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Mais do que sorte, poker é um jogo da mente

Por Tainah Ramos O poker, anteriormente acusado como “jogo de azar” – portanto, ilegal – passou a ser aceito, sob o olhar de esporte da mente, na década de 2010. Sua origem, no entanto, é nebulosa na história da humanidade. Há algumas teorias que a apontem: no século X, pelos chineses da Dinastia Sung; no século XVI, na …

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Por Tainah Ramos

(Imagem: Samantha Prado/Comunicação Visual – Jornalismo Júnior)

O poker, anteriormente acusado como “jogo de azar” – portanto, ilegal – passou a ser aceito, sob o olhar de esporte da mente, na década de 2010. Sua origem, no entanto, é nebulosa na história da humanidade. Há algumas teorias que a apontem: no século X, pelos chineses da Dinastia Sung; no século XVI, na Pérsia, com o jogo conhecido como “As-Nas”. Na França do século XVII, o jogo em questão era o poque (ou poche), o qual é apontado como a versão mais próxima da contemporânea.

Entre os séculos XVIII e XIX, nos Estados Unidos, a atração tomou novos contornos e se associou aos cassinos e ao Velho Oeste do país. Atualmente, a modalidade do poker mais jogada no mundo, a Texas Hold’em, revela tal referência. Mais do que sorte, esse esporte requer dos jogadores concentração, percepção e controle de emoções. Sendo assim, foi legalizado e se tornou cativante nos EUA e no mundo, em especial, no Brasil.

 

O que, de fato, torna o poker atraente?

A atração desse jogo está em seu caráter duplo. Ao mesmo tempo que o poker é simples, é também desafiador. Para o comentarista da ESPN, Sérgio Prado, é um esporte que mescla inclusão e aprendizagem. “O poker atraiu um público enorme nos últimos anos por ser extremamente inclusivo e ter um lado social muito forte, pois é fácil aprender suas regras básicas. E, por outro lado, ele desafia demais seus praticantes, os quais devem estudar e se dedicar bastante para competirem com eficiência nos níveis mais altos”, afirmou.

Acessibilidade é uma arma poderosa para sua popularização. Qualquer pessoa pode jogar poker e participar dos campeonatos, presencialmente ou online. Não é em vão que, segundo a Associação Brasileira de Desenvolvedores de Games (Abragames), cerca de quatro milhões de pessoas jogam poker na internet na década atual. O número nem sequer ultrapassava 100 mil pessoas no ano de 2006.

Sua expansão no Brasil pode ser vista a partir da existência de diversos espaços para sua prática, como bares temáticos, com noites de campeonatos e cursos para ensinamento e aprimoramento de habilidades. Ademais, o campeonato nacional, o Brazilian Series Of Poker (BSOP), tem ganhado cada vez mais adeptos. O BSOP Millions de 2015 foi o maior torneio de poker do mundo fora de Las Vegas.

O grande evento do poker nacional, o BSOP Millions (Imagem: Reprodução/PokerStars)

Essa surpreendente propagação se deve à conciliação de interesses dos jogadores profissionais e amadores. “Grandes campeonatos, como o BSOP, ajudam a desenvolver o nível dos profissionais brasileiros e a preparar jogadores para as maiores disputas internacionais”, explicou Sérgio. Além disso, propõe-se uma experiência incrível para aqueles que não buscam profissionalização e têm o poker apenas como hobby. “[Os grandes campeonatos] também são uma oportunidade para jogadores recreativos, pois os torneios do BSOP são abertos e dão a chance disputarem junto com grandes nomes do esporte. É fantástico poder jogar, aprender e trocar experiências com seus ídolos nas mesas”, completou.

 

O jogo e suas “mãos”

(Imagem: Reprodução)

O primeiro passo para saber como jogar é conhecer os elementos do jogo: o baralho, o botão e as fichas. No poker, utiliza-se o baralho francês de 52 cartas, composto por quatro naipes diferentes – paus, espadas, ouros e copas – de mesmo valor, cada um com 13 cartas diferentes (2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, J, Q, K e A).

O botão pertence ao dealer, aquele que tem a função de embaralhar e distribuir as cartas aos jogadores. Em tese, o dealer é um profissional específico, ele não joga e não se envolve nas apostas. No entanto, em jogos caseiros ou com poucos jogadores, é possível que o indivíduo responsável pelo botão também jogue ou que esse botão seja revezado entre os participantes em sentido horário após cada partida.

Já as fichas representam o valor das apostas, cada cor se refere a um preço. A correspondência entre cores e valores é determinada pela casa de jogos em questão. O intuito dessas fichas é facilitar a movimentação monetária das apostas durante o jogo.

É importante salientar, também, que compreender a hierarquia das combinações de cartas é essencial. Deve-se casar cinco cartas, entre as individuais e comunitárias. As “mãos” do jogo, como são conhecidas essas combinações, possuem graus de força. São elas (da mais forte para a mais fraca): Royal Straight Flush, Straight Flush, Quadra, Full House, Flush, Sequência, Trinca, Dois Pares, Par e Carta Alta.

As forças das mãos do poker, da mais forte para a mais fraca (Imagem: Reprodução/PokerStars)
  • Carta Alta: nenhuma das opções abaixo, nada combina. Desse modo, vence aquele que tem as cartas com maiores valores;
  • Par: combinar duas cartas de mesmo valor;
  • Dois Pares: duas cartas de mesmo valor com outras duas cartas de mesmo valor;
  • Trinca: três cartas de mesmo valor;
  • Sequência: cinco cartas em ordem (não necessariamente de mesmo naipe);
  • Flush: cinco cartas de mesmo naipe;
  • Full House: associação de uma trinca com um par;
  • Quadra: quatro cartas de mesmo valor. Se houver um empate de quadras, a quinta carta (kicker) tem função de desempatar, sendo o vencedor aquele que possuir o kicker de mais alto;
  • Straight Flush: sequência de cinco cartas em ordem com o mesmo naipe;
  • Royal Straight Flush: é a mão mais forte do poker, sendo uma sequência que vai do 10 ao A com o mesmo naipe.

Ao começar uma rodada, iniciam-se as apostas forçadas, aquelas feitas antes das cartas serem distribuídas. O jogador à esquerda do dealer é responsável pelo small blind, a primeira aposta forçada da mesa. Seguindo em sentido horário, o próximo a jogar deve fazer o big blind, a segunda aposta forçada, a qual corresponde ao dobro da primeira.

Feitas as apostas “às cegas”, as cartas são distribuídas, sendo duas para cada jogador. Ao olhar as cartas, os participantes têm a opção de pagar a aposta (call), aumentar a quantidade de fichas apostadas ou simplesmente desistir do jogo (fold). No primeiro caso, o jogador apenas repete o maior valor colocado na mesa até o momento, a fim de continuar na partida. Já na segunda situação, o membro da disputa aumenta a quantia apostada, acrescentando, no mínimo, o equivalente a uma vez o big blind. Essas apostas se unem ao small e big blind no centro da mesa para formarem o pot, o prêmio do vencedor ao final do jogo.

Após a formação do pot, são colocadas três cartas comunitárias, chamadas de flop. Inaugura-se uma nova rodada de apostas, no entanto os jogadores ganham uma nova opção, além das três já citadas. Agora, existe a possibilidade de dar mesa (passar a vez/dar check), é necessário sinalizar essa jogada: batendo a mão na mesa duas vezes. Dar check significa que o participante não irá apostar, mas seguirá na partida.

Com a ação de todos os presentes, adiciona-se o turn, a penúltima carta em comum. Repete-se o processo de apostas. A quinta e última carta comunitária é colocada, o river. Os esportistas têm a possibilidade de desistir sem mostrar suas cartas ou continuar apostando. No último caso, se todos pagarem, é necessário exibir as cartas para determinar o vencedor.

O famoso “blefe” é uma maneira de jogar na qual o apostador acredita que suas cartas são inferiores às dos adversários, mas insiste em aumentar as apostas para pressionar os oponentes a desistirem de suas mãos e não haver necessidade de expor sua mão.

 

Esporte da mente, um futuro olímpico

Após sua ascensão como esporte da mente, o poker tem potencial para, futuramente, se tornar um esporte olímpico. O sucesso desse esporte transcende a mesa e ganha traços cotidianos, pois “já está atraindo grandes marcas e sedimentando seu espaço nas grades de canais esportivos como ESPN e BandSports”, disse Sérgio Prado.

Além disso, o comentarista ressaltou que a competitividade e o empenho por bons resultados são a chave para o jogo alcançar as Olímpiadas. “Em qualquer modalidade, os atletas buscam superar seus limites e competir contra os melhores. Em um esporte mental, como o poker, esses também são os grandes objetivos. Existem várias possibilidades e formatos que podem ser aplicados para o poker ter muito sucesso e se transformar em uma competição olímpica atrativa e disputada”, complementou.

Essa é a tendência para os próximos anos de que o poker, um esporte mental, de concentração e habilidade, volte-se para atender aos critérios do Comitê Olímpico Internacional (COI). Ao cumprir todas as obrigações necessárias e também a popularidade requerida, enfim, o poker será um esporte olímpico.

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