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‘Justice’ se destaca entre os álbuns de Justin Bieber, mas esquece de fazer justiça

Um álbum com a palavra justiça no título e lançado por um jovem, branco, rico, cisgênero e heterosssexual já causa estranheza. Talvez ele esteja usando sua voz para amplificar lutas com pouca visibilidade? Talvez ele tenha sofrido algum tipo de injustiça e agora quer reverter a situação? Isso era o mínimo esperado, mas Justin Bieber …

‘Justice’ se destaca entre os álbuns de Justin Bieber, mas esquece de fazer justiça Leia mais »

Um álbum com a palavra justiça no título e lançado por um jovem, branco, rico, cisgênero e heterosssexual já causa estranheza. Talvez ele esteja usando sua voz para amplificar lutas com pouca visibilidade? Talvez ele tenha sofrido algum tipo de injustiça e agora quer reverter a situação? Isso era o mínimo esperado, mas Justin Bieber nos decepciona e nos entrega seu pop romântico, parecendo se esquecer do título do álbum.

Justice (2021) foi lançado no dia 19 de março e é o sucessor do álbum Changes (2020), que marcou o retorno frustrante de Justin Bieber ao cenário musical. Changes foi uma clara tentativa do cantor de trazer elementos do R&B para suas composições, mas fracassou e não é nem de longe o melhor trabalho de sua carreira.

Talvez pela frustração causada por Changes e pelo título forte do novo álbum, esperávamos algo mais político e até mesmo uma consolidação dentro do R&B. Mas Justin Bieber resolve retornar para sua origem mais pop, apostar no estilo romântico e aprimorar, assim, o que sempre fez.

 

Justin Bieber posa em túnel urbano para ensaio fotográfico do álbum 'Justice', com predominância gráfica de tons de verde e azul
Bieber em ensaio fotográfico realizado para divulgação do novo álbum. [Imagem: Reprodução/Instagram]


Com músicas que falam quase o tempo todo sobre amor e parecem ser uma grande dedicatória à sua esposa Hailey, o álbum de fato apresenta uma característica predominante. As canções não estão soltas e conversam entre si. A grande questão é que, por mais conectado que o álbum seja, ele não entrega o que promete: uma narrativa sobre justiça. 

Sobre essa narrativa, um ponto que chama atenção é a inclusão de discursos de Martin Luther King entre as composições, a começar por 2 much, primeira faixa do disco, que se inicia com a seguinte frase: “A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todos os lugares”. MLK Interlude é a sexta faixa do álbum e também traz uma mensagem sobre propósito e busca por justiça. Mas, dos 45 minutos divididos em 16 canções, esse foi o mais próximo que Bieber conseguiu chegar da ideia proposta pelo disco. O interlúdio se perde em meio ao restante da produção e seu sentido se esvazia. Martin Luther King diz que você precisa encontrar algo precioso em sua vida, algo pelo qual você morreria. Justin Bieber responde na faixa seguinte que morreria por sua amada.

Em termos sonoros, apesar de trazer bem fortemente o pop romântico a que já estava acostumado, com um leve flerte com o R&B, Justin se arrisca e inova ao trazer a cena oitentista para algumas de suas canções, como Die For You. A música traz uma balada dançante e dá início à fase mais animada do álbum.

Repleto de participações especiais, Justice traz consigo a presença de Khalid, Chance the Rapper, The Kid LAROI, Dominic Five, Daniel Caesar, BEAM, Burna Boy e Benny Blanco. As colaborações, que trazem uma mistura muito rica de estilos, transformam as músicas do simples pop em composições verdadeiramente interessantes musicalmente. É o caso de Holy, por exemplo, que mistura os corais gospel com o rap de Chance the Rapper. 

Seguindo a linha de músicas em que a colaboração fez total diferença, a participação de Daniel Caesar e Giveon em Peaches trouxe o R&B moderno que Justin tanto tentou alcançar. A música foi a primeira a ganhar um clipe após o lançamento do álbum e traz um clima leve, que junto de seu refrão contagiante, nos deixa completamente envolvidos.

 

Justin Bieber, Daniel Caesar e Giveon nos bastidores da gravação do clipe Peaches. [Imagem: Reprodução/Instagram]

 

Com músicas produzidas por nomes como Skrillex e Finneas O’Connell —  irmão de Billie Eilish — a produção do álbum é, sem dúvidas, o ponto alto do lançamento. As melodias são todas muito bem construídas e não abrem espaço para críticas. 

A versão Deluxe, intitulada Justice (Triple Chucks Deluxe), foi lançada na última sexta-feira (26). Com 6 faixas inéditas, as músicas seguem o mesmo estilo da versão anterior e apostam fortemente nas parcerias: das 6 novas canções, apenas Lifetime é solo.

Apesar das críticas à falha tentativa de emplacar algum tipo de ativismo, Justice é um dos melhores álbuns já lançados por Justin Bieber. O cantor consegue recuperar o pop que o levou ao sucesso e adaptá-lo a sua nova fase de vida e ao novo cenário musical. O erro de Bieber foi querer falar de justiça sem entender o que de fato isso representa.

*Imagem de capa: Reprodução/Instagram

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