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Compartilhar: um filme sobre abuso e descaso

Em uma típica festa de ensino médio americana, vários adolescentes se divertem. Um deles, a garota Mandy (Rhianne Barreto), acaba bebendo demais e perdendo a consciência. Durante esse momento de vulnerabilidade, alguns meninos da festa começam a despí-la e fazer piadas de mau gosto enquanto ela está desacordada. No dia seguinte, Mandy não se lembra …

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Em uma típica festa de ensino médio americana, vários adolescentes se divertem. Um deles, a garota Mandy (Rhianne Barreto), acaba bebendo demais e perdendo a consciência. Durante esse momento de vulnerabilidade, alguns meninos da festa começam a despí-la e fazer piadas de mau gosto enquanto ela está desacordada. No dia seguinte, Mandy não se lembra de grande parte da noite passada, incluindo o abuso, e acaba descobrindo o que aconteceu através de um vídeo espalhado pela escola, gravado por estes garotos. A partir de então, começa uma jornada para entender o que de fato ocorreu, se algo foi feito a ela além do retratado no vídeo de poucos minutos, e também para compreender individualmente e internamente o que a fizeram.

Compartilhar (Share, 2019) é um filme pesado e enxuto. Seu principal ponto forte é a maneira que destrincha e ilustra assuntos que já foram discutidos milhares de vezes, porém nunca de fato compreendidos. A vítima que estava em uma situação de vulnerabilidade, pode ser considerada culpada por um abuso? Algo que ela fez justifica o ato de terceiros? Como conviver com o agressor afeta a vida de uma vítima? Essas são questões que não precisaram ser discutidas através de palavras, pois o próprio roteiro e trabalho dos atores não deixa dúvidas quanto à resposta para tais perguntas.

Mandy tentando se enturmar com seus amigos depois do ocorrido [Imagem: HBO]

O filme atravessa diversos aspectos da vida de Mandy e como eles foram afetados pela divulgação da violência que ela sofreu. Ela passa por um longo processo de absorção do ocorrido, inicialmente tentando esconder o caso e diminuir sua importância, como forma de escape da realidade. Em uma noite, seus pais acabam descobrindo o que aconteceu e a fazem denunciar o caso às autoridades, muito a contragosto da menina. Conforme o andamento do caso na polícia, ela vai começando a compreender a gravidade do que foi feito contra ela, e passa a sofrer mais e mais com as lembranças. As cenas que acompanham esse processo são extremamente fortes. Elas trabalham muito mais a questão visual do que os diálogos. 

Outro aspecto muito bem elaborado pelo longa é a questão judicial. No  início, a sensação de que o caso parece progredir e que os culpados receberão alguma punição é gratificante. Porém, com o passar do tempo, o espectador começa a sentir o peso da injustiça, pois surgem mais e mais empecilhos burocráticos para o prosseguimento da acusação e a esperança de que tudo se conclua de uma maneira direita fica cada vez mais distante. Isso tudo também é mostrado de forma não verbal: as sucessivas ligações para os advogados sem nenhuma novidade, as sucessivas visitas à delegacia sem nenhum avanço. Esse tipo de abordagem agrega muito à experiência do espectador, fazendo com que ele sinta mais profundamente o que lhe está sendo mostrado.

Compartilhar é um filme que causa muitas sensações. Desde revolta à admiração, ,apesar de curto, ele transmite muito bem tudo o que é necessário, e discute questões elementares de maneira fluída e profunda, e certamente causará uma forte impressão àqueles que o assistirem.

O filme vai ao ar no canal HBO no dia 5 de agosto, às 22h00min e você pode conferir o trailer aqui:

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