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Guia da Copa do Mundo Feminina de 2019

A Copa do Mundo Feminina de 2019, na França, está para começar. As melhores jogadoras de todo o planeta se juntam para disputar o troféu mais cobiçado do mundo. O Arquibancada reuniu tudo o que você precisa saber sobre as 24 seleções participantes da competição.   Grupo A França O futebol feminino chegou à França …

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A Copa do Mundo Feminina de 2019, na França, está para começar. As melhores jogadoras de todo o planeta se juntam para disputar o troféu mais cobiçado do mundo. O Arquibancada reuniu tudo o que você precisa saber sobre as 24 seleções participantes da competição.

 

Grupo A

França

O futebol feminino chegou à França em 1917, com uma disputa entre duas equipes da organização esportiva Fémina Sport, e continuou sendo praticado até o início da Segunda Guerra Mundial. Porém, em 1941, houve a proibição do futebol feminino no país e, só em 1970, a Federação Francesa de Futebol passou a integrar, também, as equipes femininas. Assim como ocorreu em outros países, o futebol feminino sofreu muito preconceito na França. A modalidade, quando praticada por mulheres, era vista como prejudicial, já que supostamente virilizava as atletas e colocava em risco sua fertilidade.

Jogadoras da França comemoram gol em vitória no amistoso contra os Estados Unidos [Imagem: AFP]

O esporte começou a superar essas dificuldades apenas na década de 1960, quando o futebol feminino passou a se difundir e a se tornar mais popular entre os franceses. Já na década de 1990, houve o início de uma trajetória de sucesso expressivo da modalidade no país, atingindo seu ápice nos anos 2000.

A seleção francesa de futebol feminino, porém, ainda não realizou grandes feitos na Copa do Mundo. Apesar dos bons resultados nas últimas Copas Sub-20, a seleção oficial atingiu seu melhor resultado na Copa de 2011, conquistando o quarto lugar. Na Copa do Mundo de 2019, jogando em casa, o time pretende alcançar, pelo menos, o pódio.

A seleção francesa joga em um 4-2-3-1

Comandada pela técnica Corinne Diacree com a atacante Eugenie Le Sommer e a meiocampista Amandine Henry entre as principais jogadoras do time – a seleção francesa vem despertando um maior interesse pelo esporte no país. No evento, que promete ser o maior da história, as francesas contarão com o apoio da torcida, que já comprou mais de 720 mil ingressos para assistir aos jogos, para atingir um título inédito para a seleção.

 

Noruega

A seleção norueguesa tem, sem dúvidas, uma das histórias de maior sucesso no futebol feminino. Campeãs da Eurocopa Feminina de 1987 e 1993, da Olimpíada de 2000 e da Copa do Mundo de 1995, as norueguesas colecionam vitórias.

Seleção norueguesa comemorando o título da Algarve Cup 2019 [Imagem: Imago]

Apesar do êxito  em diversas competições, a Noruega enfrenta nesta Copa um grande desafio: o desfalque de sua principal jogadora, Ada Hegerberg. A atleta, ganhadora da Bola de Ouro Feminina em 2018, anunciou que não iria defender a seleção como protesto à desigualdade entre homens e mulheres no esporte. Em 2017, a Associação Norueguesa de Futebol assinou um termo de melhorias para a classe que incluía a equiparação salarial entre homens e mulheres no futebol. Entretanto, para Ada, a questão não é somente o dinheiro, mas sim, o profissionalismo e a atitude perante o esporte.

A seleção da Noruega aposta em um 4-2-2-2 para conseguir bons resultados

Na Copa da França, a seleção – comandada pelo sueco Martin Sjögren – busca atingir  mais um bom resultado. Ainda que sem a contribuição de Ada, a Noruega alia a juventude à experiência em seu elenco. Um dos gols da classificação para a Copa foi marcado pela meiocampista de 21 anos Ingrid Engen, que defende a seleção há pouco mais de um ano. Já a atacante Isabell Herlovesen, responsável pelo outro gol da classificação, e a polivalente Maren Mjelde atuam no time há mais de uma década. Uma vitória pode trazer para o país não apenas um importante título, como também mais visibilidade para o combate à desigualdade de gênero no esporte, algo ainda tão recorrente.

 

Coreia do Sul

A Copa do Mundo de 2019 será a terceira participação da seleção da Coreia do Sul em Copas. As coreanas se classificaram pela segunda vez consecutiva para a competição após ficarem em quinto lugar na Copa da Ásia de Futebol Feminino. O melhor resultado atingido pela seleção em Copas do Mundo foi a 16º colocação na edição de 2015.

Jogadoras da Coreia do Sul e técnico Yoo Dekyeo ao lado da taça da Copa do Mundo [Imagem: Getty Images]

Apesar dos resultados pouco expressivos em torneios mundiais, o futebol feminino é bastante incentivado no país. Os times possuem excelente estrutura para treinamento e ótima valorização salarial. A cultura asiática tem grande influência nos métodos de treinamento, trazendo muita disciplina à modalidade. Além disso, as atletas contam com uma boa qualidade de vida proporcionada pelas equipes.

Um exemplo da valorização do futebol feminino no país é a história da principal jogadora do time, Ji So-yun. A atleta começou a jogar futebol quando ainda era adolescente e aos 15 anos foi convocada para a seleção coreana. Em 2006, Ji se tornou a jogadora mais nova a marcar um gol pela seleção da Coreia do Sul e, atualmente, joga pelo Chelsea.

A seleção coreana joga em um 4-2-3-1

O técnico Yoo Dekyeo, ex-jogador da seleção masculina sul-coreana, vem de uma boa campanha com a seleção feminina na Copa do Mundo Asiática de 2018. A defesa – que conta com as jogadoras Jang Sel-gi e Shim Seo-yeon – não sofreu nenhum gol na competição. Na Copa da França, o técnico pretende contar com a habilidade de Ji So-yun e com a qualidade defensiva do time para avançar para além das fases de grupo e atingir melhores resultados.

 

Nigéria

A seleção feminina da Nigéria é considerada a melhor seleção africana da atualidade. As nigerianas participaram de todas as sete edições de Copa do Mundo Feminina já realizadas – sendo o sétimo lugar na Copa de 1999 sua melhor colocação – e são bicampeãs nos Jogos Pan-Africanos.

Seleção nigeriana comemorando o nono título na Copa Africana de Futebol Feminino [ Imagem: Nernat López/XtremeFootball]

Para garantir a vaga na Copa da França, a seleção nigeriana ganhou o Campeonato Africano de Futebol Feminino. Porém, a nona vitória nessa competição não foi algo fácil. Após ficar em segundo lugar na fase de grupos, a equipe não conseguiu marcar gols nas fases seguintes. A classificação veio através de duas vitórias nos pênaltis, na semifinal e na final, contra Camarões e África do Sul, respectivamente.

E para afastar a escassez de gols na Copa Africana, a Nigéria conta com um ataque de qualidade comandado por Asisat Oshoala. Principal jogadora do time, Asisat defende a seleção desde 2011 e foi eleita a melhor jogadora africana três vezes – em 2014, 2016 e 2017. Ao lado dela, Francisca Ordega, de apenas 1.60 m, é outro destaque ofensivo nigeriano. A atleta também foi indicada ao prêmio de melhor jogadora africana mais de uma vez e atua na seleção há nove anos.

A seleção nigeriana aposta em um 4-2-3-1

Na Copa de 2019, o trabalho do técnico Thomas Dennerby será duro ao enfrentar equipes fortes como França e Noruega logo na primeira fase. Dennerby terá que aliar a qualidade técnica de Oshoala e Ordega à força do restante do time para superar as dificuldades e conseguir avançar na competição.

 

Grupo B

Alemanha

“Jogamos por um país que não sabe os nossos nomes”. Era o que dizia o vídeo divulgado pela seleção alemã no dia 14 de maio, numa campanha que antecedeu a Copa do Mundo. No vídeo, as jogadoras falam sobre o preconceito com o futebol feminino em seu país e contam um pouco sobre o time. Oito vezes vencedora da Eurocopa, a bicampeã mundial chega ao torneio como uma das favoritas, em busca do tri.

Alemãs comemoram no amistoso contra o Chile [Imagem: Getty Images]

O futebol é um esporte bastante tradicional e amado na Alemanha. Desde os anos 80, a seleção feminina vem construindo uma história de sucesso repleta de títulos importantes. Além dos títulos mundiais de 2003 e 2007, coleciona três bronzes olímpicos  e um de ouro, o último conquistado na edição Rio 2016.

No processo de classificação para a Copa, após uma derrota contra a Islândia em outubro de 2017, a seleção venceu todas as partidas. Nos últimos jogos, embora a escalação tenha variado consideravelmente, o time apresentou bons resultados sob o comando da técnica Martina Voss-Tecklenburg. Embora tenha assumido o cargo há relativamente pouco tempo – em novembro de 2018 – Voss-Tecklenburg possui uma carreira relevante. Anteriormente, treinou a seleção da Suíça, levando o time à Copa do Mundo pela primeira vez na história, em 2015.

No último amistoso, as alemãs jogaram num 4-2-3-1, que tem sido bastante variável ao longo do ano.

Com algumas das atletas tradicionais já experientes, e até envelhecidas, as novas jogadoras prometem um bom desempenho. O destaque do time é a meio-campista Dzsenifer Marozsán. Como jogadora do Lyon, levou o time à vitória na Champions League e ficou entre as três finalistas ao prêmio de melhor do mundo em 2018.

 

Espanha

Embora não seja muito tradicional, o futebol feminino vem crescendo e ganhando popularidade na Espanha, assim como sua seleção. A primeira e única participação do país numa Copa do Mundo foi em 2015, no Canadá, quando a equipe ficou apenas na fase de grupos. Entretanto, nos últimos anos, a seleção vem ganhando força e conquistando espaço no esporte.

Seleção feminina espanhola em campo [Imagem: Getty Images/FIFA]

Após as vitórias na Copa Algarve de 2017 e na Copa do Chipre de 2018 , o time da Espanha foi o primeiro europeu a se classificar para a Copa do Mundo de 2019 (à exceção da França, anfitriã do campeonato). A classificação veio após uma campanha  perfeita. Com vitória nos oito jogos disputados, marcaram 25 gols e tomaram apenas dois.

Comandadas pelo técnico Jorge Vilda – que tem tido um impacto positivo desde a sua contratação – as espanholas parecem ter chances de chegar mais longe nesse campeonato. Nos amistosos, mantiveram um bom equilíbrio, com vitórias contra Brasil e Camarões, derrota contra a Inglaterra e os empates com Canadá e Japão.

No jogo contra o Japão, as espanholas arriscaram num 4-1-4-1, mas o esquema tem mudado bastante.

Na tentativa de vencer as tradicionais Alemanha e China, a equipe conta com a atuação da zagueira Irene Paredes que, atualmente, joga no Paris Saint-Germain. Ao longo das classificatórias, a atleta marcou quatro gols – apesar da posição defensiva – e, junto à artilheira Jennifer Hermoso, do Atlético Madrid, é um destaque importante para o país na competição.

 

China

A China tem uma relação de longa data com o futebol: há referências de mulheres jogando o cuju, esporte antigo muito similar ao que conhecemos hoje, desde o século III. Desde o século XX, a seleção chinesa tem uma história marcante no futebol feminino. Na década de 90, uma geração de destaque conquistou um vice-campeonato e um quarto lugar na Copa do Mundo. Entretanto, nas últimas quatro edições em que estiveram presentes, a seleção não conseguiu passar das quartas de final.

Seleção chinesa concentrada em campo [Imagem: Imago/FIFA]

Embora já se prepare para a sua sétima Copa do Mundo – um desempenho melhor que o da seleção masculina – a equipe chinesa tem pouco apoio da população e dificuldade em conseguir investimento. Apesar dos obstáculos, a seleção fez uma boa campanha nas classificatórias para a Copa, e pode conseguir avançar mais neste ano. O último amistoso, contra a França, foi uma partida equilibrada, mas resultou na vitória das adversárias por 2 a 1.

As chinesas apostam num 4-4-2, com substituições ao longo da partida.

O time é coordenado pelo ex-jogador Jia Xiuquan, que assumiu o cargo em maio de 2018. Antes, foi técnico da seleção sub-18 e de outros clubes. A verdadeira estrela do time é a meio-campista Wang Shuan – chamada de “Lionel Messi mulher” pelos fãs – que atualmente joga no Paris Saint-Germain.

 

África do Sul

A África do Sul é uma das seleções estreantes no campeonato mundial. A classificação veio após uma vitória de 2 a 0 sobre o Mali, na semifinal da Copa Africana. A equipe manteve-se forte durante a final da competição – um empate sem gols levado aos pênaltis contra a Nigéria – mas perdeu nas penalidades por 4 a 3. De toda forma, as sul-africanas já tinham um lugar garantido na Copa do Mundo e na história.

Sul-africanas mostram seu estilo de jogo [Imagem: Getty Images/FIFA]

Carinhosamente chamada de Banyana Banyana (que significa “as meninas”), a seleção sul-africana já participou de duas Olimpíadas – 2012, em Londres, e 2016, no Rio – mas nunca passou da fase de grupos. Nos últimos anos, a equipe tem se estruturado bem e vem crescendo ao competir com adversários cada vez mais fortes. Assim, o comprometimento das jogadoras têm chamado a atenção da população e conquistado admiradores pelo país.

A equipe enfrentará os fortes times do seu grupo liderada pela técnica Desiree Ellis. A ex-capitã jogou a primeira partida da história da seleção sul-africana, em 1993, contra a Suazilândia, e foi a primeira a ganhar a copa COSAFA como jogadora e como treinadora. Ellis assumiu o cargo em fevereiro de 2018, depois de fazer parte do time técnico da seleção por pouco mais de um ano.

A África do Sul aposta num 4-2-3-1 para enfrentar as adversárias.

Apesar da caminhada de sucesso no torneio africano, o time não se saiu muito bem nos amistosos que antecederam a Copa, tendo perdido por 7 a 2 da Noruega no último jogo. Para mostrar às suas adversárias que são competidoras à altura, as sul-africanas contam com a participação da atacante Thembi Kgatlana e da zagueira Janine van Wyk.

Grupo C

Itália

La squadra azzurra volta a disputar a Copa do Mundo Feminina depois de 20 anos longe da competição, e promete dar bastante trabalho às suas adversárias. Depois de uma boa campanha nas eliminatórias europeias e de um vice-campeonato na Copa do Chipre – torneio preparatório para o Mundial – as italianas conquistaram a classificação para a Copa, fazendo um contraponto à seleção masculina de seu país, que acabou ficando de fora do Mundial da Rússia em 2018.

Ausentes em Copas do Mundo desde 1999, italianas chegam à competição cercadas de expectativas [Imagem: Emilio Andreoli/Getty Images]

Essa situação é mais um fator que credibiliza o grande crescimento da popularidade do futebol feminino no país da bota. O calcio praticado pelas mulheres ganha força a partir da liga bem-estruturada apresentada aos torcedores e da valorização das jogadoras que atuam no futebol italiano. Algo que se reflete na convocação feita pela treinadora Milena Bertolini, que deu uma grande preferência a atletas que despontam no cenário nacional.

A grande missão visada pela treinadora é equiparar-se ao melhor resultado conseguido por italianas em Copas do Mundo: a chegada ao mata-mata, realizada no Mundial de 1991. Para isso, Bertolini inspira-se em Pep Guardiola e Zdenek Zeman, tendo declarado  não se prender a formações, e sim a conceitos de jogo para montar um time sólido na defesa, rápido nas transições e letal no ataque. No papel, as italianas começam o jogo num 4-4-2 simples e eficaz para defender. Apesar da perda da defensora Cecilia Salvai, por conta de uma lesão de ligamento cruzado anterior. O miolo de zaga é bastante seguro no comando da capitã Sara Gama.

As comandadas de Milena Bertolini jogam em um 4-4-2 bastante variável

Já quando vai ao ataque, o time de Bertolini movimenta-se bastante, com várias trocas de posições no meio-campo; Cernoia, Galli e Giugliano fazem a transição da bola da defesa ao ataque e, ao inverterem seus papéis ao longo da partida, confundem as adversárias. Bonansea é a mais avançada das meio-campistas. Por muitas vezes caindo pelos lados do campo, quase como uma ponta, ela é a principal arma do time, sempre concluindo em direção ao gol ou municiando a dupla de ataque. Com várias opções para formar esse dueto, Mauro e Girelli saem na frente nessa disputa. Sabatino, porém, vem deixando sua marca quando entra na segunda etapa dos jogos, e pode ser uma boa alternativa ofensiva. Logo, pode-se perceber que Bertolini possui em suas mãos um grupo altamente qualificado, o qual possui grande qualidade para dar dores de cabeça a suas oponentes de grupo.

Brasil

As canarinhas, apesar de desacreditadas, tentam retomar os dias de glória e repetir os feitos conseguidos em 2007, quando a amarelinha chegou a grande final da Copa do Mundo realizada na China, mas viu a seleção alemã levantar a taça. No entanto, diferente desses tempos, o retrospecto recente não é nada animador. O treinador Vadão vem sendo bastante questionado pela imprensa devido à grande sequência negativa que as brasileiras tiveram nos últimos jogos que antecederam o Mundial. Já são oito partidas com resultados desfavoráveis, e a conquista da última Copa América  em 2018 já não ilude os torcedores.

Apesar do elenco ainda ser liderado pela estrela Marta, seis vezes eleita a melhor jogadora do mundo,  – e conseguir unir a experiência de jogadoras como Formiga e Cristiane com a juventude e o talento crescente de Geyse, Andressinha e Ludmila – Vadão não consegue extrair todo o potencial desse grupo. A seleção ainda não se mostra entrosada para a disputa da competição.

Seleção amarelinha busca encontrar o entrosamento para despontar no mundial [Imagem: Lucas Figueiredo/CBF]

Depois de levantar o caneco da Copa América, o técnico vem mudando bastante o time, testando diferente formações e colocando algumas jogadoras para exercer diferentes papéis em campo. Um exemplo disso é Andressa Alves, atacante de origem no Barcelona-ESP, que já foi testada como lateral-esquerda e meio-campista. Diante dessas experiências, e por não ter encontrado um esquema ideal para a seleção canarinha, é difícil prever quais serão as onze titulares mandadas a campo no dia 9 de junho, no confronto contra a Jamaica.

Depois de perder Adriana, cortada após  uma séria lesão no joelho sofrida já na preparação para a Copa, de certo, teremos a capitã Marta no comando de ataque. Mesmo que recém-recuperada de uma lesão de grau 1 detectada na coxa,  que não a preocupa para a disputa da Copa; Formiga no papel de volante, fazendo a transição do campo defensivo para as situações ofensivas; e a dupla de zaga, Érika e Mônica, buscando fazer com que o retrospecto de gols sofridos nas últimas partidas não se repita no Mundial.

Vadão ainda não encontrou o esquema ideal, mas deve apostar em um 4-4-2 com meias bem avançadas que busca encaixar durante a Copa.

O esquema deve permanecer sendo o 4-4-2, que quase se configura como um 4-2-4, e talvez aí é que esteja o problema que o Brasil vem apresentando nos últimos jogos. Com meias muito ofensivas, que não ajudam tanto o setor defensivo, e ainda o apoio de Formiga ao ataque, o time acaba por ficar exposto e pouco combativo no centro do campo. É muito provável que Vadão rode bastante o time até encontrar uma solução, que pode ser a entrada de uma meio-campista a mais no time e a retirada de uma atacante, para que a construção de jogadas melhore e o apoio defensivo seja reforçado. Contudo, resta ao brasileiro apenas torcer para que Vadão encontre essa resolução o mais cedo possível no campeonato.

Austrália

As matildas nunca estiveram com um time tão bem taxado como talentoso antes, porém, uma mudança repentina pode mudar o rumo desta seleção. Em janeiro, o antigo treinador do time, Alen Stajcic, foi demitido do cargo, e a alegação feita pela Federação Australiana de Futebol (FFA, em inglês) para tomar essa decisão foi de que o ambiente propiciado às jogadoras era tóxico e insatisfatório. A decisão vista como polêmica e até questionada por alguns atletas australianos, no entanto, foi mantida com o respaldo das atletas.

Com uma geração de muito talento, as australianas prometem alçar voos altos na comeptição [Imagem: Matildas/Divulgação]
Com uma geração de muito talento, as australianas prometem alçar voos altos na competição [Imagem: Matildas / Divulgação]

No lugar de Stajcic, foi chamado Ante Milicic, auxiliar-técnico da seleção da Austrália masculina de futebol nas Copas de 2014 e 2018, que tem a difícil missão de encontrar a escalação ideal após a realização de apenas cinco amistosos no comando do time. Contudo, um prospecto que joga a favor das australianas fica visível ao observar o ranking da FIFA: ocupando a sexta posição, fica claro que o grupo de jogadoras é muito qualificado. A dúvida que resta é se o time irá encontrar uma harmonia para colocar esse bom futebol em prática durante o Mundial.

As onze titulares que Milicic vai colocar em campo na estreia da Austrália na Copa ainda são uma incógnita, porém, as características que o treinador utiliza em seu time são bem resolvidas e claras nos jogos. Ele gosta que sua equipe mantenha a posse de bola e pressione o adversário no seu campo de defesa. Sendo assim, por muitas vezes o esquema tático a ser observado no gramado pode ser um 4-2-4 ou até um 3-3-4, com as duas laterais subindo para apoiar o ataque e com rápidas transições verticais, buscando o campo do adversário. O objetivo dessa pressão é que o outro time adapte seu esquema ao jogo australiano.

Apesar do pouco tempo de trabalho, Ante Milicic busca extrair todo o potencial dessa brilhante geração australiana

No papel, se observa um 4-3-3 para se defender, porém, em situações ofensivas, a criação do ataque começa com a construção de jogadas desde o início do campo com as meio-campistas Kellond-Knight e van Egmond. A jovem e promissora lateral-direita Carpenter, de apenas 19 anos, tem liberdade para atacar e auxiliar o grande poderio ofensivo que já conta com a velocidade da atacante Foord e o faro de gol da estrela do time, a atacante Kerr, que concorreu ao prêmio The Best da FIFA de melhor jogadora do mundo em 2018. Logo, pode-se verificar o porquê há uma expectativa dos australianos sobre sua seleção, e se as engrenagens encaixarem-se durante a competição, será uma árdua missão derrotar esse time.

Jamaica

Foi de forma dramática que as Reggae Girlz, como é conhecida localmente a seleção jamaicana de futebol feminino, conquistaram a classificação do país para sua primeira participação na Copa do Mundo. Depois de um empate ao fim do tempo regulamentar no embate contra o Panamá, que decidia a vaga para o Mundial nas Eliminatórias da CONCACAF, as jamaicanas carimbaram o passaporte para a França após a disputa de penalidades máximas.

Pela primeira vez em uma Copa do Mundo, jamaicanas prometem surpreender e dar trabalho às adversárias [Imagem: Getty Images]

Apesar da pouca experiência e de ser a primeira nação caribenha a disputar a competição, o treinador Hue Menzies e as jogadoras prometem dar trabalho para o resto do grupo e buscam ser a pedra no sapato das favoritas à classificação. A campanha na etapa qualificatória dá suporte a esse discurso: a equipe perdeu apenas dois jogos nesse período, para as tradicionais seleções canadense e estadunidense, além de terminar a competição com 53 gols marcados e apenas 14 sofridos. Menzies possui em seu elenco uma série de jogadoras com descendência inglesa e norte-americana, porém, ele pretende adicionar algumas novidades ao elenco.

O treinador manda a campo um time formado no 4-3-3, que visa ser bem agressivo ofensivamente e pressionar suas adversárias em seu campo defensivo. Para isso, ele explora características como a grande velocidade e atleticismo de suas atletas, além de subir a linha de quatro defensoras para diminuir o campo de ação ofensiva do time oponente.

A dupla de zaga dá muito solidez para o esquema: Plummer e A. Swaby esbanjam vigor físico e são excelentes no jogo aéreo, já as ações ofensivas devem se concentrar em Shaw. Conhecida como coelho por sua rapidez, a jamaicana colocou 19 bolas na rede durante as eliminatórias, o que mostra como ela pode ser letal de frente para o gol. Outra atacante que pode incomodar as adversárias é Brown, que apesar de ter apenas 17 anos, coleciona passagens por diversas categorias das seleções de base jamaicanas, e surge como um ótimo talento que eleva o nível do ataque.

Menzies aposta na velocidade e dinamicidade presente no 4-3-3 do seu time para surpreender as adversárias

A seleção da Jamaica entende que os desafios serão grandes nessa primeira experiência em Copa. Porém, ao concentrar suas jogadas apoiando-se em características como a velocidade e força física, pontos fortes do grupo, a equipe torna-se uma possível surpresa que deve dificultar a vida de suas concorrentes.

Grupo D

Inglaterra

O futebol feminino surgiu na Inglaterra na década de 1880, foi crescendo, conquistando fãs, mas foi banido pela Associação de Futebol inglesa em 1921, com a justificativa de o esporte ser inadequado para mulheres. Essa visão permaneceu até 1969, quando as mulheres inglesas, abraçando o espírito rebelde da década, voltaram a jogar e formaram a independente Associação Feminina de Futebol inglesa. Em 1971, o banimento foi suspendido.

Seleção inglesa celebra seu primeiro título na She Believes Cup após derrotar os EUA [Imagem: Getty Images/FIFA]

A seleção inglesa de futebol feminino ou The Three Lionesses, como são conhecidas, disputaram sua primeira Copa do Mundo em 1995. E das últimas sete copas, participaram de cinco, tendo sido a última, no Canadá, sua melhor performance, na qual conquistaram o terceiro lugar.  

Com Phil Neville de técnico, as inglesas vão para a Copa com alguns grandes nomes do futebol. Fran Kirby é um deles. A jogadora do Chelsea é considerada uma das estrelas do time, com capacidade de ataque direto, a jogadora ganhou o prêmio de melhor jogadora da Premier League em 2017. Lucy Bronze também é outro destaque da seleção inglesa. A jogadora do Manchester City já foi pré-listada para a Bola de Ouro e é considerada uma das melhores laterais-direita do mundo.

No último amistoso, as inglesas jogaram num 4-2-3-1, mas é difícil saber se esse esquema se manterá. O técnico Neville têm variado bastante não só o esquema, como o time.

A disputa das semifinais da Copa de 2015 e da Eurocopa de 2017, os dois últimos maiores torneios, e a vitória na She Believes Cup deste ano – torneio mundial de futebol feminino disputado anualmente nos Estados Unidos, com quatro seleções convidadas trouxeram confiança para o time feminino de maior investimento entre as seleções européias. Isso faz com que a seleção inglesa vá a França com ambição de vencer o torneio, tendo chance de chegar na final.

Escócia

Os primeiros registros de futebol feminino são da Escócia. Mulheres solteiras jogavam contra casadas enquanto homens assistiam e selecionavam uma possível noiva. A primeira partida de futebol feminino sob as regras oficiais aconteceu em 1881, entre a Escócia e a Inglaterra. Porém, a Associação de Futebol da Escócia proibiu a modalidade na década de 1920, assim como na Inglaterra. Somente em 1974 a Associação feminina foi reconhecida.

O time da Escócia se prepara para ir à França [Imagem: Getty Images/FIFA]

Apesar do pioneirismo no esporte, a Copa do Mundo da França 2019 vai ser a primeira da seleção escocesa. O seu primeiro grande campeonato foi a Eurocopa de 2017. Nesta, o time sofreu uma crise de lesões e teve vários desfalques, resultando em uma derrota de 6 a 0 para a Inglaterra e o último lugar do grupo.  

Kim Little é o grande nome do time. A meia-atacante do Arsenal, constantemente elogiada como uma das melhores jogadoras do mundo, disputará seu primeiro grande torneio representando a Escócia. Na Eurocopa de 2017, uma lesão a impediu de jogar.

A seleção escocesa vai à França em um 4-4-1-1, mas algumas posições ainda levantam dúvida.

Com a técnica Shelley Kerr, primeira mulher no Reino Unido a liderar um time masculino, e com a estrela Little recuperada, a seleção escocesa vai para Copa para ganhar experiência, mas pode surpreender. A seleção busca uma vaga destinada aos melhores terceiros-lugares, já que a equipe está bem atrás da Inglaterra e do Japão, mas deve superar a Argentina – considerada a mais fraca do grupo – e avançar na competição.

Argentina

Após doze anos de ausência, as argentinas estão de volta. A Copa do mundo de 2019 será a terceira do time, que não se classificava desde 2007. A seleção argentina nunca passou da fase do grupos, e o cenário de escassos investimentos corrobora para isso – o time ficou inativo pelo subfinanciamento. Depois dos Jogos Pan Americanos de 2015, a seleção só voltou a se reunir para a Copa América de 2018. Neste último torneio, conquistou o terceiro lugar, mas isso não levou o time à Copa na França. A seleção argentina teve que derrotar o Panamá, na repescagem das eliminatórias, para voltar ao Mundial.

A seleção argentina comemora classificação após ficar de fora por três Copas seguidas [Imagem: AFP]

A história do futebol feminino no país sempre foi dramática. Os clubes e a Associação de Futebol Argentino (AFA) só reconheceram o futebol feminino na década de 1990. Porém, ele só começou a se desenvolver nos últimos cinco anos, por conta da decisão da Conmebol de somente conceder licenças continentais às equipes masculinas se elas tiverem uma equipe feminina. Em março deste ano, um acordo foi assinado para dar o status de profissional ao futebol feminino do país: a AFA vai dar subsídio de 2 mil euros por mês para cada clube, o que os permitirão assinar contratos com jogadoras.

Com Carlos Barrello, mesmo técnico das outras duas Copas do Mundo, a seleção argentina vai disputar o torneio com a mesma base que foi para a última Copa América e disputou as eliminatórias. O que inclui a estrela Estefanía Banini, criativa meio campista que ganhou a Copa Libertadores Feminina pelo  Colo-Colo em 2012 e que atualmente atua na Liga espanhola. Banini é apelidada de “a Messi”, mas não gosta desse título, pois prefere que as jogadoras de futebol sejam reconhecidas pelo seu próprio nome.

A seleção argentina aposta no 4-2-3-1

Poucos amistosos e uma temporada curta de preparação antecederam a ida da seleção argentina à França. O time vai com desejo de exposição, mas pegou um grupo complicado e enfrentará partidas com adversários top-20 do ranking da FIFA: Inglaterra, Japão e Escócia. Assim, é difícil a seleção argentina passar da fase de grupos.

Japão

O Japão participa da Copa do Mundo de Futebol Feminino desde a primeira edição, em 1991. Em 2011, a seleção alcançou a glória ganhando a competição após vencer nos pênaltis o time dos Estados Unidos. O título foi seguido por disputas de finais tanto nas Olimpíadas de Londres, em 2012, quanto na Copa de 2015, nas quais a equipe perdeu para os Estados Unidos.

Nos esforços para a Copa do Mundo de 2019, a seleção japonesa treina para fortalecer a força física do time [Imagem: JFA]

A vitória da Copa do Mundo de 2011 se tornou um símbolo da recuperação do país após o terremoto e o tsunami devastador no início daquele ano. Desde então, o futebol feminino do Japão conquistou Copas do Mundo no sub-17 e no sub-20, fazendo do país o único campeão mundial nos três níveis.

Um dos destaques do time é Emi Nakajima. A Copa do Mundo da França será a primeira da jogadora. Nakajima se destaca pela sua capacidade de passes precisos, de chutes de longa-distância e de furos nas defesas com rápidos dribles.  

A seleção japonesa se mantêm no tradicional 4-4-2

Sétima no ranking da Fifa, a seleção japonesa vai à França liderada pela técnica Asako Takakura, ex-jogadora. Como técnica, Takakura levou o Japão ao título asiático em 2018. A equipe fez uma boa preparação antes do Mundial e tem expectativa de chegar ao menos no mata-mata. Com uma versão jovem, que ambiciona ganhar uma medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio em 2020, a seleção japonesa pode surpreender.

Grupo E

Canadá

A seleção canadense busca alcançar pela primeira vez uma final de Copa do Mundo. Apesar do país possuir determinado prestígio na modalidade, o seu melhor desempenho no torneio mundial não passa de um quarto lugar, alcançado em 2003. Na última edição da competição, o país era o anfitrião, porém, mesmo com o apoio da torcida, o Canadá foi superado pela Inglaterra nas quartas de final. As principais campanhas da seleção são dois títulos da CONCACAF Championship, um Pan-Americano e duas medalhas olímpicas de bronze.

As canadenses confiam na mescla entre experiência e juventude para chegar a tão sonhada final. Nomes consagrados como Desiree Scott, Sophie Schmidt e Christine Sinclair, a atleta com mais jogos, gols e assistências na história da seleção, atuarão ao lado de jovens jogadoras, como a zagueira titular Kadeisha Buchanan, destaque no Lyon em seu tetracampeonato europeu.

Além disso, o Canadá conta em seu banco de reservas com grandes promessas, como Jordyn Huitema, Deanne Rose e Julia Grosso, que já devem ter seus minutos na competição esse ano. Elas marcam um início de renovação para os próximos ciclos, mas a geração que colocou as canadenses no radar do mundo do futebol feminino ainda estará presente em peso na Copa do Mundo de 2019.

Apesar de ter um elenco forte, o treinador Kenneth Heiner-Moller terá que lidar com ausências importantes. A goleira Erin McLeod e a meio-campista Diana Matheson, importantes jogadoras para a seleção desde o início do século XXI, não irão para a competição devido a lesões. Ambas sofrem com problemas no pé e não conseguirão se recuperar a tempo da competição. Será a primeira ausência delas no torneio mundial em vinte anos, já que as duas integraram a lista de convocadas de todas as Copas desde 2003.

A seleção canadense joga em um típico 4-4-2, mas aposta na movimentação da craque Sinclair, que pode atuar no meio-campo, para confundir a marcação e usar o 4-2-3-1 durante os jogos.

A seleção canadense chega para a Copa do Mundo em boa forma, pois não é derrotada desde a final da CONCACAF Championship diante dos Estados Unidos, em 2018. No ano de 2019, foram realizados nove amistosos preparatórios, e o time saiu invicto dessa sequência, com cinco vitórias e quatro empates, sofrendo apenas um gol em todos esses jogos. O bom retrospecto, a solidez defensiva e o quinto lugar no ranking da FIFA demonstram que o Canadá, além de entrar forte na briga pela primeira colocação do Grupo E junto com a Holanda, está entre as seleções mais preparadas para vencer a competição.

Holanda

A seleção holandesa de futebol vai para a Copa do Mundo de 2019 buscar algo que nunca alcançou em nenhuma categoria: um título mundial. Seja em torneios sub-17, sub-20 ou sem limitação de idade, tanto em competições masculinas e femininas, a Holanda não possui títulos que representem a sua importância para o futebol mundial, tendo somente conquistas continentais.

As holandesas celebram muito seu recente título europeu em 2017 [Imagem: Patrick Post/AP]

Entretanto, as holandesas entram fortes como nunca antes em busca de um título de Copa do Mundo. A seleção feminina é a atual vencedora da Eurocopa, conquistada no próprio país em 2017, e mantém a base de seu único título na história. A campanha continental as credencia como candidatas ao título da Copa do Mundo, já que o troféu europeu foi conquistado com seis vitórias em seis partidas, superando países tradicionais como Noruega, Suécia e Inglaterra.

Seguindo a escola holandesa, a seleção da técnica Sarina Wiegman atua no esquema 4-3-3 com somente uma volante no meio-campo. Com jogadoras que atuam em sete ligas nacionais diferentes por toda a Europa, a seleção holandesa tem como destaque o setor ofensivo, composto por Shanice van de Sanden, titular do Lyon e campeã da última Champions League pelo clube, pela artilheira Vivianne Miedema, campeã inglesa pelo Arsenal, e a craque Lieke Martens, estrela do Barcelona vice-campeão europeu. A defesa conta com uma maior rotatividade de jogadoras, já que muitas delas são capazes de atuar em duas ou mais posições.

A Holanda e o tradicional 4-3-3: apesar das dúvidas na zaga, o excelente trio de ataque credencia a seleção a brigar pelo título

No ano de 2019, o momento da Holanda não é tão bom quanto em 2017 e 2018. Após se classificar para a Copa do Mundo com sete vitórias, dois empates e uma derrota no ano passado, as holandesas não possuem um recorde tão positivo em 2019. Em sete partidas até então, a seleção perdeu duas e empatou uma, todos os tropeços na Algarve Cup, tradicional torneio festivo. No entanto, as vitórias de 7 a 0 sobre o Chile e o 3 a 0 sobre a Austrália, últimos amistosos disputados pela seleção, parecem ter colocado a equipe de volta ao caminho das boas atuações. O país é oitavo no ranking da FIFA e, mesmo tendo pela frente o Canadá, é um forte candidato ao primeiro lugar do grupo E, desejando assim superar a 13ª colocação de 2015.

Nova Zelândia

Em busca da primeira classificação para a fase de mata-mata na história da Copa do Mundo Feminina, a Nova Zelândia não terá vida fácil no grupo E. Com quatro participações na competição mundial e nenhuma vitória até então, as neozelandesas não entram como favoritas em um grupo com duas seleções entre as oito melhores no ranking da FIFA, porém têm condições de buscar uma vaga na próxima fase.

A seleção neozelandesa na final da OFC Championship, prestes a conquistar mais um título continental [Imagem: Shane Wenzlick/Phototek]

A equipe do técnico Tom Sermanni possui um futebol mais pragmático. Geralmente atuando com três zagueiras de ofício e duas volantes, a equipe aposta nas alas Ria Percival e Ali Riley, duas das três jogadoras com mais partidas pela seleção dentre as convocadas para a Copa do Mundo. Percival pode até mesmo atuar como ponta pelo lado direito, função utilizada em determinados jogos, deslocando Rebekah Stott para a lateral nesses momentos.

A alteração para duas zagueiras em determinados momentos não prejudica o time, que tem em Abby Erceg uma grande defensora. O meio-campo está consolidado há anos com Katie Bowen e Betsy Hassett, contando também com Annalie Longo frequentemente. No entanto, Christine Bott vem pedindo passagem com boas atuações e deve ser titular em sua posição.

As neozelandesas estão acostumadas a conquistas, afinal dominam o cenário futebolístico da Oceania. Campeã das últimas quatro edições da OFC Championship, o principal torneio de futebol do continente, a Nova Zelândia busca repetir tal sucesso em cenário mundial, e para isso confia em um elenco experiente. Entretanto, para alcançar seu objetivo,  as neozelandesas terão um grande desfalque: a atacante Amber Hearn, maior artilheira da história da seleção com 54 gols desde 2004, sofreu uma ruptura no ligamento anterior cruzado e, ao optar não realizar cirurgia, não conseguiu se recuperar a tempo da Copa do Mundo.

A Nova Zelândia geralmente trabalha em um 5-3-2, mas utiliza a versatilidade de Stott e o ímpeto ofensivo de Percival, alterando a formação para 4-2-3-1 quando necessário.

O atual momento da seleção da Nova Zelândia é marcado pela inconstância. Em oito amistosos, as neozelandesas saíram derrotadas em quatro, incluindo uma goleada de 5 a 0 sofrida contra os Estados Unidos, e venceram os outros quatro. As vitórias foram marcantes, já que três delas se deram diante de Argentina, Noruega e Inglaterra, seleções que disputarão a Copa do Mundo. Nos triunfos, a forte defesa neozelandesa funcionou e a equipe não sofreu gols. O país ocupa a 19ª posição no ranking da FIFA e busca quebrar o favoritismo de Canadá e Holanda em seu grupo, ou ao menos conquistar uma das vagas para terceiros colocados.

Camarões

A seleção camaronesa buscará na França superar o seu melhor desempenho na história da Copa do Mundo Feminina. O país só esteve presente em uma edição do torneio mundial, em 2015, mas a 11ª posição foi tratada como uma boa colocação em uma primeira participação, enfrentando fortes adversários como Japão e China. Camarões nunca conquistou um título no futebol feminino e possui, recentemente, dois vices e uma terceira colocação na Copa das Nações Africanas, perdendo as esperanças de título nessas três oportunidades em confrontos com a Nigéria.

Madeleine Ngono Mani comemorando na Copa do Mundo de 2015. Ela e suas companheiras esperam ao menos repetir a classificação alcançada naquela edição [Imagem: Maddie Meyer/Getty Images]

O treinador da seleção camaronesa, Alain Djeumfa, tem realizado diversos testes desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2019. Em uma das últimas partidas preparatórias, realizada no mês de maio diante do clube espanhol Alhama, o treinador chegou a experimentar um esquema tático diferente, o 3-4-3, em detrimento do 4-3-3 amplamente utilizado nos últimos anos. Nesse mesmo jogo, ele também deu chances a diversas atletas consideradas reservas para atuar como titulares. Entretanto, Djeumfa deve manter tanto o esquema de jogo como a base titular nos jogos oficiais, optando por jogadoras mais experientes.

E uma das apostas do treinador em experiência é cercada de polêmicas. Gaëlle Enganamouit, atacante de 26 anos, é uma atleta experiente, eleita melhor jogadora africana de 2015 após boa Copa do Mundo no mesmo ano. Entretanto, sua convocação é controversa. Atualmente ela está sem time, após sair do Málaga em abril, e sofreu uma lesão recentemente, o que coloca em questionamento seu ritmo de jogo. Apesar de tudo isso, Djeumfa deve dar uma chance a Enganamouit como titular da seleção, priorizando-a em detrimento de outras jogadoras como Madeleine Ngono Mani, veterana e maior artilheira da história da seleção, e Alexandra Takounda, jovem de 18 anos e artilheira do campeonato local.

Camarões adotou uma estratégia diferente de preparação para a Copa do Mundo. Além dos tradicionais amistosos contra seleções, em que a seleção venceu a Croácia e perdeu para China e Espanha, as Leoas Indomáveis enfrentaram combinados e times locais, além de clubes espanhóis. Nessas partidas, as camaronesas venceram seis jogos e empataram um, marcando 29 gols e sofrendo 6 no total.

Apesar do recente teste com o 3-4-3 em amistoso diante do clube espanhol Alhama, o recém-chegado Alain Djeumfa deve manter o 4-3-3. As principais dúvidas do técnico se encontram no ataque.

Apesar das boas atuações, Camarões terá no Grupo E um grande desafio. O favoritismo de Holanda e Canadá é notável ao analisar o ranking FIFA, que coloca as camaronesas na 46ª posição, além  da diferença de tempo dos técnicos no comando de suas seleções. Porém, o talento e o futebol ofensivo das africanas podem ser uma grata surpresa nessa Copa, que já provaram em 2015 serem capazes de enfrentar grandes adversárias.

Grupo F

Suécia

As suecas vêm, como sempre, com promessa de bom futebol para essa copa do mundo. Uma das seleções mais tradicionais no esporte, sendo vice-campeã na edição de 2003, o plantel passa por constantes renovações para sempre manter seu alto nível.

Time Sueco comemorando gol contra a Inglaterra
[Imagem: FIFA]

Atualmente em nono lugar no ranking FIFA de seleções, as escandinavas se classificaram confortavelmente em primeiro no seu grupo das eliminatórias, compensando a derrota surpreendente para a Ucrânia com performances decisivas contra a vizinha Dinamarca.

O destaque da equipe  é Stina Blackstenius, atacante craque do time e que guardou três gols em sete jogos nas classificatórias. A jogadora apresenta chute potente e grande velocidade e mostrou liderança, destacando-se após as perdas do esquadrão: Lotta Schelin e Caroline Seger. Lotta se aposentou devido à sua batalha com dores nas costas e no pescoço que a afligiram por toda carreira, e Seger por estar lesionada durante as classificatórias. A primeira é nada mais nada menos que a maior artilheira da história da Suécia, enquanto a segunda é a capitã do time, e por isso a performance de Stina se tornou ainda mais impressionante.

A Suécia vem num 4-2-3-1 bastante consistente que busca valorizar o bom meio campo e a atacante estrela do time, mas que permite certa experimentação e troca entre as jogadoras do meio

Já o técnico Peter Gerhardsson nem precisa ser apresentado. Comandando a seleção principal desde 2017, Peter já passou por grande parte das categorias de base da seleção, tanto masculina quanto feminina conseguindo um vasto campo de experiências que o permite ter boas táticas para comandar as sêniores a uma boa campanha nesta Copa do Mundo.

Estados Unidos

É preciso falar pouco sobre essa seleção. A maior seleção do futebol feminino, e atual primeira no ranking da FIFA, apresenta um nível de dominação absurdo, muito maior que o tão elogiado Brasil no masculino. Com grandes craques em todas as gerações, indo de Carin Jennings, eleita melhor jogadora da primeira copa do mundo, à Carli Lloyd, que repetiu o feito na última edição, as americanas ganharam simplesmente três das sete edições da Copa do Mundo, incluindo a de 2015.

Alex Morgan, craque e goleadora nata do time dos Estados Unidos
[Imagem: FIFA]

Tendo muitos nomes conhecidos no esporte, o esquadrão para a copa envolvia pouco mistério. Nomes consagrados como Carli Lloyd, Alex Morgan e Megan Rapinoe integram este plantel cheio de estrelas.

Porém, um nome que faz falta é o de Hope Solo. A goleira, estrela de duas medalhas olímpicas de ouro e uma Copa do Mundo, apesar de querer representar seu país, acabou por dizer que recusaria, mesmo se chamada, a convocação, devido à questões morais. Após a derrota nos pênaltis para a Suécia nas Olimpíadas de 2016, a goleira causou polêmica ao dizer que as suecas eram “um bando de covardes”. Após isso, Solo foi banida por seis meses da seleção e teve seu contrato rescindido. Entretanto, ela diz que a causa disso foi a sua luta por salários iguais entre homens e mulheres no futebol. De qualquer forma, ela segue sem atuar por um clube ou pelos EUA desde essa derrota.

Os Estados Unidos já vem muito consolidados no 4-2-3-1, com poucas alterações durante os último amistosos, porém apresentando um banco forte e bastante utilizado, como com Christen Press, que alterna de titularidade com Rapinoe

Outro nome ainda não citado que merece destaque é Julie Ertz. Uma grande líder, a jogadora é dotada de grande visão, e demonstra faro de gol, apesar de jogar do lado defensivo do campo. Fora isso, a técnica Jill Ellis também merece todo o renome do mundo. Maestra do último título mundial, a ganhadora do título de melhor técnica do mundo em 2015 traz uma experiência necessária para manter o alto nível da seleção e fazer com que os Estados Unidos batalhem pelo título.

Chile

Ao contrário das outras seleções do grupo, a do Chile não apresenta grande tradição. Participando de sua primeira copa do mundo, a 39º melhor seleção no ranking da FIFA vêm crescendo nos últimos anos.

Jogadoras chilenas segurando o lema do futebol feminino da FIFA [Imagem: FIFA]

O país em si nunca investiu muito no esporte, pelo menos não no feminino, já que o masculino ganhou até Copa América. Por isso, o elenco vê a campanha na França não só como uma oportunidade de representar bem o Chile, mas também  de incentivar o crescimento do esporte no país. As chilenas esperam que as futuras jogadoras não passem pelas mesmas dificuldades que as atuais, que geralmente precisam trabalhar ou estudar para se financiar e jogar o esporte que amam.

O técnico vem experimentando muito com os esquemas, com destaque para Karen Araya, que já atuou bem em diversas posições. Ainda assim, o esquema de 4-2-3-1 parece ser o de preferência

Las rojas, apelido da seleção derivado da cor vermelha de seus uniformes, se classificaram após serem vice-campeãs da Copa América, perdendo somente para as vencedoras: as brasileiras. Esse futebol envolvente vem sendo liderado pela capitã Christiane Endler, goleira que atua por categorias do Chile desde os 15 anos, possui 1,80 e muita habilidade, que permite que ela faça as mais impressionantes defesas. O técnico é José Letelier, ex-goleiro profissional e ganhador da libertadores. O já multicampeão técnico assumiu a seleção em 2015 e promete alçar a performance das meninas à grandes níveis nesta copa.

Tailândia

As tailandesas vêm animadas para sua segunda participação no evento. A 34° melhor seleção no ranking da FIFA vem com a intenção de melhorar o desempenho, já que em 2015 a seleção caiu ainda na fase de grupos.

Seleção tailandesa em raro momento de descanso [Imagem: FIFA]

O caminho até a França foi cheio de emoções. O time se classificou após ficar em quarto colocado na Copa da Ásia. Porém, o que esse resultado não conta é que as meninas estiveram muito próximas da final, pois perderam nas semis para a Austrália nos pênaltis.

Para conseguir bons resultados na Copa do Mundo, a Tailândia conta com a veterana Kanjana Sung-Ngoen, goleadora nata, que foi fundamental para a chegada da seleção em ambas as copas do mundo de sua história. Fora ela, vale também pontuar o caso da craque Suchawadee Nildhamrong, que é nascida nos Estados Unidos, mais precisamente na Califórnia,  que vai defender a Tailândia. Miranda Nild, nome que utiliza nos EUA, sente muito orgulho de sua ascendência tailandesa, mas se diz muito fã da maior seleção da história, que, segundo ela, foi a seleção que a inspirou a jogar futebol. A atacante ficou estarrecida quando soube que ia ter que enfrentar suas heroínas, mas acabou por enxergar isso como um incentivo.

A seleção vem com certa instabilidade de modelo, o 4-2-3-1 foi utilizado um pouco mais, mas as formações vêm mudando bastante. As escalação titular também vêm flutuando bastante.

Por fim, vale destacar a técnica Srathongvian Nuengrutai, que em sua segunda passagem pela seleção vem fazendo um bom trabalho. Em sua primeira passagem, levou a seleção à Copa do Mundo, garantindo também a primeira vitória do país na competição, por 3×2 sobre a Costa do Marfim. Além disso, a técnica também conquistou um título na AFF Women`s Championship, campeonato de seleções do sudoeste da Ásia. Após um breve afastamento, voltou para levar a Tailândia a Copa do Mundo de 2019.

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