No último sábado (19), Suécia e Austrália se enfrentaram pela decisão do terceiro lugar da Copa do Mundo Austrália e Nova Zelândia 2023. A partida ocorreu no Suncorp Stadium, em Brisbane, Austrália, para cerca de 50 mil pessoas, e reuniu duas seleções que, se não estavam entre as principais cotadas ao título, tiveram um desempenho suficientemente bom ao longo do torneio que fez com que suas torcidas ficassem otimistas.
Terceira colocada no ranking feminino da Fifa, a Suécia passeou na fase de grupos: teve a segunda melhor campanha geral e a melhor de seu grupo (G), com três vitórias em três jogos, diante de África do Sul (2 a 1), Itália (5 a 0) e Argentina (2 a 0). Já nas oitavas de final, enfrentou a favorita seleção estadunidense e a eliminou nas penalidades máximas. Nas quartas, a Blågult venceu por 2 a 1 outra equipe tradicional e que vinha em alta: o Japão. Uma vez na semifinal, porém, a Suécia acabou sucumbindo diante de uma adversária muito menos tradicional do que as anteriores, mas que fez uma copa brilhante: a Espanha.
Décimas do ranking, as Matildas tiveram mais dificuldades para passar de fase no Grupo B, mas também foram líderes. Foram duas vitórias (contra a Irlanda, por 1 a 0, e contra o Canadá, por 4 a 0) e uma derrota (diante da Nigéria, por 3 a 2). Nas oitavas, a seleção australiana eliminou a Dinamarca ao vencer por 2 a 0 e, nas quartas, derrotou a França nos pênaltis, após jogo equilibrado.
Histórico de confrontos
Antes da partida de sábado, Suécia e Austrália já haviam se enfrentado outras 11 vezes, com ampla vantagem para as suecas. Foram seis vitórias, quatro empates e apenas uma derrota. Em Copas do Mundo, porém, este foi o quarto confronto. Em 1999, na fase de grupos, e em 2011, nas quartas de final, deu Suécia, enquanto na fase de grupos de 2015 o jogo terminou empatado.
O retrospecto não bastaria, porém, para a vitória sueca, considerando a força das australianas diante de sua torcida e o último embate entre as seleções, que ocorreu em novembro de 2022 e teve vitória das Matildas por 4 a 0.
Primeiro tempo: Suécia eficiente
O jogo já começou intenso. Com menos de um minuto, Arnold já fez bela defesa após finalização de Blakstenius. Aos 23’, veio a resposta australiana: Carpenter cruzou, a bola passou por toda a extensão da grande área e chegou para Raso, que dominou e bateu para boa defesa de Mušović.
Com 26’, Blackstenius tentou conduzir para a linha de fundo e foi derrubada, na área, por Hunt. Cheryl Foster não apitou a penalidade e a jogada seguiu com um cruzamento de Asllani para Rolfö, que testou no travessão. Após a revisão da jogada, porém, a árbitra do País de Gales marcou pênalti na jogada. Canhota, Rolfö foi para a cobrança e bateu rasteiro, cruzado, sem chances para Arnold. Ela, que atua mais recuada no Barcelona, já havia marcado um gol importante na final da Uefa Women’s Champions League, em junho.
Multifuncional y decisiva. Fridolina Rölfo (em destaque) joga na lateral por seu clube e no meio de campo por sua seleção e marcou gols importantes em ambos [Imagem: Reprodução/ X @FIFAWWC]
A Suécia ainda teve a chance de ampliar na primeira etapa. Aos 43’, Rolfö recebeu pela esquerda e finalizou de fora da área com a perna direita, mas a bola foi para fora. Com 45’+2, Asllani cobrou falta na área, a defesa rebateu e Angeldahl chutou de bico para a defesa de Arnold. No minuto seguinte, Blackstenius perdeu uma boa chance e finalizou para fora. O último ataque do primeiro tempo foi das Matildas. Sam Kerr recebeu pela direita e bateu forte para a defesa de Mušović.
Intransponível. Se a Austrália passou longe da vitória ao longo da partida, muito se deu graças a mais uma atuação segura de Mušović, um dos destaques da Copa [Imagem: Reprodução/ X @FIFAWWC]
Segundo tempo burocrático: “(Kerr)er” não é poder
A segunda etapa teve domínio inicial da Blågult. Após 15 minutos de pouca criação de oportunidades, Tony Gustafsson mexeu na equipe australiana e tirou Raso e Gorry para as entradas de Egmond e de Nevin. Mas a primeira boa chance foi sueca, aos 62’, e já foi convertida em gol. Asllani abriu para Blackstenius na esquerda. A camisa 11 recebeu, cortou a marcação e rolou de volta para Asllani, que bateu forte, sem chances para Arnold, no canto direito.
Nove e faixa. Na seleção desde 2008, Asllani é a sexta em número de jogos (176) e de gols (45) pela Blågult. A Copa do Mundo de 2023 foi a terceira no currículo da jogadora do Milan [Imagem: Reprodução X/ @KosovareAsllani]
Peter Gerhardsson, então, colocou Blomqvist e Hurtig nos lugares de Blackstenius e Asllani, protagonistas do segundo gol. A partir dali, só deu Austrália na partida. A seleção da casa equilibrou o jogo na posse de bola e aumentou a criação de chances. Com 70’, veio a primeira oportunidade: Cooney-Cross cobrou falta na segunda trave, Hunt ajeitou e Polkinghorne bateu em cima de Mušović, mas a goleira defendeu.
Dali para frente, porém, a Austrália não ameaçou mais o gol da goleira sueca. O treinador da seleção escandinava ainda fez mais uma substituição e trocou Kaneryd por Sembrandt, aos 89’, e a Suécia ficou com o bronze no mundial pela quarta vez em sua história.
Resumo da participação na Copa do Mundo
Para a Suécia, a Copa do Mundo de 2023 foi frustrante pela expectativa criada ao longo da competição: a equipe fez valer sua superioridade na fase de grupos e eliminou gigantes nas oitavas e nas quartas antes de cair para a campeã mundial Espanha. Algumas jogadoras, como a capitã Asllani (34) e a veterana Seger (38), devem ter jogado sua última Copa do Mundo.
Apesar disso, a campanha foi positiva diante da quantidade de adversários poderosos que o Mundial da Oceania trouxe. A melhor campanha da Blågult segue sendo a de 2003, quando foi vice-campeã diante da Alemanha.
Pelo lado da Austrália, ainda que o retorno de Kerr à equipe possa ter prejudicado o desempenho coletivo até então brilhante, é difícil julgar Tony Gustafsson por querer contar com uma das melhores do mundo — e há de se lembrar que a camisa 20 fez um gol importante na derrota para a Inglaterra nas semis, apesar do jogo perdido.
No fim, fica a celebração por uma Copa do Mundo de grande porte e com a maior audiência da história sendo realizada em casa. As Matildas encantaram o mundo dentro e fora dos gramados desde a primeira partida, e o quarto lugar de 2023 ficará marcado como a melhor campanha da seleção na história dos mundiais femininos.
Ficha técnica:
Suécia (4-2-3-1): Mušović; Bjorn, Ilestedt, Eriksson, Andersson; Angeldahl, Rubensson; Kaneryd (Sembrant, 89’), Asllani (Hurtig, 67’), Rolfö; Blackstenius (Blomqvist, 67’). T.: Peter Gerhardsson.
Austrália (4-4-2): Arnold; Carpenter (Nevin, 74’), Hunt, Polkinghorne (Chidiac, 74’), Catley; Raso (Vine, 60’), Gorry (Van Egmond, 60’), Cooney-Cross, Foord; Sam Kerr e Fowler. T.: Tony Gustafsson.
Gols: Rolfö (P, 30’) e Asllani (Blackstenius, 62’) – SUE
Cartões amarelos: Rubensson (88’) e Hurtig (90’+5) – SUE / Gorry (45’+1) – AUS
*Imagem de capa: Reprodução/ X @SvenskFotball