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Austrália e Nova Zelândia 2023 | Inglaterra controla o jogo contra Austrália e se classifica para a final

Apesar de pintura de Sam Kerr para empatar o jogo, as inglesas mostraram resiliência e paciência na vitória por 3 a 1

Por Diego Coppio (diegocoppio@usp.br)

O sonho do título inédito em sua casa terminou de forma melancólica para as australianas. Com muitas chances desperdiçadas, sentiram na pele o significado de “quem não faz, leva”, com dois gols sofridos após Sam Kerr empatar a partida em um gol que deve ser candidato a mais bonito da competição.

Como chegaram às semis?

A técnica Sarina Wiegman assumiu a Inglaterra em 2021 e elevou o patamar da equipe. Estreou com vitória de 8 a 0 sobre a Macedônia do Norte e emplacou a maior goleada da história das inglesas ao fazer 20 a 0 contra a Letônia. No ano seguinte, conquistou o primeiro grande título de expressão da Inglaterra, a Eurocopa, batendo a tradicional Alemanha na final por 2 a 1. Como se não bastasse, a treinadora emplacou uma invencibilidade de 30 jogos, que só foi quebrada em abril de 2023. A algoz? A seleção australiana, sua adversária na semifinal da Copa do Mundo.

Sarina Wiegman (à direita) foi finalista na última Copa do Mundo com a Holanda, mas perdeu para os Estados Unidos. O sentimento da vez foi: “Será que agora o título vem?” [Imagem: Reprodução/X @Lionesses]

O desempenho inglês no torneio foi apenas o suficiente até o momento. Lideraram o grupo D com três vitórias, mas não encantaram. Com exceção da vitória contra a China — um placar elástico de 6 a 1 —, as inglesas venceram a Dinamarca e o Haiti por modestos 1 a 0. Nas oitavas, contra a Nigéria, perderam sua melhor jogadora, Lauren James, por agressão. A atleta levou uma suspensão de dois jogos, e só voltaria caso a Inglaterra chegasse na final. Após avançar para as quartas de final nos pênaltis, venceram a Colômbia de Linda Caicedo por 2 a 1. A Austrália também avançou para a fase de mata-mata liderando seu grupo, mas com uma derrota na conta — contra a Nigéria, por 3 a 2. Bateu a Dinamarca nas oitavas por 2 a 0 e despachou a França nos pênaltis após um jogo emocionante pelas quartas de final.

Primeiro tempo 

A Inglaterra entrou com a mesma escalação utilizada nas quartas de final, em um 3-4-3 alternando para o 3-5-2, buscando bastante a movimentação na intermediária e a amplitude pelos lados com Daly e Bronze. A Austrália manteve o 4-4-2 para focar nas jogadas de transição, mas entrou com Polkinghorne no lugar de Kennedy por motivos de saúde.

Aos 6′, a Austrália chegou pela primeira vez com a jogada que virou sua marca registrada nos últimos jogos: a bola esticada para Sam Kerr. Gorry lançou para a atacante, que chutou em cima de Earps, mas a bandeirinha pegou a condição irregular de Kerr no lance.

As inglesas responderam aos 8′ com lançamento de Greenwood para Stanway, que superou as marcadoras e chutou cara a cara com a goleira, que fez boa defesa. A Inglaterra começou o jogo controlando a posse, com a Austrália recuando suas linhas para aproveitar os contra-ataques nos erros das inglesas.

A estratégia de Gustavsson não funcionou na prática. Até os 20’, a Austrália precisava de 25 segundos para recuperar a posse, mas cometia muitos erros de passe, devolvendo a bola para a Inglaterra. Nesse momento do jogo, as inglesas possuíam 64% de posse, contra 25% da Austrália, além de 11% em disputa. A formação mais usada pelas donas da casa no primeiro tempo foi o 4-5-1, com Fowler recuando e Kerr isolada na frente.

O domínio inglês foi recompensado aos 36’. Após cobrança de lateral no campo ofensivo, Hemp deu um balão por cima de Carpenter chegando em Russo, que tocou para Toone na área. A meio campista finalizou no ângulo, em um golaço indefensável.

As donas da casa ainda tentaram responder no minuto seguinte com chute de Gorry de fora da área, mas a goleira Earps agarrou com tranquilidade. A torcida australiana pareceu sentir o gol, diminuindo o ritmo da cantoria.

Segundo tempo

A Austrália voltou ligada para o segundo tempo, com boas trocas de passe e bastante movimentação em campo, mas sem levar perigo nas finalizações. A intensidade baixa da defesa australiana seguiu sendo um problema na segunda etapa: aos 56’ a Inglaterra tinha feito dez faltas contra uma da Austrália. Uma prova disso veio no mesmo minuto, quando a defesa australiana errou na saída de bola e entregou a posse para a Inglaterra. Hemp chutou no ângulo, mas Arnold estava inteira no lance.

A partir dos 60’ a Austrália conseguiu subir as linhas de marcação e pressionar mais a saída de bola inglesa, permanecendo alguns minutos no ataque. Aos 62’, a bola foi recuperada pelas donas da casa na intermediária defensiva. Kerr recebeu no meio de campo e avançou contra duas marcadoras. Mesmo com a ultrapassagem de Foord pela esquerda, a estrela australiana segurou a bola e chutou de fora da área para marcar um golaço, empatando o placar e deixando a torcida australiana em êxtase. Foi o décimo gol em oito jogos da atacante contra a goleira Mary Earps, do Manchester United.

As Matildas tentaram aproveitar o embalo para ampliar o placar. Aos 66’, Cooney Cross quase marcou um gol olímpico, mas Earps estava bem posicionada e evitou o gol das donas da casa. No mesmo minuto, a volante australiana cruzou para na área Kerr cabecear, sem perigo para a goleira inglesa.

Mas a Inglaterra mostrou o motivo de ser considerada uma forte candidata ao título, pois mesmo levando o empate com um golaço em um estádio composto majoritariamente preenchido por torcedores australianos, não sentiu o impacto do gol e se lançou ao ataque nos minutos seguintes. Aos 68’, Bronze cruzou na área e quase encobriu Arnold. Logo depois, Hemp fez boa finta contra Carpenter e cruzou para Russo, que cabeceou para o gol, tirando tinta da trave. Aos 70’, Carpenter errou o tempo de bola em um recuo australiano e Hemp não perdoou, colocando a Inglaterra à frente do placar novamente.

Partindo para o tudo ou nada, Gustavsson colocou Van Egmond, meio-campista, no lugar de Polkinghorne, defensora. Aos 82’, Fowler cruzou na área para Kerr, completamente desmarcada, cabecear por cima do gol. No minuto seguinte, Kerr tocou para Vine finalizar pela direita. Earps defendeu, mas a bola continuou viva na área até Carter limpar o lance.

Aos 85’, Kerr desperdiçou a chance de gol mais clara da Austrália no jogo. Após cobrança de escanteio, Earps espalmou para o meio da área deixando a bola nos pés da atacante, livre de marcação, que chutou para fora. Com requintes de crueldade, a Inglaterra acertou um contra-ataque um minuto depois com Hemp. Ela acelerou o jogo e tocou para Russo ampliar o placar e classificar as inglesas para sua primeira final de Copa do Mundo.

Destaques

A classificação inglesa é fruto do bom trabalho e investimento na modalidade. É a única seleção a chegar nas últimas três semifinais da Copa do Mundo e a atual campeã da Eurocopa. Mesmo não sendo uma das mais tradicionais no cenário mundial, a Inglaterra já é uma potência no futebol feminino.

Nesta partida, o grande ponto positivo do time de Wiegman foi a consistência, tanto mental, quanto taticamente. A Inglaterra dominou a maior parte do jogo e não perdeu a cabeça após levar o gol de empate. O time também teve méritos em controlar o meio campo australiano, o que limitou a Austrália a lançamentos diretos para Kerr. Com o retorno de Lauren James na final contra a Espanha, as expectativas pelo título inédito aumentaram.

Do outro lado, a Austrália não soube conciliar o jogo coletivo com o retorno de Sam Kerr. O rendimento do time piorou desde o retorno da jogadora do Chelsea, e o jogo australiano passou a se dar em função de lançamentos para Kerr esperar a passagem das jogadoras pelo lado do campo, o que acabou não funcionando na semifinal. A base do jogo de Gustavsson é a recuperação rápida da posse e, contra a Inglaterra, a marcação foi um dos pontos negativos do time, assim como a baixa intensidade de Raso e de Foord.

Apesar da derrota, as australianas saem de cabeça erguida. Fizeram uma Copa do Mundo histórica em sua casa, alcançando a semifinal pela primeira vez e quebrando recordes de audiência. Mais de 11 milhões de australianos assistiram à semifinal pelo Channel 7, no que se tornou o evento de maior audiência da história da TV australiana.

As australianas enfrentaram as suecas na disputa pelo terceiro lugar. Caso quisessem conquistar o bronze, teriam que evitar a kerrdependência que prejudicou o time na reta final da Copa.

A eliminação contra as inglesas não apagou a grande campanha das australianas [Imagem: Reprodução/X @TheMatildas]

Quando a vida imita os videogames

A partida teve uma estreia peculiar na transmissão. A Fifa, em parceria com uma companhia de tecnologia, promoveu a inserção de elementos do mundo dos games na tela durante a partida, como o mapa com a posição das atletas em tempo real, os rastros na trajetória das jogadoras em campo, o nome em cima das atletas, dentre outras.

Os telespectadores puderam ver a velocidade do gol de Russo ao vivo durante a partida [Imagem: Reprodução/Youtube @CazeTV]

Ficha técnica

Austrália (4-4-2): Kennedy; Carpenter, Hunt, Polkinghorne (Van Egmond), Catley; Raso (Vine), Cooney-Cross, Gorry (Chidiac), Foord; Fowler, Kerr. T.: Tony Gustavsson

Inglaterra: Earps; Carter, Bright, Greenwood; Bronze, Walsh, Daly, Stanway, Toone (Charles); Russo (Kelly), Hemp. T.: Sarina Wiegman

*Imagem de capa: X @Lionesses

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