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Que Comam Brioches: o público como atração principal

Crítica à elite brasileira, "Que Comam Brioches" faz refletir ao mesmo tempo em que surpreende o espectador com toques de humor. Saiba mais neste texto do Sala33:

Que Comam Brioches é uma produção teatral produzida, em sua maioria, por alunos do departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA – USP), e traz uma proposta diferente do usual. A peça, que acontece no Espaço Elevador durante os finais de semana de junho, é construída a partir da interação com o público, sendo este essencial para muitos acontecimentos durante o espetáculo. Isso faz com que haja diferença entre as apresentações, pois, por mais que o elenco seja o mesmo, o público e sua forma de interagir com a produção será sempre diversificada. Assim, a peça representa um desafio para o elenco, mas os atores conseguem lidar bem com os imprevistos.

Para explicar melhor essa interação, é essencial entender sobre o que se trata a obra. Vamos ao título. Assim como mostrado no trailer, o nome faz referência à célebre frase dita por Maria Antonieta ao ver pela primeira vez a miséria na França. A rainha disse “se não têm pão, que comam brioches”, se referindo aos pobres. A peça levanta a reflexão se ela realmente tinha certa intenção de maldade, ou quais vivências a levaram a fazer a citação. Por meio desse ponto de partida, inicia-se o enredo da obra, na qual o público interpreta o papel de um grupo de repórteres que visitam a casa de uma família abastada, intelectualizada e cheia de conquistas financeiras e profissionais. Os jornalistas são convidados a conhecer a residência e, em certos momentos, podem até entrevistar alguns membros da família.

Muitas críticas são lançadas quando se entende o perfil de cada uma das personagens, características da elite brasileira. É representada uma linhagem familiar composta por banqueiros, jornalistas, advogados, todos bem sucedidos e privilegiados. Sendo assim, questões como meritocracia e alienação política vêm à tona, ainda mais quando se percebem expoentes de personalidades tão presentes no Brasil atual.

[Imagem: Paola Papini]
Também vale destacar o ar cômico presente na performance. O humor sarcástico e irônico dos atores principais, Bella Rodrigues e Thiago Ribeiro, tornam as críticas ainda mais bem desenvolvidas e permitem que o público (ou melhor, os repórteres) se sintam bem-vindos. Thiago e Bella interpretam variados personagens durante a obra, o que faz com que seja até difícil identificar os protagonistas e caracteriza outro diferencial da apresentação. A peça é dirigida por Paulo Vicente Hipólito, e a assistência de direção é por parte de Mayara Yaginuma.

O pequeno cenário foi preenchido por objetos domésticos comuns quando se pensa em uma residência da elite brasileira. São eles: quadros de pintura advindo de outro país, esculturas e obras artísticas abstratas. Ademais, a presença de mordomos, que são servos à mercê das personagens, corrobora esse clima de uma suposta mansão ou grande residência.

Tanto o cenário como o figurino são diversificados e sofrem mudanças ao longo da apresentação. As roupas também têm um forte papel visual, pois demonstram o que está acontecendo no espetáculo e o que se quer mostrar com cada cena. Há desde os momentos mais formais, com o uso de ternos e gravatas, até os mais descontraídos, com roupas cômicas e festivas.

Thiago Ribeiro e Bella Rodrigues [Imagem: Divulgação]
Muitas tramas são desenvolvidas durante a performance, trazendo referências às raízes da elite brasileira – os imigrantes europeus. Por meio disso, percebe-se o desenvolvimento da sociedade brasileira ao longo da linhagem familiar citada e de seus costumes ao longo dos anos, o que deixa claro que as críticas – por mais históricas que sejam – são presentes na contemporaneidade.

A produção termina com a menção da inspiração para a obra: a rainha da França. Mas, neste momento, outra questão pode ser levantada. No início da apresentação, uma pergunta é feita ao público (ou repórteres): “como vocês representariam a Maria Antonieta hoje em dia?”. Ao final da peça, é provável que a plateia tire suas conclusões. A partir delas, podemos refletir se não conhecemos ou, até, se não somos mais uma Maria Antonieta.

Que Comam Brioches é uma produção bastante complexa, cheia de referências, críticas e, principalmente, qualidade – tanto dos atores, como da equipe no geral. É uma experiência capaz de provocar diversas reflexões, e ainda garantir uns momentos de risadas, sendo muito aclamada – e com razão – pelo público ao seu término.

 

Que Comam Brioches

Ficha técnica

Direção: Paulo Vicente Hipólito

Assistência de Direção: Mayara Yaginuma

Dramaturgia: Diogo Monteiro

Elenco: Bella Rodrigues e Thiago Ribeiro

Cenografia: Franco Cammilleri

Iluminação: Ana Alencar

Local: Espaço Elevador (R. Treze de Maio)

Datas das apresentações: Todos os sábados e domingos de junho (exceto nos dias 22 e 23, em razão do feriado)

Sábado às 20h

Domingo às 18h

Valor dos ingressos:

Solidário – $40

Inteira – $30

Meia – $15

Início das vendas uma hora antes do espetáculo ou antecipado direto com o elenco.

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