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‘If i could make it go quiet’: o frenesi sonoro de uma paz interior

Girl in red se consolida como artista independente e cria uma jornada de autodescoberta regada à frustração

O aguardado álbum de estreia da cantora norueguesa girl in red (Marie Ulven) foi lançado na última sexta-feira, 30. Após dois EPs responsáveis por expandir sua discografia pelas playlists do Spotify, if i could make it go quiet consolida Marie como um dos maiores nomes da música indie contemporânea.

Se antes o ouvinte era apresentado a pequenos capítulos da vida da artista, o álbum é uma completa imersão em sua jornada de autodescoberta e flagelo. Entre relacionamentos abalados e fluxos de consciência insalubres, a raiva e a frustração regem a busca de uma paz interior que aparenta ser inalcançável.

As onze músicas que compõem if i could make it go quiet são um ponto de equilíbrio entre a experimentação de novos estilos e a maturação da sonoridade já associada a Marie. A primeira faixa, Serotonin, apresenta graves marcantes e uma influência hip-hop durante os versos, em que girl in red narra uma sucessão de pensamentos intrusivos desgastantes. Os novos sons dão uma dimensão mais intensa à música e marcam a primeira colaboração da cantora com o produtor FINNEAS.

A agressiva Did You Come? reapropria o indie rock já conhecido pelos fãs e acrescenta sintetizadores aos versos acusatórios de uma recém-descoberta traição. Em seguida, Body and Mind combina influências de R&B a um refrão explosivo em que Marie expurga o sofrimento decorrente de seus transtornos mentais.

O estilo clássico de girl in red retorna em midnight love e You Stupid Bitch, sendo a segunda a maior investida comercial do álbum, com melodias repetitivas ao fim de cada linha dos versos. Ambas retratam relacionamentos fadados ao fracasso, seja pela rotina caótica da cantora ou pela negação de seu interesse amoroso.

Rue, inspirada na personagem homônima da série Euphoria (2019-presente), e Apartment 402 são dois hinos cinemáticos perfeitamente aptos a comporem a trilha sonora de um coming of age lésbico. Aqui Marie reafirma sua disposição para melhorar, ainda que sofra com a paralisia apática causada pela depressão.

Uma atmosfera onírica é criada com . — título sucinto para uma música sucinta — e hornylovesickmess, duas imersivas faixas dreampop capazes de transportar o ouvinte para uma viagem de carro por estradas — ou para uma Times Square chuvosa, como no dia do lançamento.

O álbum é encerrado com a instrumental it would feel like this, que completa a jornada com simplicidade. Um piano e um violoncelo ambientam a quietude idealizada por Marie por pouco mais de um minuto, até que a calmaria é interrompida e o sonhado estado mental desaparece.

É um término otimista para uma jornada intensa. if i could make it go quiet transborda uma emotividade fervente que conforta e machuca, uma mensagem que adentra os âmagos da emissora e de seus receptores de forma invasiva, mas estimulante.

Para uma estreia tão aguardada, girl in red não cedeu à pressão empresarial, ainda que tenha feito pequenas concessões. O projeto mantém a autenticidade da cantora ao mesmo tempo que expande seus horizontes artísticos e garante maior longevidade a sua arte.

1 comentário em “‘If i could make it go quiet’: o frenesi sonoro de uma paz interior”

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