Rebecca – A Mulher Inesquecível (Rebecca, 2020), do diretor Ben Wheatley, conta a história de uma jovem (Lily James) que, durante seu trabalho de dama de companhia de Mrs. Van Hopper (Ann Dowd), conhece Maxim de Winter (Armie Hammer), um homem rico por quem se apaixona e decide largar tudo para vivenciar sua paixão. A narrativa é uma releitura de Rebecca, A Mulher Inesquecível (Rebecca, 1940), dirigido por Alfred Hitchcock e que inspirou-se no livro de 1938 de mesmo nome da autora Daphne du Maurier para a produção. Esta versão venceu, em 1941, o Oscar de Melhor Filme e Melhor Fotografia Preto e Branco.
O longa ganha seu tom após a protagonista aceitar o pedido de casamento de Maxim e o casal se mudar para Manderley, a reconhecida mansão herdada pelo marido que até então havia ficado recentemente viúvo. Se por um lado a personagem de Lily James só ganha nome após o casamento, passando a ser chamada de Mrs. de Winter, a falecida esposa de Maxim de Winter, Rebecca, tem seu nome frequentemente lembrado.
A tensão das cenas entre Mrs. de Winter e Mrs. Danvers acaba sendo mais interessante do que o próprio desenrolar do romance proposto no filme. Principalmente, porque as cenas românticas do casal já são esperadas e não se mostram tão emocionantes quanto os diálogos e olhares trocados pelas duas personagens. A apreensão causada pela postura séria e intrigante de Mrs. Danvers se contrapõe ao perfil demasiadamente inseguro e perdido de Mrs. de Winter.
Por se tratar de um filme que busca propor suspense em sua trama, as cores ganham destaque ao contribuírem com a construção de uma atmosfera mais tensa e sombria com tons de azul ou mais alegre com tons mais amarelados. A fotografia do filme se destaca também através do uso dos espelhos da mansão que dão ao espectador uma nova experiência de perspectiva e uma melhor noção de espacialidade.
A polêmica que envolve a história de Rebecca – A Mulher Inesquecível está relacionada ao livro que deu origem ao filme. A controvérsia envolve um suposto plágio que teria sido feito por Daphne du Maurier da obra brasileira A Sucessora escrita por Carolina Nabuco.
O livro de Carolina foi escrito em 1934, isto é, quatro anos antes da publicação de Daphne. As semelhanças no enredo das duas histórias são bem próximas. Na obra de Nabuco, uma jovem chamada Marina se casa com um empresário viúvo, Roberto, e se muda para a casa do marido milionário. Nessa nova realidade, Alice, que é análoga a personagem de Rebecca, é a esposa falecida que se torna parâmetro para Marina. Essa proximidade das histórias também foi relatada em 1941 no New York Times por Frances R. Grant.
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Abertura da novela A Sucessora (1978) criada por Hans Donner, Sérgio Liuzzi e Nilton Nunes [Imagem: Reprodução/ Youtube – Rede Globo]
Rebecca – A Mulher Inesquecível é um longa estadunidense que procura combinar romance com suspense. A obra é distribuída pela Netflix e já se encontra disponível na plataforma de streaming.
Confira o trailer:
*Capa: [Imagem: Divulgação/Netflix]