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Cantet defende um fazer educacional apaixonado

Bruna Buzzo Após a exibição de seu novo filme em uma pré-estreia na Reserva Cultural, em São Paulo, Laurent Cantet abriu o debate com o público afirmando (e avisando) que seu Entre os Muros da Escola (Entre les Murs), vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2008, não é um filme sobre educação …

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Bruna Buzzo

Após a exibição de seu novo filme em uma pré-estreia na Reserva Cultural, em São Paulo, Laurent Cantet abriu o debate com o público afirmando (e avisando) que seu Entre os Muros da Escola (Entre les Murs), vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2008, não é um filme sobre educação feito para educadores, “não sou um educador”, mas sim um filme que pretende questionar as questões ligadas à educação na França, facilmente estendíveis ao resto do mundo. Sempre com a ajuda da intérprete, o diretor disse não gostar de filmes que propõem respostas, “acho importante questionar”.

O debate foi mediado pelo crítico de cinema Sérgio Rizzo e também contou com a presença da diretora Laís Bodanzky (Bicho de Sete Cabeças e Chega de Saudade) e dos educadores Julio Groppa Aquino, docente da Faculdade de Educação da USP, e José Ernesto Bologna, consultor em Psicologia do Desenvolvimento aplicada à Administração e Educação.

Em seus primeiros comentários sobre Entre os Muros, os convidados para o debate elogiaram o diretor francês pelo ótimo trabalho realizado. Laís afirmou-se emocionada com o filme, Bolonha disse a Cantet que “gostaria que os educadores falassem de cinema como ele fala de educação”, uma vez que a escola é a primeira amarra do indivíduo para com a sociedade e o educador deve respeitar a identidade e as diferenças de cada aluno, fato este que é a todo instante retratado no longa.

Concordando com os demais, Aquino afirmou ser este um filme pioneiro, “em geral, os filmes trazem uma visão idealizada da educação. Entre os Muros é honesto, e não moralista; ele coloca o “fazer docente” em discussão, este fazer cotidiano sem grandes metanarrativas.”

O filme por seu diretor

Cantet achou importante colocar a ideia da escola como um ambiente democrático em cena: diferentes tipos convivem em um mesmo ambiente e retratar diferentes atritos que podem surgir desta convivência.

O diretor propõe no filme que se procure e incentive um lado que há muito as escolas vem deixando de lado: a criação de senso crítico nos alunos. “Vejo duas funções essenciais na escola: a primeira é ensinar noções básicas de matemática, biologia, física etc, a segunda é dar ferramentas para que o aluno possa enfrentar a sociedade em que vive, é transmitir senso crítico.”

Como pai, Cantet vê que a escola hoje não quer mais correr o risco dessa segunda função, transferindo-a exclusivamente para os pais. O que lhe agradou no livro de François Bégaudeau foi o fato de o professor tentar dar aos alunos algum senso crítico, humanizá-los ao invés de tratá-los como animais.

A discussão do amor que François coloca no que faz também é um ponto importante para o diretor. “Muitos professores e pedagogos criticam uma relação afetiva com os alunos, mas eu, que não tenho formação de pedagogo, sinto que sedução e ternura são indispensáveis para se conseguir trazer o aluno para o assunto tratado em aula.”

É preciso exercer a profissão com paixão, para que os segredos que surgem todos os dias entre os muros de uma escola não deixem o professor louco. Esta paixão, esta percepção de que mudanças são necessárias no sistema educacional moderno foi o que Laurent Cantet encontrou na história real do jovem professor François Bégaudeau, uma história sem idealizações, com erros e tropeços, palpável.

Leia mais sobre Entre os Muros da Escola: http://jjunior.org.br/cinefilos/?cat=19

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