração em Madrid [Reprodução/site oficial do Real Madrid]

A primeira campanha invicta

No grupo C, o Real Madrid não teve dificuldades. Apesar de encontrar um Napoli campeão italiano em 2023, um Union Berlin motivado em sua primeira participação na competição e um Braga que passou pelo Panathinaikos e FC TSC nos playoffs, os merengues tiveram seis vitórias em seis jogos. Nas oitavas de final, a equipe encontrou dificuldades contra o RB Leipzig. Destaque para as boas atuações do goleiro Lunin, personagem fundamental na vitória por 1 a 0 no Santiago Bernabéu e no empate por 1 a 1 na Alemanha.

Já nas quartas de final, o sorteio definiu um confronto que poderia ser considerado a final antecipada: Real Madrid e Manchester City — partida que se repetiu nas duas últimas edições, com uma classificação e título para cada. Os dois jogos se desenvolveram com muito equilíbrio, rendendo um 3 a 3 com golaços e um 1 a 1 destacado pela ótima defesa do time madrilenho e pela pressão absurda do City.  Com disputa de pênaltis, Modrić errou o primeiro, mas Lunin salvou novamente o Real, defendendo as penalidades de Bernardo Silva e Kovačić. 

Na semifinal, enfrentou o inconstante Bayern, que não venceu a Bundesliga e foi eliminado por um time de terceira divisão na copa nacional. Em Munique, apesar de mostrar uma postura diferente do restante da temporada e  tentar pressionar o Real, não conseguiu sair com a vitória. 

Na Espanha, Davies abriu o placar para o Bayern, mesmo com pressão espanhola. Quase como uma previsão do que viria a acontecer, Vini Jr havia alertado, em entrevista pós-jogo na Alemanha, para a TNT Sports: “90 minutos no Bernabéu são longos”. 

Aos 88 e 90+1, Joselu empatou e virou a partida para levar, mais uma vez, o Real a uma final de Champions. Após o título da La Liga e da Supercopa da Espanha, o Real caminhou para Wembley rumo ao décimo quinto título da Champions.

Mais Despedidas

Com a despedida de Marco Reus para o lado do Dortmund, o Real Madrid também teve que lidar com a saída de grandes ídolos: a final foi a última partida de Toni Kroos com a camisa merengue. O alemão chegou ao clube em 2014, após a Copa do Mundo, e durante 10 anos, foi referência em passes precisos, liderança e personalidade. Formou um dos maiores trios de meio-campo que o futebol já viu ao lado de Casemiro e Modrić, e se aposenta como um dos maiores vencedores da Champions, com 6 títulos. 

Outro que não ficará é o capitão Nacho Fernández, que já informou à diretoria o desejo de sair após 13 anos no clube. O zagueiro espanhol, revelado por José Mourinho, foi durante muito tempo um reserva de luxo, jogando até de lateral quando era preciso, e encerrou sua passagem no Real de forma poética:  erguendo o troféu.

Carvajal, Modrić, Nacho e Kroos posam com a taça da Champions League [Reprodução/X: @realmadrid]

O Jogo

Na primeira etapa da grande final, para a surpresa dos espectadores, o Borussia Dortmund sobrou em campo. Com chegadas perigosas em lançamentos e passes em profundidade, o clube alemão teve duas grandes chances com Adeyemi e Füllkrug, mas foram parados por Carvajal e pela trave, respectivamente. A equipe do Real Madrid, quase irreconhecível, sofreu bastante no primeiro tempo, enquanto o Borussia ditou o ritmo da partida e soube cadenciar a equipe espanhola. Vinícius Junior até tentou mudar o cenário, com algumas escapadas pela esquerda em cima de Ryerson, mas o Real não aproveitou e não finalizou nenhuma vez na meta alemã durante os primeiros 45 minutos.

As equipes voltaram para a etapa final sem alterações, e, a princípio, a partida fez parecer que seria definida em breve pela consistente pressão dos aurinegros. Porém, ainda nos minutos iniciais, Toni Kroos assustou pela primeira vez os alemães com uma cobrança de falta perigosa, obrigando Kobel a fazer sua primeira defesa no jogo. O Dortmund até teve chances de matar a partida com Füllkrug, mas Courtois fechou a meta merengue.

Diante do Real Madrid, a torcida alemã sabia da necessidade de apoiar o seu clube, mas o Borussia não aproveitou as chances que teve. Mesmo assim, aos 71’, a esperança tomou conta dos aurinegros: Marco Reus, em seu jogo de despedida do clube de sua vida, entrou em campo no lugar de Adeyemi. Doce ilusão, já que, nesse momento da partida, o Real Madrid sofreu menos com as escapadas de Adeyemi e passou a controlar o jogo. Dois minutos após a entrada de Reus, Carvajal subiu mais alto que todos os marcadores em cobrança de escanteio e abriu o placar em Wembley.

Após o gol de Carvajal, a equipe alemã demonstrou nervosismo, e passou a jogar no desespero por um gol de empate, mas a falta de concentração foi fatal. Kobel ainda salvou os aurinegros em grandes finalizações de Kroos e Camavinga, mas aos 82’ Maatsen cometeu uma falha ao passar a bola na linha de defesa, e Bellingham serviu Vini Jr para carimbar a “La Quinze”.

Pela décima quinta vez, o Real Madrid é campeão da Liga dos Campeões da Europa. Em um jogo difícil, o time merengue mostrou sua tradição na competição e soube sofrer com a forte pressão alemã. Se por um lado o primeiro tempo só deu Dortmund, na segunda etapa da partida o maior campeão da competição se soltou e foi eficiente.

Os Merengues nunca haviam ganhado uma decisão em Wembley [Reprodução/X: @realmadrid]

Pós-jogo

O torcedor merengue não poderia estar mais feliz esse ano, e não estamos falando só das conquistas das taças da Champions, da La Liga e da Supercopa da Espanha. Após conquistar o troféu mais importante da temporada, o Real Madrid anunciou, no dia 3 de junho, a chegada de Kylian Mbappé, astro francês e campeão do mundo em 2018, através de uma transferência gratuita. Com isso, o time da capital espanhola adiciona um dos melhores jogadores do futebol mundial a um elenco já estrelado. Além disso, a joia do Palmeiras de 17 anos, Endrick, é o próximo a se juntar aos Los Blancos na próxima temporada.

Entretanto, o elenco sofreu baixas para a próxima temporada.  Aos 34 anos, o ídolo Toni Kroos anunciou sua aposentadoria, o capitão Nacho Fernández não garantiu permanência, e Luka Modrić, já como opção na reserva, provavelmente jogará sua última temporada.

Com seu desempenho na temporada e poder decisivo na competição, Vinicius Junior foi eleito o melhor jogador desta edição da Champions League. Marcando seis gols e cinco assistências em 11 partidas, Vini se tornou um dos favoritos para premiações individuais no ano, o que inclui o prêmio de melhor jogador do mundo (Bola de Ouro ou FIFA The Best), podendo ser o primeiro brasileiro a levar esses títulos desde Kaká, em 2007.

Vini Jr. se tornou o primeiro brasileiro a marcar em duas finais da competição [Reprodução/X: @ChampionsLeague]

O Borussia Dortmund, por sua vez, fez uma campanha histórica e, superando todas as expectativas, conseguiu chegar à final. Mas a derrota deixou um gosto amargo no time alemão, que já havia sido vice da UCL, no mesmo estádio, em 2013, e perdeu a Bundesliga do ano passado de forma imprevisível. O time não conseguiu uma despedida digna para seu ídolo, Marco Reus, que anunciou sua saída do time após 19 anos dentro do clube. 

Além disso, na Copa da Alemanha, o BVB foi eliminado nas oitavas de final e terminou o campeonato alemão na quinta posição, o que garantiu vaga para a Champions do ano que vem, mas, no geral, marcou uma campanha doméstica decepcionante. Porém, é importante ressaltar que o time vivia uma temporada de reconstrução e que, apesar de não ter conquistado nenhum título, foi muito acima das expectativas dos torcedores. Por fim, para a próxima temporada, o clube planeja renovar com o seu jovem treinador Edin Terzic, trazer novas peças para a reconstrução do elenco e comprar em definitivo Jadon Sancho e Ian Maatsen, ambos que estão emprestados para o time de Dortmund.

O abraço na despedida de duas lendas de seus clubes, Reus e Kroos [Reprodução/X: @ChampionsLeague]

Imagem de capa: [Reprodução/X: @ChampionsLeague]

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