Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Saia do piloto automático, respirando

Por: Giovana Christ (giovanachrist@usp.br) Antes de começar o texto, ligue a música: https://www.youtube.com/watch?v=vwsqDonrVPM   No modo piloto automático é como vivemos no nosso cotidiano. Comemos, dirigimos e pensamos sem realmente refletir sobre como e porquê fazemos tais coisas. Esse modo de viver pode ser prejudicial por nos tornar mais propensos a ter pensamentos muito focados …

Saia do piloto automático, respirando Leia mais »

Por: Giovana Christ (giovanachrist@usp.br)

Antes de começar o texto, ligue a música: https://www.youtube.com/watch?v=vwsqDonrVPM

 

No modo piloto automático é como vivemos no nosso cotidiano. Comemos, dirigimos e pensamos sem realmente refletir sobre como e porquê fazemos tais coisas. Esse modo de viver pode ser prejudicial por nos tornar mais propensos a ter pensamentos muito focados no futuro ou no passado, sem viver o presente. “Quando você é conduzido a ficar muito no futuro, gera muita ansiedade com as incertezas, com o que vai acontecer”, afirma a pesquisadora Ana Regina Noto. Ela também diz que “ficar muito no passado as vezes te traz memórias e coisas que passaram e você já nem tem mais controle sobre o que aconteceu, não pode mais mudar o que passou, mas os pensamentos vêm e vão te trazendo memórias muitas vezes negativas e que te levam para uma tendência mais depressiva”.

Uma solução para sair do piloto automático da vida seria a meditação e a técnica de mindfulness, que é uma técnica que propõe a atenção total no tempo presente e no corpo. “Meditação? Mas eu não tenho tempo para isso!”. Não se engane, a falta de tempo no dia a dia — reclamação frequente de muitas pessoas — não é desculpa para não praticar a meditação e fazer tratamentos com mindfulness, como lembra o monge Gen Kelsang Geden. “Na verdade a meditação cria tempo, porque você fica mais produtivo, então você consegue fazer mais coisas com o mesmo tempo”. Mas por que isso acontece? Ao organizar seus pensamentos, você se livra de coisas que não fazem sentido e se foca apenas no que te ajuda a se sentir melhor e organizar suas tarefas, e todo esse processo ocorre de forma independente, ou seja, você vai se descobrindo e aperfeiçoando a técnica.

O monge e professor de meditação explica a funcionalidade do método com uma metáfora bem simples: “você pode olhar para o céu que está cheio de nuvens e pensar: o que é mais importante? O céu, ou as nuvens? Se você parar para pensar um pouquinho, as nuvens vem e vão, e não adianta se agarrar a nenhuma”. Ao não se prender em coisas desimportantes e passageiras, sua mente fica mais focada no que deve fazer e pensar, tornando o tempo mais produtivo e o corpo mais consciente de suas necessidades, saindo do modo “automático” de fazer as coisas e prestando atenção nos detalhes e acontecimentos da vida.

Legenda: centro de meditação Kadampa, localizado em Campinas, onde o monge Gen Kelsang Geden leciona cursos de meditação.
Imagem: Giovana Christ

O mindfulness na ciência

Utilizando o mindfulness, a pesquisadora da UNIFESP Ana Regina Noto fez estudos sobre o uso de atenção no corpo para tratamento de dependência química. Primeiramente, a pesquisa foi feita para prevenção de recaídas no vício de tabaco, de benzodiazepínicos (classe de calmante), e agora a professora está conduzindo um estudo em CAPS-AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas). Todos esses projetos foram e estão sendo bem sucedidos, mostrando números positivos no auxílio do protocolo de mindfulness no tratamento de dependências químicas.

Ana ressalta que os dados que estão coletando são inéditos para a comunidade médica. “Para benzodiazepínicos não tinha nada no Brasil nem no mundo. É um dado que a gente vai conseguir publicar muito bem, porque é muito inovador, uma proposta nova de como lidar com o uso indevido desses medicamentos, que é um desafio para o mundo inteiro”.

Esse uso de terapias complementares na área da saúde é muito recente. O mindfulness, por exemplo, só começou a ser protocolado e rigorosamente testado na década de 70, mesmo que seja uma técnica milenar e muito tradicional em religiões orientais. Como resultado do progressivo crescimento do número de pesquisas e bons resultados que vêm sendo realizadas, a técnica vem ganhando mais credibilidade e tem sido implantada no SUS e em hospitais como o Albert Einstein.

Créditos: Julia Vieira

Como meditar?

Ao ser questionado sobre dicas para pessoas que não conseguem meditar, Geden disse que todos nós fazemos isso todos os dias, portanto somos completamente capazes de praticar o mindfulness. “Cada vez que você vai dormir um processo muito parecido com a meditação, em que você para e pensa “vou dormir”, então sua mente se condiciona, muda, e conseguimos dormir”.

O processo é simples: o mais comum é focar na respiração e tentar se livrar dos pensamentos aos poucos, mas, se eles voltarem, está tudo bem! Mantenha a calma e tente, aos poucos, voltar seu foco para sua respiração. A única ressalva feita pela professora Noto é com o público clínico. “As pessoas tem que ter muito cuidado com os profissionais que elas procuram. Como está na moda, acham que ter feito cursinho curto é estar apto a ser instrutor de mindfulness. Sabemos que tem muita gente que não tem noção do quanto se deve ter cuidado no processo formativo”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima