O nome em português dado para o filme Scusa ma ti chiamo amore (algo como “Desculpe se te chamo de ‘amor’”) foi Lição de Amor. Ficou cafona, mas faz jus ao filme do italiano Federico Moccia. O longa realmente tenta passar uma “lição de amor” ao público; talvez que a de que “o amor sempre vence”, mas faz isso mal – e de maneira (muito) cafona.
A história é bastante simples: Nikki (Michela Quattrociocche), uma estudante de ensino médio prestes a se formar, conhece Alex (Raoul Bova), publicitário 20 anos mais velho que acaba de ser abandonado pela namorada. E o romance se desenvolve com as diferenças entre os dois: a mocinha serelepe e o homem maduro/sério/trabalhador. O enredo pode parecer clichê – nada incomum para uma comédia romântica -, mas o maior problema não é esse. O problema é a forma como é desenvolvido.
Parece que o diretor, que também escreveu o roteiro, baseado em livro homônimo de sua própria autoria, quis passar algo ao público que não é captado. Talvez por ter ele mesmo escrito o romance e o roteiro, Moccia não conseguiu transitar bem entre as linguagem do cinema e da literatura, deixando o roteiro enfraquecido. Os diálogos são ingênuos, falta conflito na trama, as histórias paralelas parecem deslocadas. O filme fica, além de ingênuo e com resoluções simplistas, morno e arrastado. Falta tempero.
E a cafonice é aguda desde o primeiro minuto. Na cena de sexo do casal protagonista, por exemplo, frases soltas vão surgindo aos poucos, dele e dela, alternadas, com eco, efeitos e música óbiva no fundo. “Você é tão linda”/“me abraça”/“quero você”. E não para por aí. Citações de Balzac e outros escritores permeiam todo o filme, ocupando graficamente parte da tela. Desnecessário.
O mormaço que se arrasta pelo longa parece ser disfarçado por uma trilha sonora pop gostosa, mesmo que artificial (parece não se encaixar bem com as cenas). Mas o filme não é de todo ruim. Com protagonistas bonitos e que funcionam, o Lição de Amor é leve e “bonitinho” – mesmo que cafona. Há quem goste.