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O apito inicial do meu amor por esporte

Esporte é coisa de imbecil. Ao menos era isso que eu pensava nos meus primeiros 12 ou 13 anos de vida. Chutei algumas bolas aqui e ali, tentava, e não conseguia, participar ativamente das aulas de educação física, mas meu negócio naquela época não era muito se mexer. Gostava mais de hobbys que cansassem menos, …

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Esporte é coisa de imbecil. Ao menos era isso que eu pensava nos meus primeiros 12 ou 13 anos de vida. Chutei algumas bolas aqui e ali, tentava, e não conseguia, participar ativamente das aulas de educação física, mas meu negócio naquela época não era muito se mexer. Gostava mais de hobbys que cansassem menos, por isso assistia muitos animes, lia muitos gibis, passava horas no YouTube e jogava muito, mas muito, videogame. 

Colecionar figurinhas é bem mais legal que qualquer esporte. Desde criança, colecionei muito. Brinquedos, cartas, figurinhas, gibis: tudo que era possível colecionar, eu colecionava, para depois exibir tudo juntinho. Então, em 2014, por um tempo evitei, fugi e me afastei o máximo possível, mas eventualmente ele chegou em minhas mãos. O álbum da Copa, em toda glória da nova moda do capa dura, entrou na minha vida e a mudou de um jeito que eu não esperava.

Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito. E, no meu caso, na carteira à minha esquerda também. Lá ficava Alexandre, um dos grandes amigos de toda minha vida, perto do Luigi, mais uma pessoa de absoluta importância na minha vida. Os dois, além de serem os irmãos que nunca tive, também eram viciados no “esporte maravilhoso”, e eu sempre era o deslocado na hora que o assunto surgia. Naturalmente, quando chegou a época da Copa, os comentários foram aumentando…e comecei a pensar que futebol tinha até seu lado interessante (mas não muito).

Dinheiro então é coisa para se guardar no bolso, e nunca gostei de pedir muitas coisas para meus pais. Porém, no meio da corrida para completar o álbum, Alexandre me apresentou as cartas colecionáveis que estavam sendo lançadas. Elas eram muito bonitas, muito bem feitas e ainda configuravam um jogo! Não tinha jeito, eu tinha que ter essas cartas, elas eram inclusive muito mais legais de colecionar.

Youtube sim é algo de gente bem ocupada, tentava me iludir. E, como era natural com qualquer hobby meu, levei esses cards para o Youtube, e lá descobri o canal Football Cards and Stickers. O dono do canal era sempre muito animado quando falava de futebol, e sempre fazia comentários quando enxergava determinado jogador. “Esse daqui foi uma ótima transferência na última janela”. “Esse daqui vem jogando muito bem”. “E aquele gol desse cara aqui? Nossa eu me emociono demais”.

Vídeos de melhores momentos até que são divertidos. E assistir certos vídeos foi meio que consequência natural de tanto ouvir do escorregão do Steven Gerrard, ou do gol do Aguero contra o Queens Park Rangers que deu o título ao City. Aí eu via momento marcante aqui, momento emocionante ali, e comecei a desenvolver certo afeto pelo esporte. Já comecei a pesquisar por mim mesmo jogadas de alguém que tinha aprendido que jogava bem. Em um mês, todo meu feed de recomendação já era sobre futebol. Até que um certo vídeo me marcou mais que outros. 

Propaganda é para seduzir mesmo. Me lembro muito bem de quando eu vi esse comercial pela primeira vez. Vários jogadores de grande renome, alguns que eu já reconhecia por rosto, apareciam naquela partida ficcional que o vídeo narrava. Lá, pela primeira vez, vi Zlatan Ibrahimovic, que já entrava fazendo um chapéu ou algo assim. Juntei isso com alguns comentários do meu novo canal favorito e fui ver mais vídeos dele. Depois de uns dois ou três, conversei um pouco com meu pai sobre ele, e decidi que o então jogador do PSG era meu jogador favorito no futebol.

Zlatan é o melhor da história (segundo ele mesmo). E comecei a torcer muito pelo Ibra, e,por consequência, decidi me tornar torcedor do PSG, além do meu já amado Corinthians, decisão que me assombraria pelos próximos anos devido às constantes decepções. Ali já era inegável: eu gostava de futebol. Uma frase que em 13 anos de vida eu nunca achei que diria, agora era simplesmente uma verdade consolidada. Então, naquele ano, comecei a acompanhar jogos dos meus dois times.

Torcer também é sofrer. Então, a partir do segundo semestre de 2014, comecei a acompanhar com o desempenho dos meus times. O Corinthians até ia bem, sendo que ganharia o Brasileiro no ano seguinte, o que seria um bom começo para minha vida de torcedor. Enquanto isso, o PSG, como se tornaria rotina para mim, destruía o francês, mas nada me prepararia para seu desempenho em nível continental. Por estudar de tarde, nunca estava em casa a tempo de ver os jogos da Champions, só via o resultado após o término quando chegava em casa. Até que um dia, um inesquecível dia, isso mudou.

O PSG enfrentaria o Chelsea nas oitavas de finais, foi meu primeiro mata-mata como torcedor, então estava bem nervoso. O primeiro jogo, que naturalmente não vi, foi 1 a 1 na França. Mas o segundo foi inesquecível. Foi mais cedo que o normal, creio eu, porque sabia que iria acabar conforme chegasse em casa. Eu, dentro da van da escola que me levava para casa, me mordia de ansiedade para saber se meu time passaria. Até que, um quarteirão antes de casa, o farol fechou, e a van parou na frente de uma pastelaria que tinha uma televisão passando o jogo. Com todo o esforço dos meus olhos míopes, vi que, no final do jogo, o placar era de 2 a 1 para os ingleses. Logo depois, vi ali, no escuro, de longe, o escanteio subir, e Thiago Silva, o capitão, cabecear para o gol. Vibrei como se não houvesse amanhã para bastante estranhamento dos monitores da van. 

Memórias são o que motivam a vida. E foi essa a minha primeira memória real com futebol, o que acendeu com tudo o fogo do amor pelos esportes, fogo esse que jamais seria apagado. A emoção que senti ali, felicidade da mais pura, é única. Raras vezes na minha vida tive uma explosão tão grande de alegria que me fizesse pular e gritar com tudo que a minha juventude permitia, e por isso percebi que minha vida não poderia continuar sem a presença constante desses momentos.

É…talvez esportes não fosse coisa de imbecil.

1 comentário em “O apito inicial do meu amor por esporte”

  1. HELIO WALTER CIOTTI JR

    GRANDE VINI,SENSACIONAL,VOLTEI AOS TEMPOS DE CRIANÇA QUANDO TAMBEM COMECEI A TORCER POR FUTEBOL E PELO MEU PALMEIRAS. TEXTO LINDO E QUE NOS LEVA A TEMPOS VIVIDOS E JAMAIS ESQUECIDOS.

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