No domingo, 5 de junho, País de Gales e Ucrânia se enfrentaram em Cardiff para decidir o último classificado europeu para a Copa do Mundo do Catar, que ocorrerá entre novembro e dezembro deste ano. A partida foi marcada por grandes emoções e por um cenário de muita motivação para ambos os lados. Gales, pelo longo tempo sem ir a uma copa. A Ucrânia, devido à guerra que lá se estende desde o início deste ano. Hoje, você vai ler tudo o que envolveu essa partida, do início ao fim, na visão de alguém que torceu e se emocionou pela Ucrânia, eu mesmo, Ricardo Thomé.
Do início ao fim, a partida foi assim. Lágrimas de alegria, lágrimas de tristeza. Gritos de euforia, lamentos das profundezas. Que dureza! Choros de emoção, choros de superação, cada um ao seu jeito. Mas o respeito aos escudos que se levam no peito, esse foi perfeito.
O mal venceu?
Não, o mal não venceu, por mais que as gírias internéticas nos façam querer dizê-lo. Mas o bem…o bem com certeza perdeu. E aqui não se faz apologia a qualquer tipo de dicotomia de guerra. Nela não há mocinhos ou vilões, e o autor deste texto não tem qualquer capacidade opinativa sobre isso. É inquestionável, porém, que o povo ucraniano é aquele que mais vem sofrendo com as consequências da invasão russa, que se estende há mais de 100 dias. E é natural do ser humano, especialmente no âmbito do esporte, torcer pelo mais fraco, quando não se tem simpatia ou empatia pelo mais forte. O mundo do futebol se uniu no domingo (5), portanto, para torcer para os amarelo-azuis. E esse é o bem. O que não faz do País de Gales o mal.
A Saga de Gales
O fato de basicamente apenas galeses torcerem pelo insucesso da seleção ucraniana no jogo decisivo das eliminatórias europeias para a Copa do Mundo do Catar se repetiria se fosse a Alemanha, o Brasil, a Bósnia-Herzegovina, a França ou a Nigéria no lugar dos Dragões. A torcida era em prol da Ucrânia, não contra Gales. E assim foi.
Só que os galeses não estavam nem aí: lotaram o Estádio Cardiff City na capital de seu país. Os mais de 30 mil torcedores entoaram Yma o Hyd (em tradução livre, “ainda estou aqui”, ou seja, um “You’ll Never Walk Alone” 2.0), um hino não oficial do país, antes da partida, com participação do cantor Dafydd Iwan. É importante lembrar que, embora seja uma das seleções de futebol mais antigas, o País de Gales participou de uma única Copa do Mundo na história: a de 1958, na Suécia, na qual foi eliminada para o Brasil de Pelé, que marcou seu primeiro (e para muitos o mais bonito) gol em copas, nas quartas de final daquela que coroaria o primeiro título mundial da Seleção Brasileira.
De lá para cá, são 64 anos longe do maior evento esportivo do mundo e uma sucessão de decepções. Ryan Giggs, por exemplo, astro do Manchester United e um dos maiores jogadores da história da versão atual do Campeonato Inglês (a Premier League), não conseguiu levar Gales a uma copa. Restou a Gareth Bale, maior artilheiro da história da seleção galesa, a tarefa de conseguir tal proeza, aos 32 anos. Após vencer sua quinta Liga dos Campeões pelo Real Madrid praticamente sem jogar e conturbar uma relação que poderia ser de idolatria com a torcida do maior time do mundo, Bale entrou em campo para fazer jus à prioridade que a seleção nacional se tornou para ele. E conseguiu! Mas isso a gente fala daqui a pouco…
Ucrânia: muito mais do que um jogo de futebol
Para a Ucrânia, país que se tornou independente da então União Soviética em 1991 e que desde então só participou de uma Copa do Mundo, a de 2006, na Alemanha, o valor de uma vitória iria muito além de uma conquista futebolística. O país está em guerra com a Rússia desde o fim de fevereiro, o que gerou uma comoção mundial e uma onda gigantesca de refugiados. Esse sofrimento, caótico e triste, atingiu ucranianos de todos os tipos, dentro e fora do país, inclusive na seleção nacional. E por mais relevantes que essas histórias sejam, aqui vamos nos ater àquelas que se referem ao jogo
Para começar, dos 26 convocados, 16 jogam na liga nacional da Ucrânia, ou seja, praticamente não atuaram no ano de 2022. Para esses, o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, que é esloveno, organizou uma logística de treinamento em um vilarejo na Eslovênia. Os jogadores ficaram cerca de um mês se preparando para os confrontos das eliminatórias e jogando amistosos. Dos 15 jogadores que entraram em campo contra Gales, 10 faziam parte desse grupo.
Há ainda as histórias que se referem ao horror da guerra. O meio-campista Oleksandr Zinchenko, 25 anos, que atua pelo Manchester City, teria, segundo o jornal The Sun, cogitado abandonar a Inglaterra para lutar por seu país, e sido demovido da ideia por seus companheiros e pelo clube. Zinchenko já se manifestou várias vezes contra a Rússia, a guerra e o presidente Vladimir Putin, e é um dos grandes símbolos dessa seleção.
O lateral direito Oleksandr Karavaev, de 30 anos, que defende o Dínamo de Kiev, contou que sua família está em Kherson, cidade que foi dominada pelos russos e em que a comunicação é limitada. Seus familiares não puderam acompanhar a partida ao vivo, por exemplo.
Já o capitão Andriy Yarmolenko, enviou sua família para uma consulta médica em Kiev na véspera da invasão russa, tendo que conviver com um arrependimento e um sentimento de culpa muito grande até que eles fugissem em segurança.
Por fim (e não porque não haja mais histórias, mas sim porque essas são as mais conhecidas e repercutidas), o atacante Roman Yaremchuk, do Benfica, entrou em campo chorando e foi aplaudido por todo o estádio em partida do Campeonato Português, enquanto os confrontos ocorriam em seu país.
Dias antes da partida, Pelé escreveu uma carta a Putin nas redes sociais, pedindo pelo fim da guerra. Que bom seria se o Rei do Futebol conseguisse, uma vez mais, parar uma guerra. Mas no mesmo dia do jogo, após muito tempo sem bombardeios, foram notificados ataques à capital Kiev.
Para a Ucrânia, portanto, era uma questão de honra, pelos que se foram e pelos que seguem lutando e sofrendo no país. Como disse o presidente Volodymyr Zelensky após a vitória por 3×1 contra a Escócia, que classificou os ucranianos para o jogo contra Gales, aquela partida trouxe “duas horas de felicidade ao povo ucraniano”. O objetivo do grupo de jogadores comandados por Oleksandr Petrakov era trazer mais duas horas de alegria aos ucranianos e, assim, garantir ao menos mais seis horas em três jogos de fase de grupos da Copa do Mundo, no fim do ano.
1º tempo: Ucrânia dominante, pênalti não marcado e o vacilo fatal
Os jogadores ucranianos entraram todos abraçados a bandeiras da Ucrânia, emocionando a todos que acompanhavam a partida, incluindo alguns ucranianos presentes no estádio em Cardiff.
Além daqueles residentes no País de Gales, a Associação de Futebol do País de Gales (FAW), levou 100 dos mais de 2 mil refugiados da Ucrânia no país ao jogo.
No papel, o País de Gales se estruturava num 3-4-3, com Hennessey; Ampadu, Rodon, Davies; Roberts, Allen, Ramsey, Williams; Bale ©, Moore e James. O time é comandado pelo então auxiliar Robert Page, que assumiu o cargo após o ex-treinador, Ryan Giggs (aquele!) ser acusado de agredir duas mulheres, no fim de 2020. O caráter de Giggs já era de se questionar por ele ter tido um caso de oito anos com a esposa de seu irmão, mas se isso for verdade, o ser humano, embora craque da bola, será de fato deplorável.
A Ucrânia, por sua vez, organizava-se num 4-1-4-1 bem claro, com Bushchan; Karavaev, Zabarnyi, Matviyenko, Mykolenko; Stepanenko; Yarmolenko ©, Malinovskyi, Zinchenko, Tsygankov; Yaremchuk.
Mas o time treinado por Petrakov mostrou-se muito consciente do que fazia e do que buscava, tendo controlado as ações da partida desde os primeiros minutos. Com pouco mais de 2’, Zinchenko bateu uma falta rapidamente para abrir o placar para os ucranianos. Mas o árbitro espanhol Mateu Lahoz não tinha autorizado a cobrança, e o gol não valeu. Com 8’, um retrato de opostos dava as caras: Tsygankov, na minha opinião o pior em campo, bateu de fora da área para a defesa de Hennessey, o melhor a pisar nos gramados de Cardiff naquele domingo. E isso é indiscutível. O que esse homem joga com a camisa dos Dragões não é brincadeira, não!
O jogo era da Ucrânia incansável no campo de ataque, tanto que aos 12’ Hennessey teve que defender novamente, em chute de Yaremchuk, sozinho na área. Após mais jogadas de perigo, o castigo. Em cobrança de falta muito distante do gol, Gareth Bale mandou o famoso “jogar para a área pra ver o que acontece”. E aconteceu: aos 34’, Yarmolenko acabou desviando para dentro do próprio gol, abrindo o placar para Gales e protagonizando um arrependimento do qual ele não conseguiria se livrar.
E ele tentou, muito! Aos 40’, inclusive, sofreu um pênalti claríssimo pelo lado direito de ataque. Ele brigou pelo espaço, ganhou a bola de Allen e foi chutado. O juiz, entretanto, tal qual a cabine do VAR (Video Assistant Referee ou Árbitro Assistente de Vídeo), ignorou o lance, que foi checado mas não levou à marcação daquela que poderia ser a chance do empate ucraniano.
2º tempo: Mudanças, dificuldades e uma muralha galesa
Na segunda etapa, as equipes voltaram diferentes, ainda que sem alterações em nomes. Gales começou melhor, com mais ímpeto no ataque, enquanto a Ucrânia parecia perdida, claro reflexo do gol no fim do primeiro tempo. Com 3’, Daniel James acionou Moore, centroavante daqueles que tem medo de dominar uma bola, mas que fez boa jogada pela esquerda e rolou para o experiente camisa 10 Aaron Ramsey, o homem associado às mortes de famosos, bater de primeira e errar o gol.
Sobre o esquentadinho Daniel James, também conhecido como Tsygankov galês, é importante dizer que ele tinha tomado cartão amarelo por reclamação com TRÊS minutos de jogo no primeiro tempo. Dali em diante, errou quase todas as jogadas pela esquerda e passou perto de ser expulso (como foi há um mês no campeonato inglês por entrada duríssima em jogo do seu time, o Leeds, contra o Chelsea). Por essas e outras ele viria a ser o primeiro substituído da equipe galesa.
O predomínio de Gales no jogo não durou tanto tempo, apenas o suficiente para que a Ucrânia se ajustasse taticamente e passasse de um 4-1-4-1 no primeiro tempo, para uma espécie de 3-1-4-2, no segundo.
Ensaiava-se, a partir daí, um duelo muito interessante: Neco Williams, ala esquerdo de Gales, contra Oleksandr Karavaev, lateral direito da Ucrânia – aquele mesmo, da família em Kherson. Williams é jovem, 21 aninhos, rápido, habilidoso, mas não menos forte nos combates quando necessário. Karavaev já tem seus 30 anos, não é provido de tanta capacidade técnica, mas acabou por fazer uma partida excelente, defensiva e ofensivamente, a meu ver, com muita disposição, boa movimentação tática e inteligência para fazer sua vontade se sobressair.
Logo, as mudanças táticas deram efeito: com 10’, Mykolenko encontrou Tsygankov, que numa das poucas jogadas que acertou no jogo, exigiu um milagre (mais um!) de Hennessey. No rebote, Yaremchuk perdeu um gol incrível.
Sobre Viktor Tsygankov, vamos lá. Ele é jovem, nasceu em Israel, joga pela Ucrânia, é habilidoso…e não pretendo massacrá-lo por toda a questão que essa partida envolvia. Mas sim, o atacante de 24 anos, cujo nome significa “ciganos”, em tradução livre, conseguiu tomar decisões equivocadas e demonstrar que sua perna direita serve apenas para subir no ônibus mesmo, “matando” ao menos três jogadas claras de ataque de sua seleção. Desejo todo o sucesso para ele na carreira, mas nesse jogo em específico foi difícil não reclamar. Que tenha sido uma questão apenas esportiva e não psicológica.
E foi justamente por essa questão que, quando as duas equipes decidiram mudar suas peças, por volta dos 25’ da segunda etapa, eu discordei do técnico Petrakov. E aqui vamos para algo que eu não cogitava fazer tão cedo na prática jornalística: criticar o trabalho tático do banco de reservas da Ucrânia. Petrakov, vendo que a equipe não conseguia criar muitas oportunidades, olhou para seu elenco e decidiu levar a campo o meio-campista Mykola Shaparenko. Camisa 10, experiente, destro e chutador de fora da área. Era uma ótima alternativa para uma equipe que não conseguia furar uma defesa que melhorou muito no segundo tempo. Até então, dos quatro jogadores de meio-campo mais adiantados que iniciaram a partida pela Ucrânia, todos eram canhotos, o que justificaria já de cara a entrada de um destro.
O problema não foi, portanto, a entrada de Shaparenko, mas sim a escolha do substituído. Petrakov optou por sacar da equipe o camisa 8 Ruslan Malinovskyi. Habilidoso, com requintes de craque e a passada de pé em cima da bola diferenciada – lembra muito o Raphael Veiga no estilo de condução e na força física -, só que nem por isso deixa de ser o Malinovskyi, e às vezes parece que ele se esquece disso e acha que pode mais. Ainda assim, se tem uma característica fantástica nesse jogador, que atua pela carismática Atalanta, da Itália, é seu chute de fora da área. Forte, perigoso, fatal.
E por mais que eu entenda a necessidade de se ter um jogador de velocidade como o Tsygankov, a Ucrânia tinha uma opção para ocupar a faixa esquerda do ataque e ela já estava em campo: Zinchenko. O jogador do City pode jogar no meio, como estava, e em todas as posições do lado esquerdo. A Ucrânia teria, com a saída de Tsygankov para a entrada de Shaparenko, dois ótimos armadores e finalizadores de fora da área, um de cada perna, e um jogador pela esquerda com um passe melhor, um cruzamento melhor (para que a bola chegasse aos atacantes que foram se acumulando na área), um jogador melhor, que seria o Zinchenko. Como Malinovskyi saiu, isso não foi possível, e a Ucrânia seguiu sofrendo para criar além dos “chuveirinhos” na área. Petrakov também tirou o volante Stepanenko para a entrada de Sydorchuk, mais fraco tecnicamente e que chutou uma bola que renderia muitos pontos no beisebol. Mas até aí, ele não comprometeu tanto.
No mesmo momento, Roberto Página mexeu pelo lado de Gales, tirando James (antes que ele fosse expulso) e colocando o jovem Brannan Johnson, do recém-promovido inglês e bi-campeão europeu Nottingham Forest. O menino de 21 anos entrou muito bem e chutou uma bola na trave de Bushchan, aos 30’. Segundos depois, criou outra jogada pela esquerda, a bola cruzou a área e chegou para Bale, que finalizou de voleio, com perigo para a defesa do goleiro ucraniano. Foi uma defesa difícil, mas o chute saiu no meio do gol e veio chapado, não de peito de pé, como costuma ser.
Vendo que as mexidas não rendiam grandes chances, Petrakov fez mais duas substituições: aos 32’, trocou Yaremchuk pelo também centroavante Dobvyk, e tirou Tsygankov para a entrada de Mykhaylo Mudryk. É difícil não se lembrar de Luka Modrić ao ler seu nome, mas logo você esquece isso e percebe que a semelhança está só aí mesmo, no nome. Mudryk, garoto do Shakhtar Donetsk e com cabelo digno de adolescente surfista de filme americano, entrou e pouco conseguiu produzir pelo lado esquerdo. Já Dobvyk fez o que pôde com seus 1,89m, diante da situação que o jogo mostrava.
E a mudança deu resultado imediato: Zinchenko cavou a bola lindamente na área, Mudryk escorou, Dobvyk ajeitou e Yarmolenko, sedento por sua redenção, bateu em cima da marcação. A bola sobrou para Karavaev, que cabeceou para fora. Aos 38’, a última grande chance: Zinchenko abriu a bola pela esquerda mais uma vez, Mykolenko cruzou e Dobvyk fez aquilo para que foi colocado em campo, subindo sozinho e cabeceando com força. Acontece que os deuses do futebol tinham escrito uma regra que dizia que, naquele dia, nada, absolutamente NADA, passaria por (Bruce) Wayne Hennessey, o herói galês, vigilante eterno do gol.
Depois disso, a Ucrânia pouco criou e desperdiçou algumas jogadas bobas. O árbitro espanhol ainda tentou ajudar, deu um minuto a mais, mas não foi o suficiente. País de Gales quebrou um jejum que parecia eterno e vai disputar a copa no fim do ano.
Pelo lado ucraniano, o sonho foi adiado, mas não desapareceu, como disse o volante Sergiy Sydorchuk em seu Instagram, ao agradecer o meio-campista Aaron Ramsey por visitar o vestiário dos ucranianos para cumprimentá-los após a partida. Depois do jogo, restou aos jogadores da Ucrânia a lamentação e a comoção com o público que os aplaudia no Cardiff City Stadium, com orgulho de seu empenho e de sua luta. Os torcedores se juntaram aos jogadores, como foi feito em vários jogos da seleção já na Euro 2020, inspirados pela torcida da Islândia na Euro 2016. Isso, sim, é amor à camisa.
Dentre as histórias bonitas dessa seleção, tem-se a do goleiro reserva Andriy Pyatov, que disputou a Copa do Mundo de 2006 como reserva e é o quarto jogador com mais partidas pela seleção ucraniana (102), acabou não conseguindo disputar sua segunda copa, aos 37 anos.
Multicampeão pelo Shakhtar Donetsk e capitão da seleção, embora reserva há alguns anos, Pyatov teve uma despedida digna na vitória sobre a Armênia por 3×0, alguns dias depois. [Foto/Reprodução Twitter @LaPlatea1]
A emoção inevitável e inconsolável
Para a Ucrânia, talvez não tenha sido possível garantir seis horas de alegria futebolística à sua nação, mas é fato que foram duas horas de orgulho não só para os ucranianos, mas para todos que torceram pelos amarelo-azuis. Eu me emocionei antes, durante e depois do jogo, com o espírito e o desejo evidente dos jogadores ucranianos de vencer, e depois com suas lágrimas de lamentação. O sentimento há de ser recíproco pelo lado galês, e Bale já havia dito antes da partida que desejava o melhor para eles [ucranianos], exceto no que se referia àquele jogo. E querendo nós ou não, essa é a maior demonstração de respeito que se pode ter a um adversário fragilizado de alguma forma.
Talvez tenha sido bom, eu não sei. Não sei como seria a logística de treinamento até a copa, se a Ucrânia conseguiria se preparar corretamente. Não sabemos como, quando e se essa guerra vai acabar. O que sabemos é que ela é, sempre, ruim e triste. Critiquei, sim, alguns elementos desse time, mas como torcedor e analista que tento e por vezes tenho que ser. No fundo, minha crença era a de que a Ucrânia vivesse numa ucronia crônica, sem crimes, cruzes, crueldades, ou Kremlin. Enquanto isto não é crível, torço e rezo por todos, ucranianos ou não, que estão sendo afetados por essa guerra.
Que Zinchenko, Karavaev, Yaremchuk, Yarmolenko, Tsygankov, Petrakov e companhia não deixem jamais de ter orgulho do que fizeram, e sigam lutando dentro e fora do campo pela paz. E já que na gangorra da bola ganhou Gales, toda a sorte para Gareth e os garotos do grupo no Catar. Que seja uma grande copa, e que a única briga nela presente seja pela bola, pelos gols e pelas vitórias.
Spasybi, obrigado!