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46ª Mostra Internacional de SP: ‘Nada de Novo no Front’

A Guerra vista na sua forma mais cru e real possível

Guerra. Uma palavra simples e curta que carrega um monte de significados por trás. Significado de destruição. Significado de violência. Significado de morte. E que mesmo com tantos adjetivos negativos atrelados a essa pequena palavra, ela continua sendo uma palavra que o cinema gosta de aplicar. O interessante é que o cinema de guerra vem se interessando mais uma vez por um conflito que completa mais de 100 anos: a Primeira Guerra Mundial.

A nova dramatização da Primeira Guerra da vez é o candidato alemão ao Oscar Nada de Novo no Front (Im Westen nichts Neues, 2022). Sendo uma nova adaptação do livro alemão de mesmo nome de 1929, a obra acompanha a história de Paul Bäumer (Felix Kammerer), um jovem alemão que possui uma visão romantizada sobre a guerra e que se alista voluntariamente, mas aos poucos descobre que o conflito é muito mais perturbador e violento do que ele jamais imaginou.

O mais interessante do filme é que não é somente o protagonista que perde a sua visão idealizada sobre a guerra, o próprio público começa aos poucos a perceber o quão cruel é o conflito. E aqui mora um dos pontos mais positivos de Nada de Novo no Front. Como ele é um filme de anti-guerra, ele procura o tempo todo mostrar os horrores da guerra da maneira mais real possível para fazer o público refletir sobre aquelas atrocidades que está vendo em tela. Por isso, o papel do design da produção é fundamental para recriar as trincheiras, o da fotografia e da direção mais ainda por criarem imagens horrendas que ficarão presas na mente do telespectador, assombrando-o assim como assombram os soldados.

Cena do filme 'Nada de Novo no Front'.
O olhar de desespero do ator Felix Kammerer é capaz de mostrar como as atrocidades da guerra mudam o personagem e são responsáveis por “amadurecê-lo”. [Imagem: Divulgação/Netflix]

Mas a crítica em um filme de anti-guerra não está apenas presente nas atrocidades que os personagens vêem no conflito, mas também nas atrocidades que eles cometem no conflito. E aqui entra mais um elogio para o filme de 2022: a atuação de Felix Kammerer no papel de Paul. Graças às suas expressões faciais, ou a falta dela em cenas fundamentais, o público é capaz de ver como a guerra traumatiza um soldado ao ver seu amigo morrer em questão de segundos ou como ela desumaniza uma pessoa ao forçá-la a lutar para sobreviver. 

O curioso é que o público sabe o destino dos soldados alemães na Primeira Guerra Mundial desde o início do filme, graças às dezenas de cenas deles morrendo. Isso faz com que uma cena alegre e divertida, como os personagens dando risada, se torne uma cena pesada e dramática através de uma trilha sonora melancólica. E o próprio som é um personagem à parte no filme, construindo uma tensão durante o longa inteiro através de barulhos frenéticos e altos. Nem quando tem um momento de silêncio, o público se sente seguro, porque quando está “tudo quieto no fronte ocidental’’ significa que os inimigos estão prestes a atacar e matar todos de maneira violenta. 

Paralelamente a toda tensão e violência que ocorrem nas trincheiras, o filme busca realizar uma crítica às pessoas responsáveis pela continuação da guerra através de toda uma subtrama envolvendo a negociação do armistício. Graças a uma série de analogias, Nada de Novo no Front mostra como o mundo da política é cruel, com políticos confortáveis em suas casas comendo belas refeições, enquanto os soldados que não tem a ver com o conflito estão passando fome e sujos de lama nas trincheiras. O problema é que todas essas cenas parecem desconexas do restante da trama e toda essa calmaria fica estranha em relação aos momentos de mortes e brutalidades que são mostradas nas trincheiras.

Cena do filme 'Nada de Novo no Front'.
A crítica à guerra também está presente em como as trincheiras são um lugar de sujeira e desespero, enquanto as casas dos políticos é confortável e calma. [Imagem: Divulgação/Netflix]

E quando o filme vai se aproximando do final, percebemos mais uma crítica: as consequências do conflito, principalmente para quem viveu ele. Afinal de contas, aquelas pessoas que somente assinaram o armistício não sofrerão com o pós-guerra, pois não vão se lembrar dela. Mas aquelas pessoas que estavam nas trincheiras e que não tinham nada a ver com o conflito sempre se lembrarão dos horrores que viram na guerra, sempre se lembrarão dos horrores que fizeram na guerra, sempre se lembrarão dos horrores da guerra.

Apesar da trama do armistício parecer desconexa e muitas vezes cansativa, a trama das trincheiras vale a pena o play no filme por mostrar como a guerra é responsável por uma desumanização de seus participantes e revelar o lado mais cruel e perverso da humanidade. Mais do que isso, Nada de Novo no Front mostra como os soldados são apenas soldados prontos para serem substituídos quando um morrer.

Nota do Cinéfilo: 4,5 - Ótimo

O filme estreou na 46ª Mostra Internacional de São Paulo e chegou ao catálogo da Netflix no dia 28 de Outubro. Confira o trailer abaixo:

*Imagem de Capa: Divulgação/Netflix

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