A segunda medalha de ouro do 15º dia de competições em Tóquio para o Brasil saiu — literalmente — das mãos de Hebert Conceição. Com um nocaute contra Oleksandr Khyzniak, o lutador brasileiro mudou a cor da medalha e conquistou o primeiro lugar do pódio no Boxe.
O soteropolitano já tinha caído nas graças da torcida — e da internet — quando garantiu o bronze e viralizou comemorando “Eu mereço pra c*r*l*o!”. Com a medalha garantida na categoria até 75kg, a expectativa para até onde Hebert poderia chegar na Olimpíada cresceu.
A campanha
O boxeador venceu grandes lutas em sua trajetória até a final, mas não chegou como ‘zebra’ na competição. Hebert conquistou o bronze na categoria até 75kg no mundial de 2019 e era cotado para disputar o pódio em diversas previsões de medalha.
Nas oitavas de final, venceu o chinês Tuoheta Erbieke em uma luta dividida na opinião da arbitragem, finalizada em 3 a 2. Nas quartas de final, o confronto foi contra o representante do Cazaquistão, Abilkhan Amankul. Novamente com decisão dividida da arbitragem, Hebert venceu o duelo e, neste momento, já havia garantido a medalha de bronze. Foi ao fim dessa luta em que a espontaneidade surgiu e a comemoração misturada com xingamentos viralizou.
O combate que garantiu Hebert a disputa do ouro olímpico foi contra o russo Gleb Bakshi, atual campeão mundial. A decisão dos árbitros foi, mais uma vez, dividida (4 a 1), mas garantiu Hebert e o boxe brasileiro pela primeira vez na disputa de dois ouros em uma mesma edição dos Jogos.
O golpe final de Hebert
A luta do ouro foi contra o ucraniano Oleksandr Khyzniak, campeão mundial em 2017 na categoria. Assim como Rebeca Andrade, o lutador traz consigo referências brasileiras em sua performance ao entrar no ringue com a música ‘Madiba’, do Olodum. Khyzniak impôs o ritmo da luta e, ainda que Hebert tenha conseguido encaixar alguns golpes no início do primeiro round.
O ucraniano foi superior nos dois primeiros rounds e teve o ouro olímpico encaminhado no início do terceiro e derradeiro round. Essas circunstâncias deixavam o brasileiro sem muitas escolhas: ter uma performance extremamente superior à do ucraniano e esperar que a somatória de pontos ficasse a seu favor, ou nocautear o adversário.
Com pouco mais de segundos para o final da luta, Hebert consegue encaixar um cruzado de direita que deixa Khyzniak no chão. O europeu tenta se levantar rapidamente, mas o árbitro já sinalizava o final da luta e o brasileiro explodia na comemoração.
Discurso e homenagens
Além de técnica, o brasileiro também demonstrou muito carisma e personalidade ao longo de suas entrevistas e posts nas redes sociais. Torcedor tricolor fanático, evitava falar a palavra ‘vitória’ depois do sucesso nas lutas.
carisma pouco no boxe brasileiro? pic.twitter.com/iwBMimYjW8
— Camila Mattoso (@mattoso_camila) August 5, 2021
A música ‘Madiba’, escrita por Raimundo Bida e Marquinhos Marques, homenageia o líder Nelson Mandela, símbolo da luta contra o Apartheid na África do Sul. Além da homenagem musical, Hebert marcou presença ao declarar apoio às famílias vítimas de Covid-19 em seu discurso: “A pandemia nos atingiu no ano passado e devastou muitas famílias. Têm pessoas que perderam seus empregos e seus entes queridos. Espero ter proporcionado um pouco de felicidade”, comentou o boxeador à TV Globo.
"Os minutos na Globo são caros" 🤣🤣🤣 Como não amar Hebert, gente?? 🥰🥰 #OlimpíadasNaGlobo pic.twitter.com/JJQDLkmwdZ
— TV Globo 📺 (@tvglobo) August 7, 2021
O pugilista de 23 anos se sagrou como uma das melhores personalidades do Time Brasil ao longo da Olimpíada, além de ser diretamente responsável pela melhor campanha brasileira na história da modalidade, independentemente da cor da medalha disputada por Beatriz Ferreira na madrugada deste domingo (08).
*Imagem de capa: Wander Roberto/COB