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Studio Ghibli: por que maratonar os filmes?

Quando pensamos em animações japonesas, logo vem à mente super sayajins gritando “kamehameha” ou ninjas correndo com os braços para trás. Certamente os animes, principalmente animes shonens, gênero que visa um público alvo masculino e jovem, como Dragon Ball, foram grandes responsáveis por exportar o estilo de animação japonesa para o ocidente, mas não os únicos.  …

Studio Ghibli: por que maratonar os filmes? Leia mais »

Quando pensamos em animações japonesas, logo vem à mente super sayajins gritando “kamehameha” ou ninjas correndo com os braços para trás. Certamente os animes, principalmente animes shonens, gênero que visa um público alvo masculino e jovem, como Dragon Ball, foram grandes responsáveis por exportar o estilo de animação japonesa para o ocidente, mas não os únicos. 

Em 2003, críticos e amantes de cinema do mundo todo tiraram um momento para aclamar o mais conhecido filme de Hayao Miyazaki, A Viagem de Chihiro (2001), ganhador do Oscar de Melhor Animação daquele ano. Mesmo quem não conhecia absolutamente nada da cultura japonesa, entendeu todas a sensibilidade e as emoções passadas com tanto cuidado no filme.

Quase uma década depois, a Netflix disponibilizou 21 filmes do Studio Ghibli em seu catálogo, incluindo A Viagem de Chihiro, Meu Amigo Totoro (1988) e outros clássicos, com legendas em 28 idiomas. Assim, fica difícil negar o sucesso mundial desse estúdio, principalmente se considerarmos que as três maiores bilheterias do Japão são do Ghibli. Mas talvez isso ainda não o tenha convencido da necessidade de ver os filmes, então siga lendo. 

 

Ponyo: uma amizade que veio do mar.  [Imagem: Divulgação/Studio Ghibli]
Ponyo: uma amizade que veio do mar [Imagem: Divulgação/Studio Ghibli]


Por que assistir uma história “de criança”?

 

“Uma pessoa é diferente na idade de 18 ou 60? Eu acredito que ela permanece a mesma” – Hayao Miyazaki

 

Quem não cresceu vendo desenho animado e filmes de animação? Normalmente, as histórias para crianças usam desenhos por serem uma linguagem adequada ao imaginário infantil e melhores para representar acontecimentos fantásticos. Por outro lado, é extremamente difícil representar emoções complexas em uma animação e há uma tendência em exagerar os sentimentos com sinais de raiva ou a famosa gota do desconforto. Não é à toa que muitos ainda têm preconceito em achar que todo filme animado foi feito para crianças.

“Eu acredito que os filmes do Studio Ghibli possuem a mesma mágica que os filmes da Disney. Dependendo da sua idade, você entende um tipo de mensagem. E o mais legal de tudo, é que todas elas são verdadeiras”, contou Felipe Honório, que possui um canal de animação japonesa e é fã do Studio Ghibli. Ele ainda acrescentou: “Ambos  sabem brincar com os sentimentos das pessoas e fazer com que elas se sintam acolhidas, independente do que vivenciaram em suas vidas”.

Mas é claro que existem animações adultas. Um exemplo disso é o longa francês Perdi meu Corpo (J’ai perdu mon corps, 2019), que concorreu ao Oscar de Melhor Filme de Animação em 2019. E mesmo se falarmos de filmes infantis, nada impede um adulto de assisti-los ― além de uma maturidade frágil. O Studio Ghibli produziu tanto filmes mais adultos, como para todas as idades. E não duvide que qualquer um mesmo pode se emocionar vendo. Eles foram feitos para vários momentos da vida e, em cada um deles, é possível ter uma visão diferente sobre a história.

 

Hayao Miyazaki ao lado do pôster de divulgação de Vidas ao Vento.  [Imagem: KEYSTONE/AP]
Hayao Miyazaki ao lado do pôster de divulgação de Vidas ao Vento  [Imagem: KEYSTONE/AP]


O Universo da Animação Japonesa
 

“Os filmes cativam pelo carinho com que eles tratam a história” diz Luize, 18, que administra a página Studio Ghibli Brasil – Oficial no Facebook. Para ela, é nítido que “foi feito por pessoas que gostam do que fazem”. De fato, os animadores têm um cuidado muito especial pela animação, em especial o diretor Hayao Miyazaki.

Miyazaki considera que  a produção de séries de animação apenas para preencher a agenda de programação, como muitos estúdios fazem, uma forma de poluição cultural. Ele nunca faria um filme pensando no lucro, mas carrega sempre um imenso respeito pela história e aquilo que deseja passar às pessoas. Isso é perceptível no cuidado com os detalhes na animação.

Ao contrário da animação em 3D, as animações em 2D requerem que se desenhe as cenas do filme quadro a quadro, processo que pode demorar anos ― no caso de O conto da Princesa Kaguya (2013), quase uma década. Como já foi dito, transmitir emoções complexas por meio de desenhos não é uma tarefa fácil, mas o Studio Ghibli faz isso com maestria.

Isao Takahata, outro grande diretor do estúdio, arrependeu-se profundamente de uma cena em O Túmulo dos Vagalumes (1988) em que Seita corta uma melancia com muita facilidade, pois não é assim na vida real. Por isso, em Princesa Kaguya, gasta tempo planejando uma cena na qual se corta um melão. Na produção de  A Viagem de Chihiro, Miyazaki levou um cachorro ao estúdio para que os animadores pudessem observar seus dentes e passar para a  cena em que Haku na forma de dragão abre a boca.

Esses detalhes, mesmo não sendo conhecidos pelo público, transparecem na obra e fazem com que seja possível enxergar a realidade em um universo de fantasias.

 

Túmulo dos Vagalumes [Imagem: Divulgação/Studio Ghibli]
Túmulo dos Vagalumes [Imagem: Divulgação/Studio Ghibli]


Temas Importantes
 

 

“Eu gostaria de fazer um filme para dizer às crianças ‘é bom estar vivo’” – Hayao Miyazaki

 

Outro ponto a ser destacado são os temas que se repetem nos filmes e geralmente trazem uma mensagem ou lição de moral. A questão da poluição e da relação do ser humano com a natureza, por exemplo, aparece constantemente. Em Ponyo: Uma Amizade que Veio do Mar (2008), o oceano revolta-se contra o ser humano que polui suas águas.

O estúdio também é muito amado pelas mulheres e, no geral, faz filmes voltados ao público feminino. Assim, nenhuma personagem é sexualizada, mas têm personalidade forte e são capazes de resolver as coisas por si mesmas. Em Meu Amigo Totoro, a protagonista tem apenas quatro anos, mas não tem medo dos “coelhinhos de poeira” ou “makkuro kurosuke” no original. O Serviço de Entregas da Kiki (1989) é mais um a apresentar uma protagonista forte. Dessa vez, uma mais adulta, ou tentando se tornar assim, a Kiki é uma verdadeira heroína feminina. Mas talvez o maior exemplo seja Princesa Mononoke (1997), no qual San luta para proteger a floresta dos Deuses Lobos.

Além disso, Miyazaki tem uma firme postura política contra guerras – em 2003, recusou-se a receber o Oscar por não querer pisar em um país que apoiasse as invasões no Iraque. Isso se mostra presente em seus filmes, como em O Castelo Animado (2004), no qual há um apelo contra a guerra e uma mensagem de paz. 

 

Meu amigo Totoro [Imagem:Studio Ghibli]
Meu amigo Totoro [Imagem: Studio Ghibli]


Os Filmes
 

Em seguida, será feita uma lista de filmes do Studio Ghibli que você precisa assistir!

 

  • A Viagem de Chihiro (2001) 

Chihiro estava se mudando para outra cidade com os seus pais quando eles decidem pegar um atalho, mas atravessam um túnel e acabam se perdendo no mundo dos espíritos. O pai e a mãe da garota são transformados em porcos e ela precisa trabalhar numa casa de banho para salvá-los. O enredo segue mostrando a jornada de Chihiro de forma espirituosa e sensível a medida que a menina passa por dificuldades.

 

  • Meu Amigo Totoro (1988)

Um dos filmes mais fofos do estúdio, Meu Amigo Totoro vai te fazer sorrir com a história de Mei, uma menina que encontra um espírito na floresta e o chama de Totoro. Quando Mei passa por situações ruins, seu amigo Totoro está lá para ajudar.

 

  • Túmulo dos Vagalumes (1988)

O filme se passa depois da Segunda Guerra Mundial e começa com Seita morrendo de fome em uma estação de trem. A trama, então, volta ao passado para mostrar a casa de Seita e sua irmã Setsuko sendo bombardeada. Nessa triste história, a animação nos choca com a realidade do pós-guerra no Japão pelo ponto de vista de duas crianças. Infelizmente, Túmulo dos Vagalumes não entrou na Netflix, mas você pode chorar o vendo no YouTube.

 

  •  A Princesa Mononoke (1997)

 Um dia um demônio ataca o príncipe Ashitaka e o fere amaldiçoando. Ele é obrigado, então, a viajar em busca de uma cura. Em sua viagem, descobre um lugar em que havia uma guerra entre os mineradores de ferro e os deuses da floresta. Ele encontra também a princesa Mononoke, uma garota abandonada pelos pais e criada pelos Deuses Lobos. Mas esse é um filme que tem mais do que aparenta só pela sinopse. Ele faz refletir sobre o bem e mal e que nada é preto no branco, mas sim uma mistura cinzenta.

 

  • O Conto da Princesa Kaguya (2013)

 O Conto da Princesa Kaguya chama a atenção, primeiramente, por sua estética fluida que varia conforme a emoção da personagem. Um verdadeiro exemplo de leveza e sensibilidade, é inspirado em um conto tradicional japonês sobre um bebê que nasce de um bambu e rapidamente se torna uma linda princesa.

 

  • Ponyo: uma amizade que veio do mar (2008)

 Ponyo é uma peixinha dourada com poderes mágicos que fica presa em um pote no mar e é salva por Sosuke, um menino de cinco anos. Ela gosta muito do garoto e quer desistir da vida marinha para virar humana, mas seu pai, um feiticeiro do mar, tenta prendê-la.

 

  • Vidas ao Vento (2013)

Vidas ao Vento é um filme biográfico que conta a história de Jijo Horikoshi, responsável por projetar os aviões de guerra do Japão na Segunda Guerra Mundial. É um filme um pouco mais maduro e revela a paixão do diretor  Miyazaki por aviões.

  • O Castelo Animado (2004)

Uma bruxa lança uma maldição em Sophie a transformando em uma velha senhora. A garota com o corpo envelhecido encontra um castelo animado, que parece ter vida própria e começa a trabalhar ali como faxineira de um feiticeiro. Entretanto, ela se apaixona sem perceber por ele e os dois irão descobrir que “um coração é um fardo pesado”.

 

  • O Castelo no Céu (1986)

 O mais antigo filme do estúdio produzido por Miyazaki conta uma aventura envolvente, romântica, fantástica e misteriosa. Sheeta é perseguida por Muska, um agente do governo, e por piratas pelo fato de possuir uma pedra mágica que a permite levitar. Essa pedra a salva quando a garota cai de um dirigível e ela é encontrada por Pazu, que a protege.

 

  • O Serviço de Entregas da Kiki (1989)

 Kiki é uma bruxinha em treinamento que tem um gato preto chamado Jiji. Com sua habilidade de voo, Kiki abre um serviço de entregas no seu vilarejo. Uma cativante história sobre amadurecimento e passar por mudanças que vale a pena ser vista.

 

  • Porco Rosso: O Último Herói Romântico (1992)

Mais uma vez Miyazaki demonstra seu amor por aviação em Porco Rosso, o qual conta a história de um piloto de avião italiano que foi amaldiçoado a perder suas características humanas. O filme é focado em suas aventuras e cumpre o principal objetivo de divertir o público.

2 comentários em “Studio Ghibli: por que maratonar os filmes?”

  1. A matéria ficou magnífica! Depois de lê-la é impossível não amadurecer a opinião ou rever os conceitos de nossas opiniões, muitas vezes um tanto preconceituosas, em relação às animações. Além disso, o conteúdo desperta a vontade de conferir todos esses clássicos do estúdio Ghibli mencionados de forma tão cativante! Parabéns pelo ótimo trabalho, Giulia! Ficou incrível.

  2. Oi Giulia, eu amei o seu trabalho 🙂
    Gostaria de perguntar onde você conseguiu essa citação(porque preciso da fonte para um trabalho): “Uma pessoa é diferente na idade de 18 ou 60? Eu acredito que ela permanece a mesma”

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