Já no dia 7 de janeiro, após o ataque sofrido pelo polêmico jornal francês, surgiu a primeira hashtag “famosa” de 2015. Usuários de redes sociais como Facebook e Twitter se mobilizaram pela liberdade de expressão e pela paz após 12 morrerem na redação do Charlie Hebdo, em Paris. O mundo todo ficou espantado com o episódio violento, que deixou a cidade Luz tão alerta quanto os EUA após o 11 de setembro. Mais tarde, em uma fatídica sexta feira 13, Paris foi novamente vitimada pelo terrorismo.
O segundo episódio aconteceu em novembro e as redes sociais foram tomadas por mensagens de apoio aos franceses acompanhadas pela hashtag PrayForParis. O Facebook disponibilizou uma ferramenta que permitia que os usuários aplicassem em suas fotos de perfil as cores da bandeira da França e ativou um alerta de segurança, para que os que estivessem no país pudessem avisar seus amigos que tudo estava bem.
No entanto, o Facebook não tomou as mesmas medidas em relação ao desastre natural de Mariana (MG), que aconteceu uma semana antes dos ataques em Paris. Quando a internet se mobilizou através da hashtag PrayForParis, usuários passaram a questionar a falta de atenção da mídia e do mundo em relação a Mariana. Quando buscamos no Google por #PrayForParis, obtemos 13.800.000 resultados, em contraposição #PrayForMariana apresenta 38.800 resultados.
No dia 26 de Junho, a Suprema Corte dos EUA reconheceu a legitimidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Para comemorar essa vitória da comunidade LGBT, o Facebook criou uma ferramenta para que os usuários pudessem mudar as suas fotos de perfil, aplicando um filtro de arco íris. A campanha #CelebratePride deixou o Facebook mais colorido e nos mostrou que ainda que existam muitos homofóbicos por aí, a comunidade LGBT tem batalhado por seus direitos e recebe apoio de uma parcela significativa da sociedade. Mark Zukemberg, um like pela campanha!
Na estréia da versão mirim do programa MasterChef Brasil em outubro, a participante Valentina (12 anos) foi alvo de comentários asquerosos de pedófilos nas redes sociais. Ficou nítido (mais do que antes) o quanto o assédio e o estupro são banalizados no Brasil. No dia seguinte a exibição do programa, as blogueiras do Think Olga, que debatem questões feministas, lançaram a hashtag MeuPrimeiroAssédio para que homens e mulheres pudessem debater essa questão tão pertinente nas redes sociais.
A Hashtag apareceu nas redes sociais em novembro, aproveitando o “gancho” do Dia de luta Mundial contra a violência contra as mulheres (25 de novembro) e denunciou episódios de machismo e violência velados. Relatos difíceis de serem lidos, mas extremamente necessários, mostraram o quanto o nosso cotidiano e a nossa sociedade são produto de um contexto machista, que vitima homens e principalmente mulheres das maneiras mais diversas.
Em dezembro, após episódios de racismo envolvendo a atriz Sheron Menezzes, a hashtag veio para mostrar a quantidade de negros e negras que sofrem com o preconceito no Brasil todos os dias. O racismo, velado ou não, é sintoma de um país que ainda tem que passar por muitas desconstruções para ser justo e igualitário.
Com 2016 começando, novas hashtags virão para pautar debates sociais ou criar campanhas. No entanto, a mobilização criada através dessa ferramenta virtual deve transcender os limites dos smartphones e computadores para ser efetiva. A discussão levantada por conta da disparidade de mobilização por Mariana e por Paris é válida, já que as hashtags por si só não ajudaram a cidade mineira com as consequências do desastre, nem tiraram a capital francesa do clima de alerta. A visibilidade que acontecimentos ganham na internet com as hashtags é positiva na medida em que ações acontecem no mundo real, como por exemplo as campanhas de doações de suprimentos para Mariana se deram através de redes sociais. Fica a torcida para que esse ano surjam ainda mais hashtags para fomentar debates necessários na sociedade.
Por Natália Belizario Silva
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