Ao melhor estilo Marley & Eu (Marley & Me, 2008), Meu Amigo Enzo (The Art of Racing in the Rain, 2019) começa com Denny Swift (Milo Ventimiglia), piloto de corridas profissional em ascensão, escolhendo um pequeno filhote de Golden Retriever para ser seu parceiro. Ele nomeia o pequenino como Enzo, inspirado no famoso Enzo Ferrari, fundador da marca de carros esportivos Ferrari.
Outras semelhanças entre os dois longas, além do início e da aparência do cachorro, podem ser encontradas. Ambos acompanham a vida de um animal de estimação em sintonia com a vida de seus donos: o crescimento profissional, o casamento, a chegada dos filhos, os conflitos familiares. E ainda assim, Meu Amigo Enzo possui uma abordagem relativamente original do assunto. O cãozinho Enzo, narrador da trama, é muito bem comportado. Com a voz de Kevin Costner, ele descreve todos os eventos que ocorrem em cena. É surpreendentemente sábio e eloquente, tanto que chega a ser incômodo, quando lembramos que o deveria ser um cão alegre. Carregado de frases de efeito, a narração fica repetitivo e repleto de chavões.
O filme é emocionante, e sem dúvidas faz o espectador derramar lágrimas . Ele traz algumas surpresas na narrativa que, inicialmente, são muito comoventes. Depois de algumas reviravoltas trágicas, esse mecanismo parece forçado e um pouco raso, pois o espectador acaba chorando pela grandiosidade dos desastres e pela narração cheia de bordões, ao invés de se emocionar pela própria trama. Entretanto, para aqueles que gostam de filmes mais trágicos, o longa pode mexer com os sentimentos.
As diversas cenas de corrida são muito bem produzidas, principalmente aquelas que se passam na chuva, tida como a especialidade do protagonista Swift. Além disso, a amizade entre o cão e Denny, e também com o restante da família, é muito cativante. A atriz Amanda Seyfried interpreta a esposa do piloto, Eve. A relação dela com o cachorro, no início, é um pouco conturbada, pois esse sente falta de ser o centro das atenções de seu dono, e o ciúmes acaba o dominando. Com o passar do tempo, a convivência entre ela e Enzo aumenta muito, e surge uma amizade carinhosa entre eles, que é prazerosa de assisitir. O cachorrinho também rouba a cena nos momentos com a pequena filha do casal, Zoe (Ryan Kiera Armstrong). Enzo protege muito a menina que, por sua vez, ama brincar com ele, e ambos criam uma atmosfera de fofura no meio de toda a tristeza.
O ponto mais forte do filme é, com toda a certeza, os relacionamentos que ele mostra. A narrativa pode muitas vezes ficar um pouco batida, e as reações criadas pelo roteiro, exageradas, mas alguns momentos de carinho entre os membros da família de Enzo são certamente encantadoras. A relação de Swift com sua filha é muito bonita e sua determinação em estar próximo a ela é um dos holofotes da trama.
O longa é uma boa diversão para a família e amigos, porém é esquecível, diferentemente de outras produções com uma premissa semelhante. Filmes como Marley & Eu e Sempre ao seu Lado (Hachi: A Dog’s Tale, 2009) comovem o espectador através do carisma e da emoção, tanto da narrativa quanto das cenas em si, enquanto Meu Amigo Enzo parece tentar reciclar essa fórmula de forma ainda mais impactante, e falha em alguns sentidos.
A insistência em fazer o público chorar estraga o andamento da história e cria poucas brechas para que exista envolvimento entre a audiência e a trama. Ainda assim, ele reserva alguns instantes cativantes que ainda farão com que você chegue em casa e vá correndo abraçar o seu animalzinho de estimação.
O filme chegará às telonas dia 8 de agosto, e você pode conferir o trailer aqui: