Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Netflix: ‘Rosa e Momo’ – A sobrevivência através do afeto

Rompendo um longo período fora das telas, aos 86 anos, Sophia Loren é uma força da natureza. A estrela italiana é uma das maiores atrizes do cinema, tendo se consagrado em filmes como Um Dia Muito Especial (Una Giornata Particolare, 1977) e Duas Mulheres (La Ciociara, 1960), que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz …

Netflix: ‘Rosa e Momo’ – A sobrevivência através do afeto Leia mais »

Rompendo um longo período fora das telas, aos 86 anos, Sophia Loren é uma força da natureza. A estrela italiana é uma das maiores atrizes do cinema, tendo se consagrado em filmes como Um Dia Muito Especial (Una Giornata Particolare, 1977) e Duas Mulheres (La Ciociara, 1960), que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz em 1962. 

Com direção de Edoardo Ponti (filho de Loren) e sob o título de Rosa e Momo (La vita davanti a sé, 2020), a produção italiana recém-chegada à Netflix é uma adaptação do romance de Romain Gray, A Vida Pela Frente (La vie devant soi, 1975) que havia sido adaptado para as telas em 1977 sob mesmo nome e que trouxe à França o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1978. Mesmo sob adaptações, o diretor revela seu desejo de manter a tradição de premiações pela trama enquanto conduz o filme mirando no Oscar de 2021.

Diferente da versão original, o longa não se passa na França, mas se ambienta pelas ruelas pobres e estreitas de Bari, uma cidade portuária no sul mediterrâneo da Itália, palco dos contrastes entre a população idosa local e a juventude imigrante. 

A trama conta a história de Rosa (Loren), uma aposentada da prostituição, judia e sobrevivente do Holocausto que abriga crianças filhas de outras prostitutas, buscando ensiná-las a enxergar a vida com melhores panoramas. Momo (Ibrahima Gueye) é uma dessas crianças. Imigrante senegalês, muçulmano, órfão de mãe e adotado por um médico sem tempo de olhá-lo, o menino passa os dias tentando ganhar dinheiro e é assim que conhece madame Rosa: tentando assaltá-la. 

 

Sophia Loren como madame Rosa, tendo de assumir o desafio de cuidar do conflituoso Momo. Na imagem, Rosa segura Momo e o guia pela rua. [Imagem: Divulgação/Netflix]
Sophia Loren como madame Rosa, tendo de assumir o desafio de cuidar do conflituoso Momo. [Imagem: Divulgação/Netflix]

Como pedido do médico para que Rosa o reeduque, Momo entrelaça sua rebeldia à sensibilidade de Rosa, resultando no sentimento de família que os dois partilham um pelo outro. Infelizmente, não demora muito para que os dois lados da corda comecem a se fragilizar: o menino abandona suas teimosias e a idosa demonstra sinais de esquecimento e confusão ao misturar memórias da guerra com o presente. 

 A carreira de 70 anos no cinema deram a Loren as técnicas e a naturalidade invejável para atuar enquanto torna visível o íntimo dos personagens que interpreta. Com madame Rosa não seria diferente. Os dois atores principais transparecem com primor a felicidade e agonia que é finalmente ter alguém que o entenda e ter de vê-lo se esvaindo pouco a pouco. O espectador se emociona com todos os elementos do longa, algo também visto no drama A Despedida (The Farewell, 2019), que conta com sensibilidade a dor de uma família despedindo-se de sua matriarca. 

A produção é cuidadosa, percorre com beleza os rostos dos atores, incrementa sua trilha sonora com a belíssima voz de Laura Pausini e o samba rasgado de Elza Soares, convidando os espectadores a dançar junto. Mas pode cometer alguns deslizes ao forçar copiosa e emocionalmente a impressão daquele que o assiste. A intenção é envolver, porém pode agradar muito mais aqueles que preferem o cinema tradicional e compassado em início e fim, não contando com grandes inovações e ousadias na trama. 

 

Cena contagiante em que madame Rosa e Lola (Abril Zamora) dançam Malandro, samba de Jorge Aragão na voz de Elza Soares. [Imagem: Divulgação/Netflix]
Cena contagiante em que madame Rosa e Lola (Abril Zamora) dançam Malandro, samba de Jorge Aragão na voz de Elza Soares. [Imagem: Divulgação/Netflix]

O capricho do filme está na construção da rede de apoio entre mulheres (cis e trans), crianças e imigrantes carentes. Cotidianamente marginalizados pela sociedade europeia e conservadora em que estão incluídos; ao se conectarem, subvertem o preconceito e descobrem o afeto coletivo como agente transformador de suas próprias vidas. Além disso, as mudanças dos personagens principais arrancam sorrisos, frutos da brilhante atuação do estreante Ibrahima Gueye e de uma Sophia Loren que exibe com delicadeza a beleza de envelhecer. 

O longa já está disponível para todos os assinantes da Netflix. Confira o trailer:


*Imagem de capa: Divulgação/Netflix]

1 comentário em “Netflix: ‘Rosa e Momo’ – A sobrevivência através do afeto”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima