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9ª Semana de Fotojornalismo: Cobertura do 2º dia – Personagens de rua

Com cinco debatedores compondo a mesa e ampla participação do público, o segundo dia da 9ª Semana de Fotojornalismo discutiu, nesta terça-feira (10), a fotografia com foco nos personagens de rua. A mediadora Solange Ferraz, docente do Museu Paulista e perita em conservação fotográfica, conduziu a palestra introduzindo ao público algumas das principais características da retratação …

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Com cinco debatedores compondo a mesa e ampla participação do público, o segundo dia da 9ª Semana de Fotojornalismo discutiu, nesta terça-feira (10), a fotografia com foco nos personagens de rua. A mediadora Solange Ferraz, docente do Museu Paulista e perita em conservação fotográfica, conduziu a palestra introduzindo ao público algumas das principais características da retratação das ruas paulistas ao longo do século passado. Com base no acervo de cartões postais do Museu, nota-se que a intenção de fotografar São Paulo partia da necessidade de legitimar a cidade como uma duplicata das metrópoles europeias e norte-americanas. A materialização dos prédios e das largas avenidas, por sua vez, implicou na figuração e, até mesmo, exclusão fotográfica das pessoas como parte integrante da construção da cultura urbana.

Partindo dessa reflexão, Solange expressou a necessidade de criar um novo discurso fotográfico para contar as histórias que formam a memória oficial das ruas e desafiou os demais palestrantes a propor como a arte urbana pode invadir as paredes dos museus. A fala foi, então, passada para os representantes do fotocoletivo SelvaSP, o paulistano Leo Eloy e o pernambucano Beto Eiras, que leram seu Manifesto sobre a urgência de fotografar as ruas como forma de construir novas narrativas e, assim, se entender como um ser atuante na sociedade.

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Foto: Jornalismo Júnior ECA-USP

“[A fotografia] é como um diário, pelo menos eu levo a minha forma de fotografar assim”, diz Beto Eiras, “é buscar nas curvas e intersecções de diversos grupos essas cenas que são inusitadas, cenas que a gente não dá muita atenção porque fica sob escombros, naquilo que a sociedade não quer assumir como um processo de mudança numa sociedade contemporânea”. Em resposta à Solange, Leo Eloy afirma que “a gente tem que fazer o museu e construir um banco de imagens catalogado que se torne público, popular e contemporâneo”, respeitando como as pessoas desejam ser representadas, considerando que são corpos políticos contra a cultura hegemônica.

Na mesma toada, Vinícius Lima, jovem jornalista de 19 anos e responsável pelos textos da página SP Invisível, relembra a noção do filósofo George Berkley de que ser é perceber e ser percebido. “Nós, aqui, somos seres humanos, porque a gente tem a capacidade de perceber as coisas e as pessoas e somos percebidos por essas pessoas. Já uma pessoa em situação de rua não é um ser humano até que a gente a perceba”, reflete. André Soler, fotógrafo do projeto, acrescenta que o retrato das pessoas fotografadas é a prova de sua invisibilidade e também a expressão da individualidade do invisível. Ambos concordam que a representação midiática só valoriza e identifica essas pessoas quando elas destoam de sua posição marginal e, no geral, são tratadas de forma generalizada e estereotipada.

Beto Eiras também refletiu sobre o papel da grande mídia na representação de grupos marginalizados e percebe que só há a intenção de rotular a “fotografia de periferia” sem galgar uma transformação sequer.

Sobre museus e rua, André se atenta à questão da preservação do acervo fotográfico e Solange complementa com a obsolescência programada de HDs e equipamentos fotográficos que comprometem a durabilidade dos arquivos e deixa a produção fotográfica dependente das tecnologias de grandes corporações informáticas. Vinícius Lima, por conseguinte, defende a existência de acervos virtuais, públicos e privados, “porque tem gente que não sai da zona de conforto, da zona privada. Há esse negócio de levar todo mundo pra rua, mas tem gente que não vai sair e quem sai é como nós. Aí a gente vai ficar pregando pra convertido”, brinca, “então, temos que estar na zona de conforto do cara, temos que estar no museu, mesmo que não seja da nossa classe. O SP invisível teve esse alcance porque chegou na tela do Mac do cara”.

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Foto: Jornalismo Júnior ECA-USP.

Retomando o tema da noite anterior, a plateia questionou como se dá a relação do entrevistado com a presença da câmera e como os coletivos lidam com o direito da imagem. O SP Invisível, após dialogar com as personagens que vão pra página, explicam a proposta do projeto e perguntam se podem fotografar. Na maioria das vezes, há o consentimento e, às vezes, eles até são procurados por outras pessoas que querem contar espontaneamente suas próprias histórias. Já o SelvaSP, frequentemente recorre a um acordo mais informal, pois seus integrantes também estão inseridos nas cenas durante as noites de São Paulo e acabam se aproximando do fotografado. Leo Eloy brinca que, à princípio, ele tira a foto e depois pergunta… ou corre.

Ao final do debate, houve mais um sorteio da Revista Zum, um apoio do Instituto Moreira Salles para a 9ª Semana de Foto. A programação continua hoje (11) na Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito da USP (Largo São Franscisco, 95), às 14h, com um workshop dado pelo professor de fotojornalismo da ECA-USP Wagner Souza e Silva e, às 16h há a Saída Fotográfica guiada pela Jornalismo Júnior. Leia o regulamento para participar e concorrer a uma Cânon T5i, um curso da FullFrame e uma Polaroid!

Na quinta e na sexta, a Semana retorna ao auditório da Casa de Cultura Japonesa (Av. Prof. Lineu Prestes, 159) com palestras sobre Manifestações de Rua e Street Photography, respectivamente. Confira a programação completa e regulamento no site: http://www.semanadefoto.jornalismojunior.com.br/

Por Larissa Lopes
larissaflopesjor@gmail.com

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