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Brasil Rugby e Barbarians entregam espetáculo em noite vibrante

Na noite fria e fechada do dia 20 de novembro, a Seleção Brasileira de Rugby voltou a trilhar o caminho de jogos marcantes no Estádio do Morumbi. Infelizmente, em termos numéricos, o público foi menor comparado ao jogo contra a equipe da Nova Zelândia ano passado, mas os quase 15 mil pagantes fizeram tanto barulho …

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Na noite fria e fechada do dia 20 de novembro, a Seleção Brasileira de Rugby voltou a trilhar o caminho de jogos marcantes no Estádio do Morumbi. Infelizmente, em termos numéricos, o público foi menor comparado ao jogo contra a equipe da Nova Zelândia ano passado, mas os quase 15 mil pagantes fizeram tanto barulho ou até mais para animar os jogadores do que naquela ocasião. Pelo o que vimos em campo, a tentativa surtiu efeito. O Arquibancada esteve lá e, agora, você pode descobrir o que rolou nesse grande jogo de Rugby.    

Em meio a tantas estrelas mundiais, Daniel “Maranhão” roubou a cena ao ganhar o prêmio de melhor jogador da partida e ao fazer o primeiro try [Imagem: Lais Zampiere]

Depois de enfrentar os All Blacks Maori no ano passado (evento que a Jornalismo Júnior também compareceu), ficou difícil imaginar qual amistoso poderia ser maior e marcante para os Tupis, mas em uma jogada genial, um amistoso contra os Barbarians foi anunciado. Os Barbarians (Barbarian Football Club) é um clube inglês centenário, que seleciona os melhores jogadores do mundo. Craques de diversas etnias e seleções são chamados para defender as cores do time, o que é uma honraria única para os jogadores de Rugby.

Dessa vez, não foi diferente, o time selecionou, inclusive, quatro campeões mundiais pela África do Sul (Copa do Mundo de Rugby, Japão 2019), entre eles: Makazole Mapimpo, Schalk Brits, Lukhanyo Am e Tendai Mtawarira (que inclusive vai se aposentar). A importância desse amistoso ganhou outro status, pois os Barbarians nunca jogaram na América do Sul, sendo o Brasil o primeiro país sulamericano a recebê-los. 

Para o Brasil, além do sentimento de aprendizado, sobrava muita vontade de fazer bonito contra essas estrelas mundiais. Com a seleção nacional de Rugby evoluindo cada vez mais, esse amistoso, independente do resultado, seria um passo a mais para o completo desenvolvimento do esporte em terras brasileiras, com ênfase em uma classificação para a Copa do Mundo de Rugby em 2023. “Foi bom para o Brasil ganhar experiência, ver como esses jogadores renomados, mais rodados internacionalmente, jogam, e para jogadores mais novos começarem a ter mais cancha (termo usado em jogos, algo aproximado à palavra experiência) ”, comentou Mirko Weber, jogador universitário de Rugby que esteve tanto nos jogos contra os All Blacks, quanto contra os Barbarians. 

“Fazer um jogo desse no Morumbi é muito louco. Foi bem organizado, os policiais estavam mais de boa, complicado mesmo foi o preço. Pagar 50 reais a meia em um esporte que não tem muita tradição dói. Geralmente um ingresso para um jogo de Rugby custa 20 reais a inteira. Mas pela estrutura valeu muito a pena. São poucos eventos que juntam todos os times, inclusive a galera de fora, sabe? É uma troca de experiência incrível”, explicitou o jogador universitário.

[Imagem: Caio Poltronieri/OTD]

Para os quase 15 mil pagantes (14.352), a estrutura realmente valeu a pena, e por volta das 17h45, eles começaram a entrar no estádio. Após belas execuções dos hinos God Save the Queen e o Nacional, era hora do verdadeiro show começar. Assim que os Barbarians iniciaram o jogo, às 19h30, o clima mais leve ficou apenas nas arquibancadas. 

 

Primeiro tempo interessante e consistente

Com uma filosofia envolvente, os Barbarians entraram para jogar de forma aberta e alegre – o que ocorreu desde o primeiro segundo de partida – mas foi o Brasil que iniciou melhor, procurando a posse de bola e buscando as ações em campo. Nesse entusiasmo,  Maranhão fez ótima jogada pela esquerda e conseguiu o primeiro try

O jogador comentou em primeira mão para a Jornalismo Júnior qual foi a sensação de marcar os primeiros pontos em um jogo tão importante: “Foi muito incrível. A gente estava focado em fazer o try, com os nossos companheiros ajudando, apoiando. Sabia que o Daniel ia varar e eu estava no apoio dele, ele chutou e eu fiz o try”. Chamado por alguns de o “try do ano”, deu a Maranhão, inclusive,  o prêmio de melhor jogador da partida.  

A torcida delirava nesse momento, ainda mais quando o camisa 10 da seleção brasileira, Joshua Reeves, fez a conversão e o placar mostrava incríveis 7×0 para o Brasil. A defesa do Brasil conseguiu ser implacável até os 20 minutos de jogo, evitando todos os ataques de movimentação rápida dos Barbarians, mas aos 21 minutos, Campese Maafu fez o try para os visitantes, convertendo em seguida, com o placar ficando em 7 a 7. 

Equilibrado, o Brasil ainda conseguiu ficar a frente no placar uma segunda vez, quando a única falta da partida foi marcada aos 25 minutos. Em uma bela cobrança, Joshua Reeves marcou mais 3 pontos, e o resultado era 10 a 7 para o Brasil. Infelizmente, o sentimento de conquista durou pouco. Bautista Ezcurra recebeu a bola completamente sozinho, e em mais um ataque rápido, marcou para os adversários. Com a conversão, o placar ficou adverso para o Brasil pela primeira vez, 10 a 14. 

Não demorou muito para os Barbarians marcarem mais um try. Mesmo sendo uma equipe mais técnica do que física, a equipe utilizou-se da posse de bola, avançando até marcar com David Havili – o primeiro erro de conversão do jogo. O placar a essa altura, mostrava 10 a 19. 

O Brasil não desistiu e, com muita imposição, conseguiu um try suado marcado por Monstro. Infelizmente, a conversão cobrada por Joshua Reeves foi para fora, encerrando o placar do primeiro tempo em 15 a 19.  

[Imagem: OTD]

Com técnica muito acima, Barbarians alargam o placar no segundo tempo

Com um início de segundo tempo bem truncado, demorou para que alguma jogada de ataque fosse efetiva. Mas aos 6 minutos, Cottrell fez bela corrida, marcando novamente um try para os Barbarians, dessa vez, convertido: 15 a 26 no placar. A partir desse momento, o domínio inglês ficou mais aparente, com o time brasileiro parecendo mais cansado do que seu rival. Os espectadores não esperaram muito para ver mais um try inglês, dessa vez, com uma escapada pelo meio de Vermaak. Jogada convertida e placar se alongando para 15 a 33. 

Mesmo tentando, o Brasil não conseguia chegar ao ataque, e as recuperações de bola pelos Barbarians eram cada vez mais frequentes. Aos 25 minutos do segundo tempo, Cottrell marca mais um try, sendo convertido e aumentando o placar para 15 a 40. O placar alongado não irritava o torcedor, que aproveitava a festa fazendo bastante barulho e apoiando os jogadores brasileiros. 

O apoio deu resultado e fez o Brasil acordar no jogo. Depois de 30 minutos tentando uma bola – e esbarrando no bom scrum dos Barbarians – aos 32, Felipe Cunha foge da marcação em ótima jogada e marca o try. O Brasil converte e volta a marcar, 22 a 40.

Antes do jogo ser encerrado, ainda deu tempo de Havili marcar mais um try para o time visitante. Em um momento histórico, Rory Best (jogador que fazia sua última partida, campeão 4 vezes pelo Six Nations) faz a conversão e deu números finais ao jogo, 22 a 47.  

[Imagem: Lance!]

Aprendizado e evolução, a história dos Tupis só tende a crescer

Quando o árbitro finalizou a partida, a sensação não era de derrota ou tristeza. Como todo bom jogo de Rugby, o que mais se via eram jogadores se abraçando e celebrando a boa partida. “É um jogo histórico para nós. É um nível que nós ainda não estamos, mas é aonde queremos chegar. É um grande desafio, um grande aprendizado. O rugby é assim, a gente quer jogar contra os melhores para aprender e seguir em frente”, comentou Felipe Sancery em coletiva pós-jogo. 

O Rugby brasileiro cresce cada vez mais, em diversas camadas: desde o juvenil, passando pelo universitário, até o profissional. Inclusive, não esquecendo de suas raízes, a Jornalismo Júnior conseguiu perguntar para o jogador Devon Muller, qual mensagem ele poderia deixar para jogadores universitários de Rugby que apoiam e fazem o esporte se manter em evidência: “Não desista. Essa é uma palavra muito grande. Eu quase desisti antes de vir para o Brasil, minha mãe sempre falou para eu não desistir. Não desista. Deixa tudo lá [apontando para o campo], você nunca sabe quando a oportunidade vai vir, então continua lutando, continua treinando, porque a oportunidade vai vir”. 

Devon Muller é um caso raro no Rugby. Primeiro jogador convocado para a seleção sem ter nenhum vínculo com o Brasil, o atleta, nascido na África do Sul, teve que esperar três anos para poder estrear pelo time. Pelas regras da World Rugby (órgão que rege o esporte), se um jogador que nunca representou um país morar durante três anos fora, ele pode representar a seleção desse outro país. Mesmo não podendo atuar de forma oficial, Devon sempre jogou em amistosos, inclusive participando da partida contra os All Blacks Maori no ano passado. 

[Imagem: Caio Poltronieri/OTD]

O Brasil só volta a entrar em campo em Julho, no Americas Rugby Championship. De qualquer forma, a sensação que fica é a de um futuro promissor. Repetindo a boa atuação do primeiro tempo, não custa nada os espectadores e torcedores sonharem com algo maior. “Esse tipo de partida é boa para mostrar que o Brasil está crescendo e evoluindo. Um jogo desse nível é para mostrar nossa evolução pro mundo inteiro, e cada ano a gente consegue fazer um jogo interessante assim, acho muito bom”, comentou Daniel Sancery, irmão de Felipe Sancery. 

De jogo histórico em jogo histórico, em breve poderemos ver o try definitivo para que o Brasil se torne uma potência dentro do esporte. Enquanto isso, sobra descanso e aquela cerveja gelada que todo jogador de Rugby adora após uma partida intensa e bem jogada.  

 

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